Wallace Carothers, químico e inventor, responsável por mais de 50 patentes

0
Powered by Rock Convert

A primeira revolução industrial foi a da indústria têxtil

1937: Obtida a patente do náilon

Wallace Carothers (Burlington, Iowa, 27 de abril de 1896 – Filadélfia, Pensilvânia, 29 de abril de 1937), químico e inventor americano, professor de química orgânica da Universidade de Harvard

No fim do século XVIII, o mundo exigia mudanças radicais. Alguém precisava fazer alguma coisa. Foi assim que, entre os muitos homens que fizeram alguma coisa, James Watt (1736-1819) inventou a máquina a vapor (patenteada em 1769).

E 16 anos depois, Edmund Cartwright encontrava para ela uma aplicação muito importante, utilizando-a para movimentar sua recente invenção: o tear mecânico. Uma única máquina passou então a fazer o trabalho de muitos homens.

O que significou o começo de um violento processo de transformações, hoje conhecido por Revolução Industrial. E que foi responsável pelo desenvolvimento de toda a indústria moderna.

Um século depois, quando as coisas no mundo andavam bem mais rápidas, surgiu novo problema na indústria têxtil: a produção de fios naturais começava a encontrar dificuldades para companhar o ritmo das máquinas.

Da necessidade de uma saída revolucionária surgiu o primeiro produto sintético: o raion. Não muito tempo depois, Wallace Carothers descobre o nailon (1935). E a partir do nailon, o homem encontrou campo aberto para chegar aos modernos fios e fibras sintéticos e artificiais, no que se pode chamar a segunda revolução indústria têxtil.

 

TRAJETÓRIA

 

Wallace Hume Carothers nasceu em Burlington, Iowa, em 27 de abril de 1896, e teve grande importância no cenário da Química. O antes pretendente à carreira em literatura inglesa acabou se doutorando em Química Orgânica, e se antes houve a perda de mais um acadêmico chato sobre as obras de Shakespeare ou Chaucer, ganhou-se com seu brilhantismo na ciência das misturas e combinações.

Carothers assumiu a chefia dos laboratórios da Du Pont e começou a pesquisa para o substituto da seda. Diferente dos seus antecessores, Carothers não se preocupou no modo de tentativa e erro até algo que parecesse funcionar como seda. Na época, ele era conhecido nos meios científicos americanos por suas investigações sobre as ligações químicas das moléculas orgânicas e preferiu investigar como a seda era em sua estrutura. Levando em conta que proteínas são polímeros, tendo várias unidades de aminoácidos, Carothers e seus colaboradores começaram estudar o que seria semelhante a isso. Logo, apesar da celulose ser um polímero também não era a melhor substituinte para a proteína formadora da seda. Assim, a saída era sintetizar um novo polímero, cujas propriedades físicas e químicas fossem semelhantes às da seda, tendo, portanto, que se pesquisar quais as estruturas moleculares seriam semelhantes.

Nos quatro anos seguintes, o laboratório de Carothers ensaiou milhares de combinações químicas. Cada uma, um pequeno fracasso, mas também um desafio para tentar vencer. Durante toda a pesquisa, Carothers e sua equipe descobriram outros polímeros, como o neoprene, hoje usado desde a capa protetora de um notebook até roupas de mergulho. Até que um belo dia no ano de 1934 a reação duas substâncias mudaria o mundo têxtil. Estas substâncias entraram para a História da Química; são elas a hexametilenodiamina e ácido adípico.

O polímero resultante revelou-se um oponente à altura da hegemonia da seda, mas diferente desta, seus nomes são complicados e de difícil memorização. Entrou aí o departamento de marketing que promoveu um concurso para a nova fibra, cujas regras estipulavam que o nome deveria ser agradável de se ouvir e fácil de se memorizar. Surgiu aí o Nylon 66 ou simplesmente Nylon (ou, aportuguesadamente, “náilon”).

Lançado com uma grande campanha de marketing, o nylon mostrou o seu poderio. Em 27 de outubro de 1938, Charles Stine, vice-presidente da Du Pont de Nemours, Inc., anunciou que o nylon fora inventado. Ele revelou primeira fibra sintética do mundo não a uma sociedade científica, mas para q2uem realmente define o mercado: consumidores; na verdade, consumidoras. A apresentação foi feita para três mil mulheres de um clube onde se reuniram na Feira Mundial de Nova York. Ele falou em uma sessão intitulada “Entramos no mundo de amanhã”, que foi introduzido o tema da feira próxima, o mundo de amanhã.

A corrida para comprar as novíssimas meias de nylon fez com que os estoques se esgotassem rapidamente. Mas a Du Pont era (e ainda é) esperta o suficiente para não usar sua nova maravilha num único mercado apenas. Surgiram roupas, paraquedas, linhas de pesca, escovas de dentes etc. O nylon foi uma revolução na indústria química. Quando os japoneses tiveram a estúpida ideia de bombardear Pearl Harbor, os EUA começou seu esforço de guerra. Todo o nylon foi confiscado pelo governo Roosevelt, de forma que pudesse ser usado em trajes militares, barracas de campanha etc. Com o fim da guerra, lojas começaram a oferecer meias de nylon. Em 1946, uma loja de Filadélfia contou como auxílio de cinquenta guardas para conter as afogueadas consumidoras que estavam literalmente saindo no tapa ao disputar seu objeto de desejo.

Mas Carothers não viu nada disso.

Wallace Carothers sofria de uma severa depressão. Ele tinha uma natureza retraída, odiava falar em público e muitas vezes tinha que recorrer a belas doses de whisky para poder trabalhar e acalmar seus nervos. Ele sentiu um certo baque quando a Du Pont direcionou o desenvolvimento do que seria o nylon para o ramo comercial — mesmo porque, a Du Pont É uma empresa e visa lucros –, coisa que Carothers não estava acostumado e solicitou que outros o ajudassem.

Em 21 de fevereiro de 1936, Carothers casou com Helen Sweetman, uma química que também trabalhava para a DuPont. Em 30 de abril de 1936, Carothers foi eleito para a Academia Nacional de Ciências, o primeiro químico industrial que recebeu esta honra. Ainda assim, a depressão de Carothers se agravava. Ele passou um tempo internado, mas cerca de 1 mês depois ele teve alta.

Em 08 de janeiro de 1937, a irmã de Carothers morreu de pneumonia, e Carothers e sua esposa viajaram para Chicago para participar de seu funeral. Carothers ainda viajou para Filadélfia para visitar o seu psiquiatra, Dr. Appel, que disse a um amigo Carothers que ele pensou que o suicídio foi o resultado mais provável do caso Carothers.

A Química é bela, mas trágica em sua indiferença. As mesmas leis que definiram uma deficiência que gerou um desequilíbrio na química do cérebro de Carothers, fazendo-o optar pelo suicídio, determinaram que um pouco de cianeto de potássio misturado em suco de limão (onde a acidez aumenta a velocidade da reação e, por conseguinte, sua letalidade) cessaria a vida de um dos revolucionários da Química do século XX. As mesmas leis que definiram que uma certa larva construísse a fortuna de um império foram responsáveis pela síntese do subsituto para uma das mais admiráveis proteínas produzidas no reino animal. A Química não se importa, ela é o que é.

A história trágica de Carothers leva-nos a refletir como somos efêmeros perante o mundo, pouco importando o quanto (ou se) fomos importantes e/ou especiais. Um simples composto com somente 3 elementos químicos determinou o fim da vida de um renomado cientista, num anônimo quarto de hotel, em 29 de abril de 1937.  Por causa da disposição espacial de 4 elementos, formando uma longa cadeia, a Química garantiu a Wallace Hume Carothers o respeito devido e seu lugar entre os Grandes Nomes da Ciência.

(Fonte: Veja, 15 de agosto de 1973 – Edição 258 – RHODIA – Pág: 17)

(Fonte:  http://ceticismo.net/2011/05/28 – Grandes Nomes da Ciência: Wallace Carothers)

 

 

 

 

1937: Obtida a patente do náilon

Em 16 de fevereiro de 1937, o gigante norte-americano da química Du Pont registrou a patente de uma fibra produzida em seus laboratórios.

Wallace Hume Carothers, o inventor do fio de náilon

 

O objetivo do descobridor do náilon não foi desenvolver um novo produto. Segundo os historiadores da Du Pont, ele pretendia muito mais descobrir o funcionamento das ligações químicas na nova substância. O norte-americano Wallace Hume Carothers trabalhava no setor de polimerização da superfábrica da Du Pont em Delaware, nos EUA.

Sua intenção era descobrir por que determinadas moléculas se agrupavam formando fibras e outras não. Por isso, foi praticamente um acaso o desenvolvimento de um polímero que permitia ser esticado em longos fios maleáveis. O novo material foi chamado náilon (nylon) e introduziu a era das fibras sintéticas.

O fio sintético é um xarope espesso, formado por longos fios lustrosos e elásticos como os da seda e celulose, que se solidificam ao esfriar. Essa era a aparência da primeira fibra sintética, produzida no início da década de 1930 nos laboratórios da Du Pont de Nemours, em Delaware.

 

 

A evolução da fibra

 

 

A fibra não era útil comercialmente, pois quebrava facilmente e se solidificava a temperaturas muito baixas. Mas serviu de partida para milhares de combinações químicas que produziram outras tantas amostras de fios até se chegar àquela de maior aplicação prática, o náilon.

Em 1937, a Du Pont selecionou o náilon para a fabricação em larga escala. A partir de então, o fio invisível, resistente e durável, desencadeou uma revolução. Das meias à lingerie, passou a ser sinônimo de moda feminina. Também era presença obrigatória nas escovas de dentes, linhas de pesca, pára-quedas, tapetes e suturas cirúrgicas. Os tecidos sintéticos são descendentes diretos do plástico, substância descoberta em 1875 pelo químico alemão Adolf von Bayer.

 

Meias de nylon

 

 

Dois líderes da indústria química na Europa e nos Estados Unidos apostaram na pesquisa dos polímeros: em 1927, a I.G. Farben, na Alemanha, contratou 27 cientistas que aprenderam tanto sobre a estrutura das moléculas que se deram o luxo de planejar cada passo do processo de descoberta de novos plásticos, como o poliestireno. Um ano depois, a Du Pont de Nemours contratou como chefe de seu laboratório Wallace Hume Carothers, um jovem professor de química orgânica.

Carothers, na época com 32 anos, era conhecido nos meios científicos americanos por suas investigações sobre as ligações químicas das moléculas orgânicas. Ele percebeu que os fios produzidos em 1933 no laboratório por um de seus colaboradores eram, na verdade, as moléculas esticadas de polímeros, semelhantes às da seda e da celulose. O cientista não chegou a usufruir o sucesso de sua invenção.

Vítima de depressão nervosa, Carothers suicidou-se em abril de 1937, dois dias depois de completar 41 anos de idade. A Du Pont, entretanto, popularizou o produto, instituindo um concurso que, a partir das sugestões do público, levou o nome “nylon”.

 

Mil e uma utilidades

 

Em 1939, a meia de náilon apresentada na Exposição Mundial em Nova York foi sucesso absoluto. Durante a Segunda Guerra Mundial, o náilon foi usado na produção de paraquedas, suturas cirúrgicas e mortalhas. Depois do conflito, as meias voltaram às lojas. Na Europa, elas chegaram com os chicletes e chocolates dos soldados americanos e logo tornaram-se mercadoria valorizada no mercado negro.

A Du Pont não deu mais conta do mercado: à medida que se tornaram conhecidas mais aplicações das fibras sintéticas, as fábricas foram se espalhando pelo mundo. O fio foi misturado a outras fibras e desenvolvidos novos tecidos (jérsei, fibra acrílica, tergal, poliéster, lastex, lycra), com aplicações em praticamente todos os setores, não só no vestuário e na decoração.

(Fonte: Deutsche Welle – NOTÍCIAS – CALENDÁRIO HISTÓRICO / Por Ute Hänsler – 16 de fevereiro)

Powered by Rock Convert
Share.