Edmar Bacha é eleito para a Academia Brasileira de Letras
Economista ocupará cadeira 40, que pertencia ao jurista Evaristo de Moraes Filho
Edmar Lisboa Bacha, economista que integrou a equipe econômica que concebeu e implantou o Plano Real, em 1994, obteve 18 dos 33 votos, dos quais 23 presenciais, depositados em uma urna no Petit Trianon, sede da ABL, no Centro do Rio de Janeiro, e dez por cartas. Formou-se na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais e obteve o Ph.D. em Economia na Universidade de Yale, nos EUA.
Nascido em Lambari, Minas Gerais, em 1942, é bacharel em economia pela UFMG e Ph.D. em economia pela Universidade de Yale, EUA. Tem diversos livros e artigos publicados sobre economia brasileira e latino-americana e sobre a economia internacional.
Como presidente do IBGE, na década de 1980, participou do Plano Cruzado. Nesse período, escreveu o livro “O fim da inflação no Reino de Lisarb”, numa alusão ao Brasil escrito de trás para a frente. Entre 1993 e 1994, foi membro da equipe econômica que planejou e instituiu, o Plano Real, durante o governo Itamar Franco. Ele costuma afirmar que o apoio da população foi um dos principais fatores para o sucesso no combate à inflação nos anos 90. Já a experiência de planos anteriores ajudou no convencimento de políticos e empresários.
Em 1974, Bacha ganhou notoriedade ao criar a fábula Belíndia para criticar o governo militar. No texto, ele mostrava como o milagre econômico estava levando a uma enorme concentração de renda, fazendo do Brasil um misto de Bélgica com Índia. A repercussão foi tanta que o termo “Belíndia” entrou para o vocabulário econômico, e até hoje é uma das principais referências para se falar sobre as desigualdades no país.
O economista retomou o tema em 2012 no livro “Belíndia 2.0 – Fábulas e ensaios sobre o país dos contrastes” (Civilização Brasileira), alfinetando as elites que dificultam o mercado aberto às importações. A obra recebeu o Prêmio Jabuti 2013 na categoria Economia, Administração e Negócios. No ano seguinte, em 2014, levou novamente o Prêmio Jabuti, no segundo lugar, com o título “O Futuro da Indústria no Brasil: A desindustrialização em debate”, ao lado de Monica de Bolle.
Bacha é um crítico sistemático do fraco comércio exterior brasileiro e do caráter fechado da economia brasileira. Segundo ele, o país não tem atividade vigorosa de exportação. Recentemente, no Fórum Nacional, no Rio, afirmou que o Brasil é “um anão em exportações”, mas afirmou que se vive hoje a possibilidade de uma maior integração da economia brasileira ao comércio internacional, com a sinalização do novo governo, de que está disposto a avançar com acordos comerciais.
O agora acadêmico deu aulas de Economia em diversas universidades no Brasil e no exterior. Foi pesquisador no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Também atua como consultor no setor privado e é um dos fundadores e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, um centro de pesquisas e debates no Rio de Janeiro.
Bacha é autor de inúmeros livros e artigos em revistas acadêmicas brasileiras e internacionais. Seu último lançamento é “Belíndia 2.0: Fábulas e Ensaios sobre o País dos Contrastes, de 2013. Atualmente, organiza um novo livro, “O Fisco e a Moeda: Ensaios sobre o Tesouro Nacional e o Banco Central”, que será publicado ainda este ano.
Edmar Bacha tem 74 anos e nasceu em Lambari (MG), em uma família de escritores, políticos e comerciantes. É casado com a antropóloga Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, tem dois filhos, duas enteadas e cinco netos.
Edmar Bacha é eleito para a Academia Brasileira de Letras
Economista recebeu 18 dos 33 votos na eleição realizada em 3 de novembro de 2016.
Ele ocupará a cadeira 40, que pertencia ao jurista Evaristo de Moraes Filho.
O economista é o segundo mineiro eleito para a Academia em uma semana: no último dia 27, o poeta, compositor e roteirista Geraldo Carneiro foi o escolhido para ocupar a cadeira 24.
O economista Edmar Bacha foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) na tarde desta quinta-feira (3) e ocupará a cadeira 40, sucedendo o jurista Evaristo de Moraes Filho, que morreu em 22 de julho. Os ocupantes anteriores da cadeira 40 foram o fundador Eduardo Prado, que escolheu como patrono o Visconde do Rio Branco, Afonso Arinos, Miguel Couto e Alceu Amoroso Lima.
(Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/11 – NOTÍCIA – RIO DE JANEIRO – Do G1 Rio – 03/11/2016)