A mais rica coleção individual de obras de arte moderna

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Albert Barnes (1871-1951), médico americano. Dono da mais rica coleção individual de obras de arte moderna. Ao morrer, em 1951, aos 79 anos de idade, depois de cruzar um sinal vermelho com seu Packard conversível, Barnes deixou como legado 180 telas de Renoir, 69 de Cézanne, sessenta de Matisse e outros 2 500 objetos de arte. Setenta e duas telas desse tesouro, instalado na Fundação Barnes, na cidade de Merion, na Pensilvânia, Estados Unidos.
O lote inclui dezesseis Renoir, vinte Cézanne, quinze Matisse e nove Picasso.
A coleção de Barnes é mitológica porque atravessou meio século, praticamente secreta. Até que, em 1961, uma ordem judiciária exigiu a abertura do casarão que abrigava a fundação durante dois dias da semana, o baú do médico era proibido a estudiosos de arte, donos de galeria, banqueiros e meia dúzia de outras profissões pelas quais Barnes possuía especial desprezo.
Os raros visitantes eram obrigados a preencher um minucioso documento pedindo autorização para freqüentar a casa. Barnes morreu vangloriando-se de ter fechado as portas a nomes como o arquiteto Lê Corbusier, o escritor T. S. Eliot e o escultor Jacques Lipchitz.
No entanto, admitiu Matisse e ainda lhe encomendou o painel Dança, em 1931, para adornar a galeria principal da fundação. Dança é um dos clássicos imortais de Matisse. Mal visto pelo establishment americano da época pelo seu espírito voluntarioso e irrascível, Barnes pendurou suas telas nas paredes sem identificação, sem nome do autor, data de criação nem referência à escola artística, para desespero dos curadores. Lado a lado podiam estar o inesquecível A Família do Artista, de Renoir, de 1896, e um quadro de segunda categoria. Sua tese, para expor as telas em estado bruto, era simples: “A compreensão e o julgamento das pinturas são uma experiência que só pode vir do contato direto”.
Paranóico, Barnes recusava-se a abrir o portão de suas galerias. Como não acreditava em reproduções, nunca autorizou a cópia de suas pinturas em fotografias coloridas.
Iniciou sua coleção, a mais rica individual de obras de arte moderna, com anúncio classificado, publicado nos principais jornais franceses, “estrangeiro de passagem por Paris compra os seguintes mestres modernos: Renoir, Monet, Cézanne, Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Gauguin, Pissarro, Sisley, Daumier e Matisse. Dirigir-se à galeria Paul Guillaume”, em 1912.

(Fonte: Revista Veja, 8 de setembro, 1993 – Ano 26 – Nº 36 – ARTE – Edição 1304 – Por Fábio Altman – Pág; 114)

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