Audrey Hepburn (Ixelles, 4 de maio de 1929 – Lausanne, Suíça, 20 de janeiro de 1993), atriz. Com seus vestidos do costureiro francês Hubert Givenchy, Audrey Hepburn foi o paradigma de elegância e delicadeza em Hollywood. Era angulosa, longilínea (1,70 metro), magérrima (54 quilos), graciosa (foi bailarina) e discreta. Da vida íntima da filha de uma baronesa falida abandonada pelo marido, um banqueiro inglês, quase nada saiu da privacidade. O que os paparazzi registraram nos anos dourados de Hepburn, de 50 a meados de 60, foi muito pouco. Que ela se casou duas vezes, a primeira com o ator, diretor e empresário Mel Ferrer, a quem acusou de avareza, e a segunda com o psiquiatra italiano Andrea Dotti. Teve dois filhos, um com cada marido. Ao contrário de suas contemporâneas sensuais, Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe e Lana Turner, não teve problemas com drogas ou paixões tumultuadas. Seu único pesadelo eram os olhos recorrentes com soldados nazistas. Hepburn, que nasceu em Bruxelas, na Bélgica, viveu na Holanda durante a ocupação alemã.
Foi descoberta por Wollywood quando interpretava Gigi, na peça da escritora Collette, montada na Broadway em 1951. Numa época de musas de curvas concupiscentes, surgia a quase ninfeta, frágil como um bibelô, de olhos de gazela e apelo a quase inconfessáveis sentimentos masculinos. Para o público feminino, era um exemplo de graça e elegância. Mulheres cortavam o cabelo como um moleque, a exemplo de Hepburn. Declarando-se uma atriz insegura, ganhou o Oscar com seu primeiro papel principal, em 1953, no filme A Princesa e o Plebeu. Depois foi fácil. Sua carreira culminou em 1964, com a produção mais cara do cinema, à época, My Fair Lady, na qual desbancou a candidata ao papel de Eliza Doolittle, a novata Julie Andrews. Contracenou com quase todos os galãs da época, todos bem mais velhos. William Holden e Humphrey Bogart em Sabrina, Gary Cooper em Amor na Tarde, Fred Astaire em Cinderela em Paris, Cary Grant em Charada e George Peppard em Bonequinha de Luxo. Abandonou o cinema no final dos anos 60. Eu sou uma mulher de médico e acho isso ótimo, explicava.
Voltou em 1976, com várias produções desastrosas. Em 1988 foi nomeada embaixadora especial da Unicef. Seu trabalho era supervisionar a assistência às crianças de países flagelados por desgraças variadas, o que a levou, na última missão, à Somália.
Minha infância me tornou receptiva às pragas da guerra, da fome e da violência, costumava a afirmar. Audrey morreu antes de receber seu segundo Oscar, que seria dado pela carreira de adorável bonequinha, em março de 1993. Audrey morreu no dia 20 de janeiro de 1993, aos 63 anos, de câncer no intestino, em Lausanne, na Suíça.
(Fonte: Veja, 27 de janeiro de 1993 – ANO 26 – N° 4 – Edição 1272 – DATAS – Pág: 68)