Foi a primeira mulher ministra da Espanha

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Por mais de cinco décadas, a militante anarquista Federica Montseny foi uma intelectual e dirigente política que permaneceu como força poderosa no seio do movimento anarquista espanhol

 

Por mais de cinco décadas, a militante anarquista Federica Montseny foi uma intelectual e dirigente política que permaneceu como força poderosa no seio do movimento anarquista espanhol até sua morte em 1994.

Por mais de cinco décadas, a militante anarquista Federica Montseny foi uma intelectual e dirigente política que permaneceu como força poderosa no seio do movimento anarquista espanhol até sua morte em 1994.

Federica Montseny i Mañé (Madri, 12 de fevereiro de 1905 – Toulouse, França, 14 de janeiro de 1994), foi uma das organizadoras do grupo anarquista Mujeres Libres, e participou ativamente na Guerra Civil Espanhola

Federica Montseny nasceu em Madri em 1905. Era filha única do famoso casal de anarquistas catalães, Federico Urales e Teresa Mane, ambos educadores, por isso Mantseny nunca freqüentou uma escola formal, foi educada por sua mãe que seguiu os métodos da educação libertária de Maria Montessori e Ferrer i Guardia.

Aos 17 anos Federica ingressa na clandestinidade, já como militante anarquista da poderosa CNT ( Confederação Nacional dos Trabalhadores). Neste período contribui para inúmeras publicações do movimento anarquista como o jornal Solidariedad ObreraTierra y Libertad e Nueva Senda, entre outros. Publica seu primeiro romance, com o título de “Montsan Blanca”, na séria “La Novela Roja

Como escritora e intelectual, Federica foi editora de cultura da Editora fundada por seus pais, responsável pela publicação das mais importantes revistas teóricas de difusão dos ideais anarquistas. Ela criou a série “ La novela Ideal ” e “ La Libre Novela”, escrevendo muitos dos romances sozinha. Seus temas como escritora sempre foram em torno da questão da emancipação da mulher. Nos inúmeros romances, contos e artigos para a imprensa anarquista ela analisava as origens da deplorável situação da mulher na sociedade espanhola.

Mentseny tinha 25 anos quando foi proclamada a II República Espanhola. Casada com o também anarquista Germinal Esgleas e mãe de uma criança, ela mantinha sua dedicação ao trabalho editorial e a militância sindical, o que a tornava um modelo da mulher moderna espanhola.
Como militante da CNT ela viajou por toda a Espanha durante o primeiro semestre de 1930, participando de plenárias e reuniões sobre sindicalismo e políticas locais de trabalho, também contribuiu para criação de inúmeros sindicatos.

Montseny tinha raro talento para falar em público, o que lhe proporcionou uma ascensão política em um curto espaço de tempo no sindicalismo anarquista espanhol, tornando-a uma proeminente dirigente da CNT.

Em novembro de 1936 no primeiro ano da Guerra Civil Espanhola, quando, pela primeira vez na história, os anarquistas aceitam participar de um governo, Federica Mantseny foi nomeada para o cargo de Ministra da Saúde Pública e Assistência pelo governo do Primeiro-Ministro socialista Largo Caballero.

Durante seis meses como ministra da saúde, Montseny iniciou uma série de medidas que foram considerados inéditas e à frente de seu tempo. Ela começa mudando o perfil do Ministério, enfrentando a burocracia em favor da eficiência e criando políticas voltadas para integrar as mulheres na liderança das ações.

Nos poucos meses que ela dirigiu a pasta, estabeleceu as bases para o que seria o programa republicano na área da saúde e assistência. Criou um programa para refugiados de guerra; financiamentos para construção de casas de repouso das tropas; estabeleceu um programa nacional de casas para crianças órfãs durante a guerra e uma série de reformas voltadas para a saúde da mulher.

Esta visão progressista favoreceu as políticas de educação sexual e planejamento familiar que implantou. Todavia a medida mais significativa que marcou época foi a aprovação do projeto pioneiro de legalização do aborto, chamado estatuto jurídico de interrupção da gravidez.

Outra inovação foi a criação dos “ Liberatórios de prostitucion”, que eram casas para mulheres que estavam tentando se libertar da prostituição. Além disso, lançou uma campanha nacional para evitar a propagação de doenças venéreas através da educação e da vacinação entre civis e militares.

Em 1937 a partir da queda do governo de Largo Caballero e o início do controle total do governo pelos comunistas ( stalinistas) que encerravam assim a inédita experiência de um governo democrático com a participação de todas as forças de esquerda, os anarquistas se recusam a aderir ao novo primeiro ministro Negrin e, incluindo Montseny, deixam seus cargos.

No período em que foi ministra, Federica Montseny também ocupou vários cargos políticos na CNT e na FAI: Presidente da Comissão UGT-CNT; Secretária de Propaganda do Comitê Nacional da CNT e integrante do Comitê Peninsular da FAI. Durante o último ano da guerra, ela permanece em Barcelona com sua família. No final da guerra, em 1939, ela foge para o exílio na França.

Na França, até a ocupação alemã, Montseny se ocupou da reconstrução da CNT no exílio. Em 1942 ela é presa em Perugueux e mais tarde em Lomoges, onde aguardou a extradição para a Espanha. No entanto, como estava grávida de seu terceiro filho, conseguiu que sua extradição fosse negada, ficando assim em prisão domiciliar a te o fim da guerra.

Durante o longo exílio, que foi o destino de muitos espanhóis após o final da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial, continuou sua militância política, participando do movimento anarquista após a libertação da França em 1944.

Ela colaborou com o jornal anarquista da CNT, “L’ Espoir” publicado em Toulouse, viajou por toda a Europa fazendo palestras e denunciando a ditadura de Franco, simultaneamente apoiava a continuação da existência do sindicalismo anarquista da CNT no exílio.

Ao contrário da maioria dos exilados ativistas que haviam retornado à Espanha após o restabelecimento da democracia, Montseny optou por fixar residência em Toulouse. Durante os breves períodos em que esteve na Espanha, ela esteve na Catalunha, iniciando uma nova luta, que levou adiante até sua morte em 1994, que foi a recuperação da “outra” história da revolução espanhola, que, por razões óbvias, tinha sido banida da memória coletiva. A história de uma revolução social levado a cabo pela classe trabalhadora espanhola que teve na experiência autogestionária seu maior legado.

Federica Montseny faleceu em 14 de janeiro de 1994, aos 89 anos em Toulouse. No final de sua vida, ela foi reconhecida, não só pelo movimento anarquista, como símbolo de mulher revolucionária que sempre esteve a frente do seu tempo.

Sua história é mais uma que compõe um série de “esquecimentos” que a história feita pelos “vencedores” procura apagar da memória coletiva. Hoje, em pleno século XXI, a situação de opressão e exploração das mulheres no capitalismo continua tão brutal quanto na época de Federica, e por isso seus projetos de políticas públicas que foram pioneiros continuam na pauta da luta das mulheres na atualidade, como a questão do aborto por exemplo.

(Fonte: http://economiasocialistads.blogspot.com.br/2009/03 – UMA ANARQUISTA NO PODER – A BATALHA/ por Paulo Marques – 4 DE MARÇO DE 2009)

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