Advogado de Collor
Antônio Evaristo de Moraes Filho (Rio de Janeiro, 9 de abril de 1933 – 28 de março de 1997), advogado criminalista famoso, Evaristo notabilizou-se pela defesa de causas polêmicas. Entre seus clientes figuraram presos políticos, a quem defendia gratuitamente, um ex-presidente da República, terroristas e assassinos anônimos.
Criminalista do primeiro time de advogados brasileiros, Antônio Evaristo de Moraes Filho defendeu, ao longo de sua carreira, diversas causas e clientes polêmicos, como o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Durante o regime militar, trabalhou de graça em defesa de presos políticos.
Perdeu o processo de impeachment de Collor, enfrentando Evandro Lins e Silva, e conseguiu inocentar Collor da acusação de corrupção, em processo no STF (Supremo Tribunal Federal).
Quando questionado sobre esse ceticismo, costumava dizer que na vida de um advogado é muito comum “defender pessoas que pensam de modo diverso”. No caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello, perdeu o processo de impeachment, mas conseguiu inocentá-lo da acusação de corrupção no Supremo Tribunal Federal.
Aos amigos, Evaristo confessou uma certa amargura pelo estigma de ter defendido Collor. “Parecia que eu tinha lepra”, comentou.
“Todos têm o direito de defesa. Não pode haver estigma para quem defende causas impopulares”, disse ontem Lins e Silva, 85, que discursou diante do jazigo da família Moraes.
Ele travou com Lins e Silva (acusação) outro duelo que entrou para a história do direito brasileiro, no julgamento de Doca Street pela morte de Ângela Diniz, no fim dos anos 70.
Mesmo doente, não se recusou a defender causas polêmicas. A última delas foi a defesa de Paula Thomaz, acusada do assassinato da atriz Daniella Perez.
Em entrevista concedida à Folha há cerca de dois meses, Evaristo descartou, porém, a hipótese de ir a júri popular para defender Paula. “É um júri muito cansativo. Não tenho mais condições.”
O advogado George Tavares, 63, companheiro de banca de Evaristo durante 35 anos, disse que “o advogado não pode estar contaminado pela opinião pública”.
Tavares lembrou o episódio da carta enviada em 1917 por Rui Barbosa ao pai de Evaristo, também advogado, que hesitava em defender um almirante acusado de matar um integrante do Partido Liberal, ao qual o advogado era filiado.
“Rui Barbosa lembrou a obrigação dos advogados de defender todas as pessoas”, disse Tavares. “Apesar de socialista, Evaristo fez uma defesa brilhante de Collor.”
O presidente do STF, Sepúlveda Pertence, destacou a participação de Evaristo “nos momentos mais negros e duros da luta contra o regime militar”.
Evaristo de Moraes morreu no dia 28 de março de 1997, aos 63 anos, de leucemia, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 9 de abril de 1997 – ANO 30 – Nº 14 – Edição 1490 - Datas - Pág; 115)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil – BRASIL – FOLHA DE S. PAULO – da Sucursal do Rio – 30 de março de 1997)