O Brasil no Conselho de Segurança
Da guerra à integração
Altos e baixos da diplomacia em quase dois séculos de história
7 de setembro de 1822
Dom Pedro I proclama a independência do Brasil e paga 2 milhões de libras a Portugal
Depois da independência, dom Pedro I tinha uma linha: obter o reconhecimento do novo império diante da Europa. A intenção era até correta, mas o método foi um desastre: a diplomacia imperial saiu leiloando a independência nas cortes europeias, iniciando a dívida externa para pagar pelo reconhecimento. No século XIX, uma das principais questões diplomáticas brasileiras foi um longo conflito com a Inglaterra. Interessado em controlar o tráfego comercial do Atlântico, o império britânico quase pôs a pique a Marinha brasileira, que promovia o tráfico negreiro.
4 de setembro de 1850
Depois de três décadas de conflito com a Inglaterra, o Brasil decreta o fim do tráfico de escravos
13 de dezembro de 1864
Começa a Guerra do Paraguai, que acabará seis anos depois, com 250 000 mortes e o Paraguai destroçado
17 de novembro de 1903
O Barão de Rio Branco assina com a Bolívia o tratado de anexação do Acre
Ninguém marcou tanto a diplomacia do país como José Maria da Silva Paranhos, o barão de Rio Branco, que no início da República ficou dez anos no cargo atravessando quatro governos. Seu busto, sua imagem, suas memórias e medalhas estão todos no Itamaraty, onde recebe uma deferência só comparável à que o Exército devota a Caxias. No gabinete de Lampreia está a mesa em que o barão assinou com a Bolívia a anexação do Acre, em 1903.
Rio Branco tinha uma política externa. Em sua concepção, “Terra é poder” – e o fundamental, para o país, era demarcar fronteiras. Na ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas entendia que a chave do interesse nacional estava na industrialização e, mesmo emparedado pelo jogo pesado das potências da época, conseguiu pôr em prática uma política externa que mudou o país, ora privilegiando os Estados Unidos, ora acenando em direção a Berlim. Assim, fez o governo americano desembolsar o dinheiro para a construção da siderúrgica de Volta Redonda, alavanca da industrialização.

José da Silva Paranhos Júnior ficou conhecido como o Barão do Rio Branco, foi um dos maiores diplomatas da história brasileira (Foto: Reprodução)
26 de outubro de 1917
O Brasil declara guerra à Alemanha e torna-se o único país sul-americano a participar da I Guerra Mundial
10 de junho de 1926
Depois de tentar uma cadeira permanente no Conselho da Liga das Nações, o Brasil sai derrotado e abandona a entidade
A diplomacia brasileira protagonizou um desastre inesquecível, quando alimentava ambição na década de 20. Disposição do governo em exibir certa capacidade militar – um dos requisitos para entrar no conselho. Depois da I Guerra Mundial, o presidente Artur Bernardes (1875-1955) colocou na cabeça que queria colocar o país na condição de membro permanente do Conselho da Liga das Nações, a ONU da época. Armou uma quizumba internacional, defendeu a candidatura brasileira com argumentos delirantes e chegou a vetar o ingresso da Alemanha na entidade. Acabou sem a cadeira e, desmoralizado, abandonou a entidade três meses depois.
2 de julho de 1944
A Força Expedicionária Brasileira embarca para a Europa para participar da II Guerra Mundial
20 de outubro de 1947
O Brasil rompe relações com a URSS
13 de março de 1961
John Kennedy lança a Aliança para o Progresso
31 de janeiro de 1962
Cuba é expulsa da OEA. O Brasil se abstêm.
Maio-Agosto de 1965
Castello Branco envia tropas para apoiar o golpe militar na República Dominicana
15 de agosto de 1974
No governo de Ernesto Geisel, o Brasil reconhece a China popular
O governo que foi capaz de definir uma política externa de modo claro, e empenhar-se por ela, foi o de Ernesto Geisel. O Brasil tinha um projeto de desenvolvimento e a política externa foi colocada a seu serviço. Convencidos de que o país pouco tinha a ganhar mantendo-se sob uma forte influência dos Estados Unidos, Geisel e seu chanceler, Azeredo da Silveira (1917-1990), com a ajuda do embaixador Ítalo Zappa (1926-1997) definiram a “política universalista”, por meio da qual o Brasil se abria para o mundo e desconsiderava fronteiras da Guerra Fria.
O Brasil tornou-se o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, reconheceu a China Popular quase três décadas depois da revolução de 1949 – foi um dos últimos da América Latina a fazer isso -, assinou o acordo nuclear com a Alemanha, que chegou a ser o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil. Geisel também visitou o Japão, inaugurando uma fase de laços comerciais mais amplos que, nos quinze anos seguintes, renderiam ao país vendas de 10 bilhões de dólares.
27 de junho de 1975
Alemanha e Brasil assinam o acordo nuclear
10 de novembro de 1975
O Brasil é o primeiro país a reconhecer a independência de Angola
14 de junho de 1986
O Brasil reata relações com Cuba
26 de setembro de 1994
O chanceler Celso Amorim informa que o Brasil é candidato a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU
1° de janeiro de 1995
Começa o Mercosul, que reúne o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai
Primeiro ex-chanceler na História a assumir a Presidência da República, Fernando Henrique faz boa figura entre os líderes mundiais, onde o Palácio do Planalto mostrou que o eleitorado aplaude as viagens presidenciais.
(Fonte: Veja, 13 de março de 1996 – ANO 29 – Nº 11 – Edição 1435 – GOVERNO/ Por André Petry – Pág: 36/39)