Edward (Ted) Kennedy, senador democrata pelo Estado de Massachusets.

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Luto nos EUA: morre aos 77 anos o senador Ted Kennedy

Irmão do ex-presidente John Kennedy lutava contra câncer cerebral desde 2008
Port Hyannis — O senador democrata pelo Estado de Massachusets Edward (Ted) Kennedy, de 77 anos, morreu dia 26 de agosto, vítima de câncer no cérebro. O sepultamento ocorrerá sábado no Arlington National Cemetery, mesmo local onde estão os irmãos, o ex-presidente John Kennedy e o ex-procurador-geral Robert Kennedy. O corpo foi velado dia 28 de agosto, na Biblioteca Presidencial John Kennedy, em Boston.
O público poderá fazer suas homenagens entre 12h e 18h (GMT). Depois, terá início o velório particular, restrito à família e aos amigos. No sábado, antes do sepultamento, será
realizada missa às 15h45min na Basílica Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, também em Boston.
Com quase 50 anos de Senado, Ted era voz dominante nas discussões sobre saúde pública, direitos
civis e guerra e paz. Para a população, ficou conhecido como o último sobrevivente de uma família de progressistas.
Segundo vinha informando a imprensa norte-americana, Ted estava debilitado desde que sofreu uma convulsão, em casa, em maio do ano passado. Após iniciar o tratamento para minimizar os efeitos da doença, foi pouco visto em Washington. O The New York Times noticiou que ele esteve na Casa Branca pela última vez em abril, quando o presidente norte-americano, Barack Obama, assinou uma lei do serviço nacional com o nome do senador. Ted foi um dos principais cabos eleitorais de Obama.

Maior dinastia política americana perde seu patriarca
Nova Iorque — O senador Edward Kennedy foi tanto uma figura controversa quanto um pilar da
política americana nas últimas décadas. Como seus irmãos, Edward Moore Kennedy, mais conhecido como Ted Kennedy, representou a elite rica e educada nas melhores universidades, condição que, segundo seus detratores, fez que conseguisse se livrar de vários escândalos de sua vida pessoal. Vida que também foi marcada pela tragédia, com os assassinatos do presidente John F. Kennedy em 1963 e de seu outro irmão, o senador e ex-procurador-geral Robert Kennedy, em 1968. Ted Kennedy nasceu em uma família de católicos praticantes encabeçada pelo banqueiro Joseph Kennedy Senior e sua esposa Rose. O mais novo de nove filhos, formado em Harvard, rapidamente se colocou à altura das ilustres carreiras de seus irmãos mais velhos. Em 1962, ganhou uma cadeira no Senado. Mas suas possibilidades de chegar à Casa Branca ficaram comprometidas em 1969, quando seu carro caiu de uma ponte, causando a morte da secretária Mary Jo Kopechne. O
acidente manchou para sempre sua imagem. A reputação de mulherengo e beberrão também o
prejudicou muito. Ele assumiu novamente o primeiro plano da política americana na eleição de
2008 com o crucial apoio de sua família a Barack Obama. O debate sobre a reforma do sistema de
saúde foi o terreno de sua última batalha política, que classificou como “a causa de minha vida”.

Sucessão em duas etapas no Senado
Nova Iorque — Dias antes de sua morte, Ted Kennedy pediu aos legisladores
estaduais de Massachusetts que permitissem a nomeação de um substituto para sua vaga por 160
dias enquanto não se realizasse a eleição de seu sucessor. Dessa forma, a maioria democrata no Senado federal estaria garantida: o partido precisa de 60 votos para aprovar reformas
como a proposta de lei que vai garantir o direito a plano de saúde a todos os americanos. A
sucessão do senador deverá, então, se dar em duas etapas e deflagrar em cada uma delas acirrada disputa. Dentro da família, os dois nomes cogitados são a viúva Vicki e o sobrinho Joe Kennedy II, filho de Bob, hoje deputado por Rhode Island.

Ação pacificadora na Irlanda do Norte
Londres — Ted Kennedy teve uma eficiente atuação como pacificador na terra de seus antepassados
irlandeses. Durante os anos 90, envolveu-se nas negociações entre católicos e protestantes que levaram ao Acordo da Sexta-Feira Santa e ajudaram a pôr fim à maioria das hostilidades na Irlanda do Norte, bem como contribuíram para a criação de um governo de unidade entre
unionistas e republicanos, em 2007.
Em 1994, convenceu o presidente Bill Clinton a ignorar as restrições do governo do premiê britânico, John Major, ao líder do partido Sinn Fein, Gerry Adams, e incluí-lo nas negociações de paz. Adams ganhou visto para os EUA e sete meses depois o Exército Republicano Irlandês
anunciou cessar-fogo. Em discurso na Irlanda do Norte, em 1988, relacionou
os protestantes aos pioneiros ingleses que cruzaram o Atlântico para “construir a América”.

Chappaquiddick, o divisor de águas
Washington — Edward Kennedy chegou a se candidatar à Casa Branca, mas o acidente de Chappaquiddick, um trágico episódio do qual foi o principal protagonista, provavelmente, pesou muito sobre suas ambições políticas. Senador respeitado e membro de uma família poderosa, Ted carregou durante boa parte de sua carreira política essa lembrança atormentadora, repleta de dúvidas sobre o seu papel e o do álcool e das drogas nessa tragédia.
Em julho de 1969, o carro que dirigia saiu da estrada e caiu em um rio na pequena ilha de Chappaquiddick (Massachusetts). Ted conseguiu sair das águas, mas não alertou as autoridades. A pessoa que estava com ele no carro, Mary Jo Kopechne, 28 anos, morreu afogada.
Edward Kennedy foi condenado a dois anos de prisão por ter fugido do local da tragédia, condenação que acabaria suspensa. Ted negou que estivesse sob efeito de álcool e que tivesse uma relação extraconjugal com a jovem. Mas a dúvida permaneceu.
Sua carreira política jamais se recuperou completamente.

(Fonte: Correio do Povo – Ano 114 – Nº 331 – Internacional/ Edson Silva Coelho – quinta-feira, 27 de agosto de 2009 – Pág; 11)

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