Rajiv Gandhi, ex-primeiro-ministro indiano na maior democracia do mundo

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O carma da mais célebre dinastia política indiana

Rajiv Gandhi, primeiro-ministro indiano (Foto: Wide Awake Gentile - WordPress.com/Divulgação)

Rajiv Gandhi, primeiro-ministro indiano (Foto: Wide Awake Gentile – WordPress.com/Divulgação)

 

Rajiv Ratna Gandhi (20 de agosto de 1944 – 21 de maio de 1991), ex-primeiro-ministro indiano na maior democracia do mundo.

Ex-estudante de engenharia em Cambridge, apaixonado por novidades tecnológicas, ele havia manifestado a exasperação com seu imenso, estonteante e desorganizado país ao abandonar o emprego de piloto de voos domésticos da Air India com um desabafo: “Não aguento mais trabalhar para uma companhia aérea que permite aos passageiros deitar nos corredores ou viajar de pé como se estivessem num ônibus.”

Parece carma. Na Índia milenar, com seu infindável cortejo de deuses, religiões, gurus e guerreiros, rios de sangue e espiritualidade exaltada, miséria infinita e incomensurável riqueza cultural, as marcas da roda do destino são vistas em toda parte. E o carma da família Nehru-Gandhi, a dinastia política que com poucos intervalos governou o país desde sua independência, em 1947, reencena na política o fanatismo fixado pela religião no inconsciente coletivo dos indianos.

Jawaharlal Nehru (1889-1964), foi o líder político da luta pela independência, foi a primeira pessoa a se tornar primeiro-ministro da Índia, cargo que assumiu em 1947, e até que teve um fim tranquilo, considerando-se o que veio depois: morreu de ataque cardíaco. A roda do destino ainda iria girar muito.

 

Jawaharlal Nehru

Jawaharlal Nehru líder político da luta pela independência (Foto: AbhiSays.com/Divulgação)

 

TRONO MANCHADO – Não demorou muito e começou o controvertido reinado de sua filha única, Indira – casada com o jornalista e deputado Firoze Gandhi (1912-1960) do qual se separou, que não tinha parentesco com o Mahatma Gandhi (1869-1948). Indira já tinha um herdeiro preparado: o filho caçula, Sanjay, ambicioso e prepotente como a mãe. A roda do destino deu mais uma volta em 1980, quando ele morreu fazendo acrobacias aéreas num bimotor. Relutantemente, Rajiv aceitou seu carma e foi promovido a delfim.

 

 

Sanjay Gandhi Story - (Foto: The Quint/Divulgação)

Sanjay Gandhi Story – (Foto: The Quint/Divulgação)

 

Quando a mãe foi assassinada, Rajiv se viu na cabine de comando do alucinado avião indiano com suas centenas de milhões de passageiros. Tinha 40 anos, muitas ideias novas, vontade de mudar. Queria levar a Índia para o século XXI e recebeu o apelido de “Computerji”, Senhor Computador. Num país com renda per capita de 270 dólares e 280 milhões de analfabetos, logo acabou enredado na velha politicalha, no clientelismo e, por fim, em acusações de corrupção que ajudaram a derrotá-lo em novembro de 1989.

“Acima de tudo é preciso acabar com as controvérsias a respeito de religião” , disse Rajiv à jornalista do Times. Em campanha para voltar ao poder, depois de experimentar o gosto da derrota nas urnas, ele reconhecia a enorme frustração, alimentada pelas dificuldades econômicas e as promessas não cumpridas de desenvolvimento, que arrastava o país para a tentação do extremismo. Entre uma parada e outra do Ambassador a caminho de Sriperumbudur, ele esticou os pés calçados com tênis, para enfrentar a maratona da campanha, e suspirou: “O sistema não está correspondendo às aspirações do povo.” Foi sua última entrevista.

 

 

Rajiv Gandhi foi assassinado no atentado a bomba que estraçalhou o ex-primeiro-ministro, ficando destroçado pela bomba terrorista, na etapa final da campanha eleitoral na qual era favorito para voltar ao poder, em meio a uma onda de violência que ameaçou a estabilidade da segunda nação mais populosa do mundo. O partido de Rajiv era o favorito nas eleições adiadas para junho.

(Fonte: Veja, 29 de maio de 1991 – ANO 24 – Nº 22 – Edição 1184 – INTERNACIONAL – Pág: 26)

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