Considerado mestre do barroco francês, tornou-se súdito francês em 1661
Jean Baptiste Lully (Florença, a 28 de novembro de 1632 – Paris, 22 de março de 1687), compositor e maestro francês. Casou-se com Madeleine Lambert, filha do compositor Michel Lambert.
Compositor e violinista italiano, mais tarde naturalizado francês, Giovanni Battista Lulli nasceu em Florença, a 28 de novembro de 1632, filho de um pobre moleiro, aprendeu a tocar violino sozinho, depois de ter apreendido os primeiros rudimentos musicais com um padre franciscano.
Aos 14 anos de idade foi levado para Paris, contratado por Roger de Loraine, Duque do Guise, para ensinar italiano à sua sobrinha, a Mademoiselle de Montpensier, filha do Duque de Orleães e prima de Luís XIV. Demonstrando grande talento para a música, foi nomeado pajem de música e, em 1652, integrou a orquestra da casa real, tornando-se então num dos seus melhores violinistas. Pouco depois, foi designado compositor de música instrumental do palácio dirigindo Les Vingt-Quatre Violons du Roi. Graças à amizade que tinha com o rei, aproveitou para ascender na carreira e, em 1661, para além de ter adquirido nacionalidade francesa, tornou-se superintendente de música e, um ano depois, mestre de música da família real. Recebeu um alvará para fundar a Academie Royale de Musique (Academia Real de Música e de Poesia, 1672) que, posteriormente, viria a ser a Grand Opera (Ópera de Paris), e organizou as arcadas dos instrumentos de corda orientadas numa mesma direção.
Foi o grande impulsionador da ópera francesa ao introduzir a ouverture française, dividindo-a em três partes: a primeira caracterizada pela sua forma lenta e grave, com ritmo bem marcado; a segunda, pelo tempo vivo, em forma de fuga; e a terceira, pelo desfecho lento que retoma, de forma mais breve, o carácter grave inicial. A “abertura à francesa” distingue-se, pela natureza dos tempos encadeados, da “abertura à italiana”, desenvolvida por Alexandro Scarlatti, e que apresenta um ritmo rápido, depois, lento e, finalmente, rápido. Para além disso, Jean-Baptiste Lully não só adaptou o recitativo italiano aos ritmos da língua e da versificação francesa, como também diminuiu os prolongamentos silábicos e as repetições de palavras e frases neste tipo de declamação musical.
Na corte de Luís XIV, o ballet ganhou uma nova dinâmica, pois Lully desenvolveu a importância da cena na ópera, levando as bailarinas para o palco. Introduziu o minueto, modificando o estilo das danças na ópera francesa e aumentando o papel da orquestra para o acompanhamento do ballet e execução da abertura francesa. Estava criado o gênero comédia-ballet, com números dramáticos e dançantes para apresentar na corte. Uma das peças que mais se destacou dentro deste gênero foi Le Bourgeois Gentilhomme (O Burguês Fidalgo, 1670), do dramaturgo Moliére, com quem Lully privou – dupla que ficaria conhecida por “Les Deux Baptistes”. Destacam-se ainda dentro deste gênero as obras Les Fâcheux (1661), Le Mariage Forcé (1664), L’Amour Médecin (1665), La Pastorale Comique (1667), Georges Dandin (1668) e Monsieur de Pourceaugnac (1669).
Outra das inovações do compositor, desta vez com a colaboração do poeta Philippe Quinault, foi a forma tragédia lírica ou tragédia em música, isto é, a junção dos bailados da corte com as tragédias clássicas de Corneille e de Racine e que tinha por finalidade a exaltação do rei de França.
Lully foi por muitos considerado o criador da batuta, ou melhor, o primeiro a usar uma batuta para dirigir uma orquestra. Jean-Baptiste Lully era coxo, usando bengala e, certa vez, enquanto ensaiava uma orquestra, começou a bater com a bengala no chão de forma a marcar o ritmo. Num dos ensaios, acabou por bater violentamente com a bengala no pé e a inflamação, que se gerou posteriormente, acabou por ser a causa da sua morte, em março de 1687.
O compositor deixou no seu reportório musical: 32 bailados de corte; 11 comédies-ballet; 14 tragédias líricas, das quais se destacam Psyché (1671), Amadis (1684), Roland (1685) e Acis et Galatée (1686); grandes motetes, num estilo mais pomposo destinado a cerimónias reais como Miserere (1664), Te Deum (1677) e Dies Irae (1683); pequenos motetes, de carácter mais íntimo e genuíno, como Regina Coeli, Ave Coeli, Domine Salvum Regem.
Jean Lilly morreu em março de 1687, em Paris, de gangrena por ter batido com a bengala no próprio pé, causando um ferimento que infeccionou.
(Fonte: Revista Caras, 25 de março de 2016 – Ano 23 – N° 13 – Edição 1168 – ETIMOLOGIA/ Por Deonísio da Silva – Pág: 37)
(Fonte: https://www.infopedia.pt)
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