Ele ajudou a projetar região do Brooklin que se tornou importante centro empresarial em São Paulo.
Arquiteto da Berrini
Carlos Bratke (São Paulo, 20 de outubro de 1942 – São Paulo, 9 de janeiro de 2017), inventor dos contornos futuristas e reluzentes das torres de aço e vidro da Berrini, na Zona Sul de São Paulo
O arquiteto e urbanista paulistano Carlos Bratke, conhecido por transformar uma região pantanosa da zona sul de São Paulo na empresarial Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, no Brooklin, acumulava cerca de 300 obras no currículo, com quase 50 anos de carreira.
Filho do modernista Oswaldo Bratke (1907-1997), o arquiteto iniciou sua carreira na década de 1960 ainda sob forte influência da chamada escola paulista de arquitetura, marcada pelo uso expressivo do concreto aparente e pela exaltação da estrutura dos edifícios como espetáculo de força e equilíbrio.
Mas Bratke logo passou a questionar a cartilha brutalista e se firmou como um dos maiores nomes entre os chamados não alinhados ao estilo que dominava as faculdades de arquitetura de São Paulo.
Ele é um dos autores do projeto de urbanização de uma região pantanosa no Brooklin que resultou na criação da Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, na Zona Sul de São Paulo.
Carlos Bratke presidiu a Fundação Bienal (entre 1999 e 2002) e o Instituto de Arquitetos do Brasil/Departamento de São Paulo (gestão 1992/1993). A ele foi conferida a comenda maior do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), o Colar de Ouro.
Na região da Berrini, Bratke construiu mais de 60 projetos de escritórios para a área. Também projetou o Parque do Povo, no Itaim Bibi, a Igreja São Pedro e São Paulo, também na capital, o Cemitério Jardim da Colina e a sede do Poupatempo, ambos em São Bernardo do Campo. Ele tinha ainda experiência internacional com projetos nos Estados Unidos, Uruguai, Israel e México.
Em 2009, um de seus trabalhos, o Edifício Oswaldo Bratke – o nome homenageia seu pai, arquiteto que viveu entre 1907 e 1997 -, foi selecionado pelo Conselho Curador do museu francês Georges Pompidou para compor seu acervo permanente.
Em suas obras, espaço não necessariamente precisava ser construído. A fascinação pelos vazios vinha de sua predileção pela modernista Lina Bo Bardi (1914-1992).
Bratke graduou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie aos 25 anos. Ao longo da carreira, dividiu-se entre criações de projetos, atividades docentes – lecionou no Mackenzie e na Belas Artes – e publicações. São de sua lavra cerca de 60 edifícios da Berrini, a Igreja São Pedro e São Paulo – nas bordas do Parque Alfredo Volpi – e o Parque do Povo.
Também assinou projetos de várias escolas públicas e particulares, centros culturais, indústrias, shopping centers, hotéis e residências. Sua consistente carreira rendeu convites para projetar no Uruguai, Israel, México e Estados Unidos. “Durante a construção, ficou minha placa lá na Quinta Avenida de Nova York”, contou o arquiteto, com indisfarçável orgulho, quando se recordava da sede de uma joalheria de luxo que concebeu, em 1999.
Berrini.
Várzea do Rio Pinheiros, a área ficou conhecida como dreno do Brooklin. Em 1975, três arquitetos – Carlos Bratke, Roberto Bratke e Francisco Collet – se instalaram no local e começaram a bolar projetos para a avenida, incluindo a drenagem do terreno. Era um bairro desvalorizado. Com as melhorias, começou ali uma urbanização acentuada, principalmente no início da década de 1980. A partir dos anos 1990, a região da Berrini se consolidou como um dos mais importantes polos comerciais paulistanos. Quarenta e dois depois, o escritório do arquiteto Carlos Bratke continua ocupando um endereço da avenida que não parou de progredir economicamente. Ele via o sucesso da janela.
Carlos Bratke morreu em 9 de janeiro de 2017, em São Paulo, segundo informou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. Bratke tinha 73 anos.
Repercussões.
“Muito entristece a impossibilidade abrupta de convívio com colegas como o Carlos Bratke – sempre atentos às questões mais importantes da profissão, sempre disponíveis quando chamados a contribuir para o desenvolvimento da Arquitetura e do Urbanismo com seus conhecimentos técnicos, sua cultura vasta, sua inteligência sem pretensão”, destacou o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-BR), Haroldo Pinheiro. “Perdi um amigo, a Arquitetura perdeu um de seus grandes nomes, os arquitetos perderam um de seus grandes defensores”, resumiu Gilberto Bellezza, presidente da seção paulista do CAU.
“Suas obras eram muito coerentes. Ele sabia otimizar os espaços como um verdadeiro urbanista”, disse Benedito Lima de Toledo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
“Ele apontou um caminho que seria uma saída pós-moderna para a Arquitetura do Brasil. Deu uma certa renovada na linguagem moderna aqui em São Paulo. Foi, talvez, um dos poucos que conseguiu incorporar uma linguagem atual sem deixar para trás a herança modernista”, avaliou o arquiteto e urbanista Henrique de Carvalho, do Ateliê Tanta.
(Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia – SÃO PAULO – Por G1 São Paulo – 09/01/2017)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/01/18 – ILUSTRADA/ Por SILAS MARTÍ de São Paulo – 09/01/2017)
(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes – ARTES – CULTURA/ Por Edison Veiga , O Estado de S.Paulo – 09 Janeiro 2017)