Foi um dos principais articuladores da implantação da indústria de veículos no país
Lúcio Martins Meira (Petrópolis, 3 de março de 1907 – Rio de Janeiro, 24 de dezembro de 1991), almirante da reserva, ex-ministro da Viação e Obras Públicas e ex-presidente do BNDES durante o governo de Juscelino Kubitschek.
O comandante Lúcio Meira, subchefe da Casa Militar da Presidência da República no segundo governo Vargas, foi um dos principais articuladores da implantação da indústria de veículos no país.
Ele presidiu durante vários anos, a partir de 1952, a subcomissão de jipes, tratores, caminhões e automóveis que, no âmbito do governo, estudou a viabilidade da ideia.
Na década de 50, teve um papel de destaque no processo de instalação da indústria automobilística no país.
Em 11 de fevereiro de 1946 foi nomeado interventor federal no estado do Rio de Janeiro, em substituição ao desembargador Abel Magalhães (1881-1969), ocupando o cargo até 23 de setembro daquele ano.
Com o retorno de Getúlio Vargas à presidência da República em 1951, tornou-se subchefe do Gabinete Militar. No mesmo ano foi designado representante da Marinha na Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI) da presidência da República, assumindo a direção do grupo responsável pela implementação da indústria automobilística. Em 1954, com o suicídio de Vargas, deixou o Gabinete Militar e as atividades da CDI.
Foi indicado ainda para ocupar o Ministério da Viação e Obras Públicas no governo de Juscelino Kubitschek, sendo que em 1959 deixou a pasta que ocupava para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE). Ocupou ainda a presidência da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entre 1961 e 1963, afastando-se então da vida pública.
Lúcio Meira criou as condições ideais para o surgimento da indústria no contexto da época – como a forte demanda interna de caminhões, num momento em que era difícil importá-los – Lúcio Meira alimentou de vez o sentimento, que já vinha se materializando em alguns setores do governo, no sentido de que seria interessante implantar de vez a indústria automobilística no país.
Caminhões eram considerados prioridade, devido a grande necessidade no país, e não mais como mera montadora de veículos prontos ou semiprontos, chegados ao Brasil em caixotes, como vinha ocorrendo até então, mas como verdadeira indústria terminal, – que pressupõe fabricação de motores e pesados investimentos em infra-estrutura e desenvolvimento de tecnologia.
O governo, com o tempo, passou a promover leilões de divisas especiais para atender a importação desses tipos de veículos, dessa forma, os representantes das montadoras no Brasil dividiam esse crédito para permitir a todos fazer importações dos veículos.
Na defesa da preposição, Lúcio Meira lembrava o fato de o país não possuir recursos para continuar importando veículos em número suficiente para satisfazer a toda a demanda interna. “Nas condições até pouco vigentes do sistema cambial brasileiro, e com as facilidades de importação até alguns anos conferidas ao comércio do artigo estrangeiro, seria impossível mesmo pensar na indústria em causa entre nós”, lembrava.
E rebatia a crítica dos céticos com números convincentes. Se muito dinheiro seria gasto na importação de maquinários para as montadoras, raciocinava, muito mais seria economizado com o fim da importação de veículos completos.
Em 1957 a Ford lançaria seu primeiro caminhão fabricado no país, resultado de um investimento de US$ 24 milhões que só foi realizado depois de um minucioso levantamento do potencial do mercado.
Lúcio Martins Meira morreu dia 24 de dezembro de 1991, aos 84 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 1° de janeiro de 1992 - ANO 25 – Nº 1 – Edição 1215 - Datas - Pág; 98)
(Fonte: Revista Carga – A revista dos transportes – ANO I – Nº 12 – 1985 – IMPORTADOS – Pág: 10/20)