MEGERA COM CAUSA
Carlota Joaquina Teresa Cayetana (Aranjuez, 25 de abril de 1775 – Queluz, 7 de janeiro de 1830), princesa, foi considerada uma das principais articuladoras políticas do reino português, as vezes chamada de a “Megera de Queluz”, foi a esposa do rei D. João VI e Rainha Consorte do Reino de Portugal e Algarves de 1816 até 1826, e também Rainha Consorte do Reino do Brasil até 1822.
Filha do rei espanhol Carlos IV, e da rainha da Espanha Maria Luisa de Bourbon (1751-1819), à filha Carlota Joaquina, fugiu para o Brasil com o marido, o monarca português dom João VI, foi uma ferrenha defensora do regime absolutista de seu país natal.
Por isso, seus objetivos chocavam-se com os de todos à sua volta: as cortes portuguesa e inglesa, os liberais espanhóis e os que lutavam pela independência das colônias. Em 1806, tentou um golpe contra o marido, alegando sua insanidade – sua primeira demonstração de “apetite pelo poder”. Conforme sugere a correspondência da época, dom João VI padecia de fato de depressão. “O príncipe está cada vez pior da cabeça”, reclama Carlota em carta ao pai.
Mulher de dom João VI, o rei português que aportou com a família real no Rio de Janeiro em 1808, a princesa tornou-se um personagem histórico popular nos últimos anos, graças ao cinema e à televisão, a retrataram-na de maneira semelhante: irascível, grosseira, ninfomaníaca e sedenta de poder.
Seu caráter explosivo fazia jus à sua fama de megera. Num de seus arroubos, ela mandou açoitar o representante diplomático americano no Rio de Janeiro, simplesmente porque não a reverenciou na rua.
TRATADO SOBRE AS INTRIGAS POLÍTICAS DA ÉPOCA
Outra ideia muito difundida era de que Carlota Joaquina almejava criar um reino só seu na região do Rio da Prata. As cartas comprovam a tese de que, na verdade, como sua família fora deposta pelas tropas do francês Napoleão Bonaparte, o objetivo de Carlota seria comandar, a partir de Buenos Aires, a resistência do império espanhol.
Ela chegou a doar suas joias para financiar uma campanha militar contra o avanço dos adeptos da independência em Montevidéu. O “carlotismo” teve numerosos partidários na região. Apesar de sua desenvoltura, Carlota amargou quase que só frustrações políticas. Sua única conquista verdadeira veio no fim da vida: ela conseguiu colocar no trono de Portugal o seu filho dom Miguel, plenamente identificado com seus ideais políticos.
(Fonte: Caras, 16 de janeiro de 2008 Edição nº 741 Citações)
(Fonte: Veja, 26 de novembro de 2003 – ANO 36 – Nº 47 – Edição 1830 – Livros/ Por Marcelo Marthe – “Carlota Joaquina na Corte do Brasil”, de Francisca Nogueira de Azevedo – Pág: 178/179)