Paulo Soares Filho, músico carioca. Conhecido como Paulo Bagunça, ícone da música underground carioca

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Paulo Bagunça, ícone da música underground carioca dos anos 1970

Cantor e violonista, que lançou cultuado LP em 1973 com seu grupo, a Tropa Maldita

Paulo Soares Filho, músico carioca. Conhecido como Paulo Bagunça, ele gravou em 1973 o LP “Paulo Bagunça e a Tropa Maldita”, disco que não fez sucesso em sua época, mas que ao longo dos anos foi angariando seguidores no Brasil e no exterior, por sua original mistura de samba, soul, folk, psicodelia e ritmos latinos.

O grupo foi formado na Cruzada São Sebastião (conjunto habitacional criado no Jardim de Alá para abrigar moradores removidos da favela vizinha da Praia do Pinto) no fim dos anos 1960, por Paulo e Osvaldo Rui da Costa, o Macau (que anos depois faria sucesso com a canção “Olhos coloridos”, gravada por Sandra de Sá). Depois de correr o circuito underground de rock do Rio, Paulo Bagunça e a Tropa Maldita acabaram atraindo a atenção da gravadora Continental, que investiu na gravação de um LP com produção de Carlos Alberto Sion.

Apresentados como “o som negro do Harlem carioca”, Paulo Bagunça e a Tropa Maldita não conseguiram ir muito além depois de gravar o LP, que só teve uma faixa tocada em rádio, o samba “Madalena” – ainda assim porque, segundo Macau, o radialista Adelson Alves resolveu apoiar o grupo.

 

Disco que pode remeter tanto à Tropicália e Jorge Ben quanto a Santana e a banda inglesa Traffic, “Paulo Bagunça e a Tropa Maldita” teve uma redescoberta tardia, nos anos 2000. Depois de muito circular na internet, ele teve uma reedição em CD na Argentina em 2006 (pelo selo Discos Mariposa) e, no ano passado, saiu novamente em LP pelo selo paulistano Somatória do Barulho.

 

Recentemente, Paulo Bagunça chegou a ser entrevistado para “Brazilian Guitar Fuzz”, documentário sobre o pop psicodélico brasileiro dos anos 1960 e 1970, dirigido por Artur Ratton e apoiado pelo ator americano Elijah Wood.

O cineasta registrou o encontro do músico com o brasileiro radicado nos EUA Joel Stones, que comanda a loja de discos novaiorquina Tropicalia in Furs. Artur alimentava planos de levar Paulo (que nos últimos anos fazia apresentações esporádicas) a Los Angeles, para que ele voltasse a gravar, com o produtor Mario Caldato Jr..

– Conheci o Paulo Bagunça quando ele tocava num luau na praia do Leblon. Ele fazia um pop levada afro-brasileira, suingada, meio Jorge Ben – conta Sion. – Era uma coisa nova, o pop brasileiro da época era muito branco. Lembro de ter chamado o Laércio de Freitas para fazer alguns arranjos de cordas para o disco.

– A gente bateu na trave. O visual black e as letras políticas assustaram e depois teve a falta de grana e de empresário – lamenta Macau, que espera agora gravar em seu próximo disco solo uma antiga parceria com Paulo Bagunça, “Carioca”. – É uma música que fala dele, que era salva-vidas e que amava o mar.

Paulo Bagunça morreu na madrugada de sábado, durante o sono, de infarto, em sua casa na Barra de Guaratiba, aos 72 anos.

Paulo Bagunça foi enterrado no sábado, no cemitério do Murundu, em Realengo. Sua morte se soma, este ano, às de outros nomes de grande importância para o rock brasileiro dos anos 1970: Daniel Cardona Romani (vocalista e guitarrista do grupo carioca Módulo 1000), Ivinho (guitarrista do Ave Sangria, de Recife), Percy Weiss (vocalista do paulistano Made in Brazil) e Renato Ladeira (vocalista e tecladista do carioca A Bolha).

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica -17277748#ixzz3jgbFlVD8 – CULTURA – MÚSICA – POR SILVIO ESSINGER – 23/08/2015) © 1996 – 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

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