Bette Davis (Lowell, 5 de abril de 1908 – Neuilly-sur-Seine, 6 de outubro de 1989), uma das “grandes damas” do cinema americano e uma das maiores estrelas de todos os tempos de Hollywood. Em cinquenta anos de carreira, fez cerca de uma centena de filmes e ganhou duas vezes o Oscar – em 1935, por sua atuação em Escravos do Desejo, e três anos depois, em Jezebel, além de ter sido a primeira atriz a receber o prêmio do Instituto Americano de Cinema, em 1977. O Oscar de 1938 foi um tapa de luva de pelica de Bette em seus críticos. A atriz era a mais cotada para viver o personagem de Scarlet OHara em…E o Vento Levou, mas acabou sendo preterida por Vivien Leigh, que segundo os diretores da Metro, que produziu o filme, era “mais atraente” do que Bette Davis.
Jezebel foi feito pela Warner e acabou imitando em tudo a estética de …E o Vento Levou: os dramas e amores de uma jovem de família sulista que perde tudo com a Guerra de Secessão. Mas houve uma diferença: enquanto Vivien Leigh ganhou aplausos por sua atuação ao lado de Clark Gable, mas não recebeu nenhum prêmio, Bette Davis ganhou a honraria máxima da Academia de Cinema de Hollywood.
No entanto, não foi o papel de mocinha que consagrou Bette Davis. Muito pelo contrário. Ela se tornou popular em todo o mundo pelas suas interpretações de mulheres más, mais condizentes com seu tipo físico. Ela não tinha o charme de outras estrelas do cinema, como Marlene Dietrich ou Ingrid Bergman, e seu olhar frio inspirava mais distanciamento e reverência do que ternura. Como anti-heroína, a atriz fez sucesso em filmes como O que Aconteceu a Baby Jane, de 1962, e A Malvada, de 1950, que virou uma espécie de sua marca registrada.
Sofrendo de câncer havia vários anos, mesmo assim Bette Davis não parou de trabalhar, seguindo o caminho inverso de outra deusa do cinema, Greta Garbo, que na década de 40 se afastou das telas. “Minha vida é meu trabalho. Não sei fazer outra coisa”, costumava dizer. Nos últimos anos, Bette Davis havia se afastado de Hollywood, cansada do que chamava “o estereótipo” do atual cinema americano, e passara a filmar na Europa. Seu último trabalho foi As Baleias de Agosto, feito em 1988. “Dizem que eu sou uma lenda viva, mas discordo. Todas as lendas estão mortas – eu não”, afirmou ela, de forma característica, em sua última entrevista, no início de outubro de 1989. Bette Davis morreu dia 6 de outubro de 1989, aos 81 anos, de câncer, em Paris.
(Fonte: Veja, 18 de outubro de 1989 – Edição 1101 – DATAS – Pág; 107)