Rigoberta Menchu, líder indígena da Guatemala. Foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz

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Rigoberta Menchu, líder indígena da Guatemala, conquistou o reconhecimento internacional por sua luta a favor dos direitos dos índios de seu país, que representam 60% da população e são política e economicamente marginalizados. Foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz no dia 16 de outubro de 1992, em Oslo.
O governo guatemalteco, que acusa Rigoberta de apoiar a infindável guerrilha esquerdista no país infindavelmente miserável, ficou furioso com a premiação. Os responsáveis pelo Nobel fizeram uma escolha politicamente correta, no ano em que os cinco séculos do descobrimento da América desencadearam uma onda de revisionismo histórico em torno das consequências do feito de Colombo para os povos nativos do continente.
Mulher, índia e perseguida por um governo de direita, Rigoberta preenche os requisitos da correção política. Mas, como aconteceu em 1991 com a oposicionista birmanesa Aung San Suu Kyi, o Nobel tem pelo menos a virtude de preservar a vida da premiada. Filha de um oposicionista assassinado pelos militares num país onde a violência política fez mais de 100 000 mortos e 50 000 desaparecidos nos últimos trinta anos.
Rigoberta Menchu trabalhou como camponesa e empregada doméstica. Acusada de ligações com a guerrilha, foi para o México em 1981, depois de receber ameaças de morte, onde se tornou membro do Grupo de Trabalho sobre Populações Indígenas da ONU. Com o dinheiro do prêmio (1,2 milhão de dólares), criou uma fundação em memória do pai.

(Fonte: Veja, 21 de outubro, 1992 – Edição 1258 – Datas – Pág; 112)

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