MICHELE SINDONA, FINANCEIRO ITALIANO PRESO
Michele Sindona (nasceu em Patti, Itália, em 8 de maio de 1920 – faleceu em Voghera, Itália, em 22 de março de 1986), ex-banqueiro italiano, condenado à prisão perpétua por assassinato, falência fraudulenta e envolvimento com a Máfia e a loja maçônica P-2.
Sindona, um dos financistas mais bem-sucedidos da Itália, cujo império ruiu em meio a acusações de fraude e assassinato, também atuou como consultor financeiro do Vaticano, que perdeu milhões de dólares em negociações com ele.
Michele, o mentor da maior falência bancária da história dos EUA e o homem que abalou o império financeiro do Vaticano, foi condenado por um tribunal de Milão à prisão perpétua depois que Sindona foi condenado por pagar ao gangster americano William Arico US$ 50.000 para assassinar o advogado milanês Giorgio Ambrosoli em julho de 1979.
O mago financeiro, que já foi chamado de “o italiano mais bem-sucedido desde Mussolini”, foi extraditado dos Estados Unidos para a Itália em setembro de 1984 para ser julgado pelas transações financeiras fraudulentas que levaram ao colapso de seu Banca Privata Italiana e ao assassinato de Ambrosoli, o advogado nomeado para liquidar seu falido banco italiano.
Antes da extradição, Sindona cumpriu uma pena de prisão de 25 anos proferida por um tribunal de Nova York em 1980 por fraude em conexão com a quebra do Franklin National Bank em 1974, que Sindona havia comprado dois anos antes. Investigadores mais tarde descobriram que US$ 20 milhões foram perdidos em negociações de câmbio.
Na época, o Franklin era o 20º maior banco dos Estados Unidos e o maior banco segurado pelo governo federal falir.
Sindona também foi consultor financeiro do Vaticano desde 1969, quando começou a aconselhar o Papa Paulo VI sobre como vender a parte da Igreja Católica Romana em uma empresa de desenvolvimento que era dona do edifício Pan Am em Paris, do edifício da Bolsa de Valores de Montreal e do complexo Watergate em Washington.
Sindona também esteve envolvido no assassinato do advogado Giorgio Ambrosoli em 1979; sendo condenado em 1986 à prisão perpétua como mandante do assassinato.
Encarcerado em uma prisão de alta segurança de Voghera, Sindona prometeu fazer revelações, mas morreu misteriosamente em sua cela, ao ingerir café contendo cianeto de potássio. O inquérito sobre a morte de Sindona concluiu que se tratara de suicídio.
Sindona faleceu dia 22 de março de 1986, aos 65 anos, por envenenamento, no presídio de Voghera, Itália.
Sua morte misteriosa tirou de cena um homem que estava no centro de muitos dos mais importantes escândalos financeiros e políticos recentes da Itália.
Políticos e jornalistas italianos foram praticamente unânimes em acreditar que o Sr. Sindona possuía informações que poderiam ter sido embaraçosas para muitos italianos influentes.
O próprio Sr. Sindona foi citado dizendo antes de morrer: ”Eles têm medo de que eu revele alguma informação muito delicada que eles não querem que seja divulgada.”
Ainda não se sabia se o Sr. Sindona foi assassinado ou cometeu suicídio. Mas Francesco De Socio, o promotor público em Voghera, disse aos repórteres: ”Não há possibilidade de considerar que a morte foi devido a causas naturais.”
O Sr. Sindona foi levado ao hospital Voghera, perto de Milão, na manhã de quinta-feira, após desmaiar em sua cela de prisão. Testes encontraram uma grande quantidade de cianeto em seu sistema. Os investigadores estão investigando como o cianeto pode ter chegado ao Sr. Sindona, que estava sob forte vigilância e cuja comida chegou em recipientes lacrados.
O Sr. Sindona tentou suicídio uma vez em 1980. Enzo Biagi, um conhecido jornalista de televisão italiano que entrevistou o Sr. Sindona na última terça-feira, depois que ele foi condenado à prisão perpétua por cometer um assassinato, disse que o Sr. Sindona não parecia um homem prestes a cometer suicídio.
O Ministro da Justiça italiano, Mino Martinazzoli, disse ao Parlamento na sexta-feira que um guarda na prisão de Voghera teria ouvido o Sr. Sindona dizer, pouco antes de desmaiar: ”Eles me envenenaram.” Mas o Sr. Martinazzoli disse que não podia descartar suicídio.
(Direitos autorais: https://www.upi.com/Archives/1986/03/22 – United Press International/ Arquivos UPI – VOGHERA, Itália – 22 de março de 1986)
(Direitos autorais: https://www.nytimes.com/1986/03/23/archives – New York Times/ ARQUIVOS/ Arquivos do New York Times/ Por E. J. Dionne Jr., especial para o New York Times – 23 de março de 1986)
(Fonte: Revista Veja, 2 de abril de 1986 – Edição 917 – DATAS – Pág; 75)