O multibilionário que criou empresa aos 17 e usava roupas de segunda mão e carro de 15 anos
Fundador da Ikea era conhecido por vida modesta e passado de simpatizante do nazismo
Aos cinco anos de idade, ele vendia fósforos para os vizinhos. Aos dez, percorria o bairro com sua bicicleta, vendendo decorações e cartões de Natal, sementes de flores e lápis. Descobriu que era possível comprar fósforos em grande quantidade por um preço mais barato e depois vendê-los um pouco mais caro.
Aos 17 anos, o sueco Ingvar Kamprad fundou o próprio negócio: a Ikea. Com o dinheiro que seu pai lhe deu como prêmio por se sair bem na escola, em 1943, ele estabeleceu a empresa cujo nome é abreviação de Ingvar (I) Kamprad (K) de Elmtaryd (E), Agunnaryd (A), sua fazenda e vila de origem.
Ingvar Feodor Kamprad (Ljungby, 30 de março de 1926 – Kronoberg, 27 de janeiro de 2018), fundador da rede de móveis sueca Ikea, é considerado um dos revolucionários do setor no século 20. Foi o pioneiro na venda de móveis desmontados, que devem ser montados em casa pelo consumidor.
Sueco revolucionou o mercado de móveis com o conceito de “faça você mesmo” e montou um império, com mais de 300 lojas em quase 50 países. Fortuna acumulada passaria de 50 bilhões de euros.
O bilionário sueco, fundador da rede de móveis Ikea, um negócio que gera receita de 30 bilhões de euros ao ano, com centenas de filiais espalhadas por todo o mundo fundou sua empresa aos 17 ano, formando a marca com as iniciais de seu nome e do lugar em que nasceu. No início, vendia artigos diversos, que ele próprio importava, passando a se concentrar em móveis em 1953.
A empresa que começou vendendo canetas, carteiras, relógios e porta-retratos se transformaria no gigante e bilionário fabricante de móveis, com lojas espalhadas por 49 países.
Hoje o negócio dá emprego a 190 mil funcionários. Dono de uma fortuna avaliada em 50 bilhões de euros pela imprensa sueca, chegou a passar temporariamente à frente de Bill Gates no ranking dos mais ricos do mundo, na década passada.
Ele continuou mantendo nas mãos de sua família o controle sobre a empresa, que se recusa a transformar em sociedade anônima, e é conhecido por ser modesto e econômico: Kamprad não dispõe sequer de um escritório próprio na empresa.
Ele teve a ideia de abrir o negócio ao olhar um funcionário tirar as pernas de uma mesa para que coubesse no carro. Sua filosofia então se tornou: poupar espaço e economizar dinheiro.
A Ikea não tem lojas, suas filiais mais lembram hipermercados em que se sucedem, em longos corredores, reproduções dos mais diferentes ambientes de uma casa, em que tudo – móveis, almofadas, cortinas, roupas de cama, louças – pode ser comprado.
O resultado de uma visita são carrinhos de compras superlotados, em que se amontoam as embalagens que depois precisam ser acomodadas com todo o custo no porta-malas ou bagageiro do carro da família. A grande variedade de produtos faz com que, muitas vezes, se saia de lá levando mais do que se previa.
A característica principal da empresa é o sistema de venda de móveis desmontados. O freguês deixa a loja com numerosas embalagens, das quais saem, quando abertas, tábuas dos mais diferentes tamanhos, um sem-número de parafusos e a inevitável chave sextavada que serve para montar desde uma mesinha de cabeceira até o armário que toma uma parede inteira.
Após vários anos vivendo no exterior – primeiramente na Dinamarca e depois na Suiça – o fundador da Ikea voltou para sua terra natal e se estabeleceu em Smaland, onde nasceu.
Desde 1988, Kamprad fazia parte do conselho da empresa. Em 2013, deixou o cargo, dando lugar a seu filho mais novo.
A empresa continua sendo operada pela família Kamprad, mas sua estrutura de negócios complexa gera controvérsias na Europa. Em 2017, a Comissão Europeia afirmou que estava investigando a maneira como a Ikea paga impostos.
O Partido Verde europeu disse, na época, que a empresa tinha deixado de pagar cerca de 1 bilhão de euros em impostos entre 2009 e 2014.
Um porta-voz da Inter Ikea, uma das duas divisões da empresa, afirmou que ela havia sido cobrada “de acordo com as regras europeias”.
Vida ‘modesta’, mas controversa
Apesar de ter criado um negócio bilionário, com um total de 412 lojas e R$ 142,5 bilhões em vendas em 2016, Kamprad era conhecido por manter uma vida “modesta”.
Por muito tempo dirigiu um carro Volvo velho. Viajava de avião na classe econômica e usava roupas de segunda mão. Em uma entrevista para um canal de TV sueco em 2016, afirmou que era da natureza de Småland, região onde nasceu, ser “frugal”.
“Olhe para mim agora. Não estou usando nada que não seja de brechós”, afirmou.
Nos últimos anos de sua vida, Kamprad foi criticado pelo seu passado ligado a grupos fascistas. Em um livro publicado em 1988, ele admitiu ter sido membro do grupo fascista Novo Movimento Sueco entre 1942 e 1945, dizendo ter sido “estupidez juvenil” e “o maior erro” de sua vida.
Mas em 2011, um livro escrito pela jornalista sueca Elisabeth Asbrink diz que Kamprad também recrutou pessoas para um grupo nazista sueco e continuou próximo aos simpatizantes nazistas muito tempo depois da Segunda Guerra Mundial.
Um porta-voz de Kamprad disse que, apesar da proximidade com os grupos durante a juventude, “Ingvar não tem nenhum tipo de simpatia pelo Nazismo em seus pensamentos”.
Praticidade
Em 1945, dois anos após a fundação da Ikea, os primeiros anúncios publicitários começaram a ser publicados em jornais locais. Com o crescimento acima do previsto, Kamrpad recorreu a uma van que entregava leite para distribuir seus produtos aos clientes.
Os móveis – hoje o produto mais famoso da empresa – foram incluídos na loja em 1948. Eram produzidos por trabalhadores que viviam nas florestas próximas à casa de Kamprad.
E a primeira vez que os consumidores puderam ver os produtos ao vivo e experimentá-los antes de comprá-los foi em 1953, em um showroom em Almhult, na Suécia. Antes, as vendas eram feitas pelo catálogo da Ikea.
A história que se conta sobre o tipo de móvel “monte você mesmo”, que ficou notório por causa da Ikea é que, em 1955, Kamprad teve a ideia ao ver um funcionário retirar as pernas de uma mesa para fazê-la caber dentro do carro de um cliente.
Essa funcionalidade – característica que agradaria aos suecos – e a simplicidade dos móveis estabeleceram a estética e a marca da empresa. Em uma entrevista nos anos 1980, Kamprad afirmou que criou a Ikea para que ela facilitasse a vida dos consumidores.
Com uma vida discreta e até simples, como quando foi receber o prêmio de “empresário do ano em Londres e se dirigiu ao local do evento de gala de ônibus, ele não era visto esbanjando seu dinheiro – mesmo sendo um dos homens mais ricos do planeta.
Atualmente, o comando da marca está nas mãos de seus três filhos (Peter, 44 anos, Jonas, 41, e Matthias, 39). A empresa tem mais de 190 mil funcionários em diversos países e tem um volume de negócios de cerca de 38 bilhões de euros por ano.
Ingvar Kamprad faleceu em 27 de janeiro de 2018, aos 91 anos, em sua casa na região de Småland, na Suécia, após um breve período doente.
“Ele trabalhou até o fim da vida, sendo fiel à sua crença de que ‘a maioria das coisas ainda está por fazer’. Ele foi um grande empreendedor e um típico sueco do Sul – trabalhador e teimoso, muito caloroso e brincalhão, com brilho nos olhos”, disse o comunicado da Ikea.
Políticos suecos lamentaram a morte do empresário em seus perfis de Twitter na manhã deste domingo. A ministra das Relações Exteriores sueca, Margot Wallstrom, disse em seu perfil de Twitter que Kamprad, “pôs a Suécia no mapa”.
“Ele era um grande empreendedor que ajudou a levar a Suécia ao mundo. Meus sentimentos à família.”
(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/europa – MUNDO – EUROPA – 28 JAN 2018)
(Fonte: https://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2510 – MUNDO / Por Ansa – 28.01.18)
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia – MUNDO – NOTÍCIA / Por Deutsche Welle – 28/01/2018)