Wilson Ferreira Aldunate, o mais atuante líder político de oposição do Uruguai e um dos mais destacados dirigentes partidários de seu país no século XX. Aldunate, um filho de estancieiro que jamais completou seu curso de Direito, elegeu-se deputado pelo Partido Nacional, mais conhecido como Partido Blanco, em 1954, destacando-se como homem de palavra fácil e habilidade para a negociação. Entre 1962 e 1966, durante o governo blanco, ocupou o Ministério da Agricultura. Em seguida, elegeu-se senador e desenvolveu intensa campanha contra o governo de Jorge Pacheco Areco, que em 1969 decretou o estado de sítio e a censura à imprensa.
Em 1971, concorreu à Presidência e, por uma diferença de 12 000 votos, foi derrotado por Juan María Bordaberry. Apelidado de “Fiscal da Nação”, liderou a oposição nos anos seguintes, denunciando a preparação de um golpe de Estado pelos militares. Após o fechamento do Congresso, decretado por Bordaberry em 1973, e da instauração do regime de exceção, exilou-se na Argentina – viveu ainda no Peru, na França e na Inglaterra.
Em 1976, discursou no Congresso americano, relatando casos de violação dos direitos humanos pelos governantes uruguaios. O pronunciamento foi um dos elementos que levaram o presidente americano Jummy Carter a suspender a ajuda militar ao país.
Desafiando o governo, Aldunate retornou ao Uruguai em 1984. Recolhido a um quartel no interior do país, foi libertado depois da eleição que deu vitória ao atual presidente, Julio Sanguinetti. De volta à política, apoiou o governo em medidas cruciais para a transição democrática uruguaia, mas sustentou severa oposição em assuntos sociais.
Aldunate morreu dia 15 de março de 1988, aos 69 anos, de câncer, em Montevidéu.
(Fonte: Veja, 23 de março, 1988 – Edição n° 1020 – DATAS – Pág; 109)