Fotógrafo malinês foi pioneiro da imagem na África

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Fotógrafo malinês foi pioneiro da imagem na África

 

O fotógrafo Malick Sidibé em foto de 2006 - (Foto: ANDRE DURAND / AFP)

O fotógrafo Malick Sidibé em foto de 2006 – (Foto: ANDRE DURAND / AFP)

Ele ganhou prêmio como o Leão de Ouro na Bienal de Veneza

Artista do Mali era um dos mais conhecidos fotógrafos africanos.

O fotógrafo do Mali Malick Sidibé (Soloba, 1936 – Bamaco, 14 de abril de 2016), um dos grandes fotógrafos do século XX, considerado um dos pioneiros de sua arte na África e conhecido por seus retratos emotivos da vida diária de seu país, ficou conhecido pelas suas imagens a preto e branco que retratam o dia a dia no Mali.

Nascido em 1936 em Soloba, uma aldeia a 300 km da capital do Mali, Bamako, Malick Sidibé trabalhou desde pequeno no campo. Estudou Desenho e Design de Joalharia, distinguindo-se desde cedo pelo seu talento para o desenho. Em 1956 comprou a sua primeira máquina fotográfica. Em 1962 abriu o seu próprio estúdio.

A carreira de Sidibé começa sem querer em 1955 por convite de um fotógrafo francês, em cujo estúdio se formou como assistente. Em 1956, adquire uma primeira Brownie Flash, instrumento da sua autodeterminação como fotógrafo profissional. Em 1958, estabelece-se então por conta própria no hoje lendário Studio Malick, em Bamako, onde passaria o resto dos dias tirando retratos por tuta e meia, desbaratando negativos por quem os quisesse levar, fazendo conversa, bebendo chá. Contou, certa vez, de sorriso estampado, que antes de algumas sessões fotográficas, clientes seus passavam perfume pelo corpo, esperando que perpassasse para os retratos. De certa maneira, tinham razão.

Malick Sidibé (Foto: galeria Magnin-A)

Malick Sidibé (Foto: galeria Magnin-A)

Durante muito tempo, os africanos, sobretudo os das zonas rurais, não aceitavam ser fotografados, muitos acreditavam que o fotógrafo conseguia vê-los nus através da lente e que isso os faria ficar sem alma. Graças ao trabalho de fotógrafos locais, como Malick Sidibé, a fotografia começou a ser aceita em África.

Após várias décadas de trabalho no seu estúdio, Sidibé fotografou “todos os que eram alguém” em Bamako, captando as suas expressões, as suas roupas e trabalhando em harmonia com os “modelos”. Sidibé especializou-se em fotografia documental, focando particularmente as culturas jovens do Mali, os eventos desportivos, a praia, os clubes noturnos e os concertos.

Os seus retratos e fotografias documentais são testemunho do desenvolvimento cultural e social do Mali desde que era uma colônia francesa, a transição para a independência e o desenvolvimento do país deste então. Hoje, Malick Sidibé é considerado um dos mais importantes fotógrafos africanos.

Sidibé foi o primeiro artista africano a receber o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, em 2007. Também foi o vencedor do Prêmio Photo Espanha, em 2009, e em 2010, as suas fotografias estiveram expostas no Palácio Galveias, em Lisboa. Os seus trabalhos estão incluídas em várias coleções, como as do Museum of Modern Art (Moma) ou do Metropolitan Museum, de Nova York.

Segundo o ministério da Cultura francês, “foi classificado como o pai da fotografia africana” junto a Seydou Keita (1921-2001), um dos melhores retratistas da segunda metade do século XX, também do Mali.

Malick Sidibé morreu em Bamaco aos 80 anos, de complicações da diabetes. Malick Sidibé “lutava contra a doença” que o venceu em 14 de abril de 2016.

– Testemunha da eferverscência da independência de seu país, entre os jovens apaixonados pela música, Malick Sidibé fotografou as festas e os prazeres de Bamaco – destacou a ministra francesa de Cultura, Audrey Azoulay.

– É uma grande perda para o Mali. Formava parte de nosso patrimônio cultural – declarou à AFP a ministra de Cultura, N’Diaye Ramatulaye Diallo.

– Malick Sidibé era um dos grandes. Documentou a vida de Bamaco, com fotos que têm um valor inegável – lembrou Samuel Sidibé, diretor do museu nacional de Bamaco e delegado geral da Bienal africana da fotografia.

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – N° 18.439 – 16 de abril de 2016 – TRIBUTO – Pág: 33)

(Fonte: http://www.dn.pt/artes – DIÁRIO DE NOTÍCIAS – ARTES – 15 DE ABRIL DE 2016)

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