“A experiência do consumidor com o mundo da comunicação acelerada digital não tem volta.” MARCELO TAS, jornalista e apresentador

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A experiência do consumidor com o mundo da comunicação acelerada digital não tem volta.”

MARCELO TAS, jornalista e apresentador

Com uma carreira que vai além do jornalismo, o apresentador Marcelo Tas compartilha suas experiências sobre as transformações do consumidor

O JORNALISTA MARCELO TAS (FOTO: Ernesto Varela-2016 / ACERVO PESSOAL)

 

O jornalista Marcelo Tas, que atualmente é um dos integrantes do programa Papo de Segunda, do GNT, tem uma carreira que vai muito além do jornalismo. O apresentador, formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP e em Jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da mesma universidade, tem sua história intimamente ligada à educação e é também empreendedor.

 

Com mais de 9 milhões de seguidores no Twitter e mais de 3 milhões no Facebook, Tas acompanha há 30 anos as transformações do mundo da comunicação e do consumidor. Colaborou para a criação de importantes projetos da televisão brasileira como o Telecurso, da Fundação Roberto Marinho, o Rá-Tim-Bum, programa infantil da TV Cultura e também para a implantação do CQC no Brasil, produzido pela Eyeworks e exibido no país pela Band.

 

Em seu mais novo projeto, o canal no YouTube Descomplicado, que ajuda a traduzir assuntos complexos, Marcelo Tas explora três áreas que ele considera o tripé da sua carreira: a educação, a tecnologia e o humor. Os vídeos são produzido em seu estúdio de criação o Supernormal, em parceria com instituições de ensino como a Udacity, universidade de excelência em tecnologia do Vale do Silício.

 

 

O JORNALISTA MARCELO TAS (FOTO: JORGE BISPO)

 

 

Em entrevista à Época NEGÓCIOS, o jornalista falou sobre suas contribuições para importantes momentos da comunicação brasileira, seus projetos no mundo do empreendedorismo e sobre as transformações do consumidor com o passar dos anos.

 

Como a sua carreira está ligada ao empreendedorismo?
Vou te falar um dado que é muito chocante e tenho até medo de falar isso. Eu nunca tive carteira assinada. Sou um cara de 57 anos, que trabalha há 34 anos e nunca teve carteira assinada. Eu sempre trabalhei por projetos, a minha vida inteira. Então é uma coisa bem curiosa, desde o início eu fui impelido a ser empreendedor. Eu tive que abrir uma empresa, me juntar com uma turma que estava querendo produzir programas de televisão. Tínhamos que fazer toda parte administrativa do negócio e a engenharia me ajudou muito nisso, tenho até hoje meus caderninhos com uma espécie de Excel à lenha, com os gastos e quanto tínhamos de dinheiro para os projetos.

 

E qual foi o seu primeiro empreendimento?
O meu primeiro empreendimento foi a Fundação do Olhar Eletrônico, que eu participei não como sócio, mas como fundador em parceria com o Fernando Meirelles. Eu nunca tive ambições de ser líder de uma empresa, mas posso colaborar bastante e já fiz isso várias vezes. Recentemente, tive uma empresa de design chamada Donaranha, que foi uma experiência bastante rica, feita com um sócio que depois se mudou para a Suécia e, então, resolvemos dar como finalizada a nossa missão de desenhar plataformas. Agora, estou em um momento de criação para o meu canal no YouTube, o Descomplicado, com minha empresa de criação Supernormal, que já tenho há trinta anos. Foi a única empresa que eu mantive ao longo de toda essa trajetória. Hoje tenho a capacidade de entender melhor o que eu faço. Existe um tripé que sustenta minhas atividade que é composto por educação, tecnologia e humor, eu sei misturar essas três coisas. Se você olhar isso eles estão presentes no CQC, no Telecurso, no Descomplicado, no Rá-Tim-Bum.

 

Qual é a sua relação na criação de programas de televisão como Telecurso e o Rá-Tim-Bum?
Cada um deles tem uma característica diferente, e em cada um deles eu tive uma participação. Tem alguns projetos que eu sou mais autor e em outros eu sou colaborador junto com várias pessoas. No caso do Rá-Tim-Bum eu participei da criação do projeto –  cerca de cinco pessoas criaram o projeto inteiro. Mas quem nos municiava eram equipes de pedagogia, equipes de consultoria que nos traziam insumos para a produção dos conteúdo. Quais são as necessidades de uma criança na pré-escola por exemplo. E no Telecurso a mesma coisa. Eu fiz parte de um núcleo também de cerca de cinco pessoas, que foram responsáveis por criar o primeiro esqueleto do que seria o programa. E depois esse projeto cresceu muito.

 

 

Como serua um projeto como o Telecurso hoje, em um mundo digital como o que vivemos?
Eu estou iniciando uma consultoria com a Fundação Roberto Marinho para a atualização do telecurso. Tivemos já duas reuniões bem proveitosas. Nunca foi tão relevante atualizar o Telecurso. Ele até continuou sendo atualizado, mas os alunos e clientes hoje são atualizados todos os dias.

 

 

Quais foram as maiores transformações que você observou no cliente?
Eu acredito que a liberdade de escolha é a grande novidade do consumidor de hoje. Nunca se teve tantos caminhos para escolher. Além disso, esse cara é como o aplicativo de celular, todo dia tem uma atualização nova. E então você tem que acompanhá-lo. É isso que me move hoje em dia, é entender a atualização das pessoas com que eu converso. Esse aliás deve ser o propósito de todas as empresas, entender que a transformação do seu cliente é gigantesca. A experiência do consumidor com o mundo da comunicação acelerada digital não tem volta.

 

 

O que as empresas precisam fazer para lidar com essas transformações?
Se você pegar qualquer empresa bem sucedida, seja relacionada à tecnologia ou ao agronegócio, ela tem que estar alinhada com as necessidades dos clientes e dos colaboradores. Uma empresa hoje precisa entender que a sua relação com o cliente vai além do comercial de trinta segundos.

 

 

E como fica a sua área, a televisão, com todas essas mudanças?
A televisão depende mais dela do que de outros fatores. Ela tem que se reinventar e eu vejo neste momento uma grande oportunidade. Essa mudança não é uma escolha, ela já está estabelecida, as pessoas já sabem como funciona, não vale a pena as emissoras de televisão querer lutar contra a lei da gravidade. Está acontecendo uma mudança na tecnologia, mas a transformação mais importante é a que acontece dentro da gente. Depois que você experimenta um procedimento trazido pela aceleração digital, você se transforma por dentro e é essa para mim a mudança mais relevante. As pessoas irão parar de aceitar uma outra experiência inferior, ou que as trate com desrespeito em relação ao seu tempo e ao seu poder de crítica. Se o empreendedor não ouvir seu consumidor para atender à sua  demanda e procurar resolver seus problemas, a chance de estar fora do jogo são enormes.

(Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2017/10 – Época NEGÓCIOS – TECNOLOGIA – NOTÍCIA – FRASE / POR KARINA CAMPOS – 23/10/2017)

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