José Maria Rodrigues Alves, o Zé Maria, o maior lateral-direito da história do Corinthians.

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O dono do pedaço – Zé Maria – 1970 a 1983

A infância na roça e a forte influência do pai, um ex-jogador de futebol, forjaram aquele que se tornaria o maior lateral-direito da história do Corinthians. José Maria Rodrigues Alves, o Zé Maria, começou a jogar bola quando criança numa fazenda perto de Botucatu, interior de São Paulo. “Lá em casa era mais ou menos assim: no Natal, eu e mais dois irmãos, os três mais velhos, ganhávamos uma bola de presente do pai. Os outros três, mais novos, ganhavam carrinhos.”

E assim o segundo filho mais velho de Durvalino, corintiano fanático que insistia para que os rebentos fossem alvinegros, começou a se destacar nos torneios mirins e infantis e num campeonato chamado Bamba dos Bairros. Nessa época, começo dos anos 60, suas virtudes já eram aquelas que iriam torná-lo tão adorado pelos corintianos: o fôlego interminável, a entrega em campo e a raça, apesar do físico franzino. “Eu jogava bola e estudava. Isso (o estudo)meu pai nos cobrava muito.”

Zé Maria estreou no futebol jogando pela Ferroviária de Botucatu. Jamais esquecerá de seu primeiro jogo como profissional, em 1966, contra o Nacional. Foi uma experiência traumática para um jogador de 21 anos marcar, pelo lado direito da defesa, ninguém menos do que Canhoteiro. “Eu era magrinho, carequinha, e tomei um vareio do Canhoteiro, que estava em fim de carreira no Nacional, mas era o Canhoteiro. Perdemos de 5 a 1 e pensei que não jogaria nunca mais.”

Livre de Canhoteiro, Zé Maria se destacou naquela temporada e assinou um contrato com a Portuguesa, em que ficou por três anos antes de, enfim, defender seu clube de coração, para a imensa alegria de Durvalino. “Prometi que conquistaria pelo menos um título para ele.”

Zé Maria fez muito mais do que isso. Títulos, ganhou quatro: os Paulistas de 1977, 79, 82 e 83. Tornou-se o quarto maior jogador da história do clube em número de jogos. Virou ídolo da Fiel e um jogador respeitado por torcidas rivais. “Minha despedida foi num Corinthians e Palmeiras, em 83. Não joguei, apenas dei uma volta olímpica. O Morumbi inteiro me aplaudiu. Nunca esqueci disso”, conta, emocionado.

Nos 13 anos de Corinthians, ele deu fama ao apelido que, na verdade, ganhou na Lusa: Super Zé. “Isso foi coisa do Walter Abrahão (radialista). Depois vieram Cavalo de Aço e Muralha”, relembra. “Chegava junto mesmo, parava a jogada com o corpo. O Caju (Paulo César, colunista do JT) sempre dizia: trombar com o Zé não é brincadeira.” Aos 60 anos, com três filhos, Zé Maria, que trabalha com jovens da Fundação Casa, vive numa casa na Zona Norte e ainda assiste aos jogos do Corinthians no Pacaembu.

(Fonte: Estadao.com.br – 18/01/10 – Seção: Ídolos / Por andrerigue- JORNAL DA TARDE)

”O texto abaixo foi escrito para o site da Federação Paulista de Futebol. Entrevistei Zé Maria na Sede da FPF no dia 03 de dezembro. Na ocasião, ele foi divulgar o projeto esportivo que dirige na Fundação CASA (antiga FEBEM). Conversamos sobre sua carreira, o projeto com os meninos infratores e o atual time corintiano”

Humilde, batalhador e guerreiro, bem ao estilo corintiano. Este era o jogador José Maria Rodrigues Alves, ou simplesmente Zé Maria. Lateral-direito de força física, habilidade e vigor, se destacou na Portuguesa no fim da década de 60, o que lhe rendeu a convocação para a Copa do Mundo de 1970 e a contratação pelo Corinthians, no final daquele mesmo ano. Em 13 anos no Parque São Jorge, vestiu a camisa do clube 595 vezes, sendo o quarto jogador que mais atuou pelo time na história. “Graças a Deus sou um ídolo do Corinthians. É um time sensacional, que sempre me motivou bastante a jogar. Quando era criança, lá em Botucatu, já era um corintiano apaixonado e jogar pelo meu time do coração foi a realização de um sonho”, afirma o “Super-Zé”, como ficou conhecido.

Atualmente, como supervisor do projeto esportivo da Fundação Casa, antiga Febem, Zé Maria afirma que o brilho do esporte é sensacional, em qualquer setor da sociedade. “E lá na Fundação Casa não é diferente. Notamos uma mudança significativa no comportamento dos meninos, e é esse o nosso objetivo.”

Entre tantas partidas pelo Corinthians, uma é especial para o ex-jogador profissional. “Foram tantos jogos especiais, decisivos, marcantes para qualquer jogador. Mas acho que a mais marcante na minha carreira e até na minha vida foi a final do Campeonato Paulista de 1977, contra a Ponte Preta, no Morumbi. Os três jogos foram maravilhosos, os estádios lotados, mas a partida decisiva foi impressionante. Nunca vi o Morumbi como daquele jeito”, diz Zé Maria, que foi quem deu início à jogada do gol de Basílio, que deu o título estadual para o time depois de 23 anos sem conquistar nenhum campeonato.

“Meus pais trabalhavam na roça e quando vim jogar bola na capital trouxe toda a minha família para cá. Sou o grande responsável pelos meus familiares estarem em São Paulo agora”, afirma. Com um excelente desempenho na Portuguesa, clube no qual chegou em 1968, Zé Maria foi convocado para a Copa do Mundo de 1970, onde foi tricampeão mundial com a Seleção na reserva do capitão Carlos Alberto Torres – outro título marcante de sua carreira. “Aquela Seleção foi a mais completa que existiu, tanto dentro como fora de campo. Tínhamos um treinador excelente (Zagallo) e que nos permitia um relacionamento maravilhoso de aprendizagem. Tínhamos a missão de reverter a má imagem deixada em 1966″, revela Zé, que diz se sentir privilegiado por ter jogado com Pelé. “Incrível. O mais interessante era a simplicidade que ele tinha, o comportamento sempre humilde com todos. Fico até sem palavras para expressar tamanha alegria.”

Logo depois da Copa, o lateral foi contratado pelo Corinthians em uma negociação confusa, porque a Portuguesa não queria liberá-lo. Em novembro de 1970, Zé Maria estreou com a camisa alvinegra em uma derrota para o Grêmio, por 1 a 0. A partir daí sua carreira só cresceu. Ganhou três títulos paulistas como jogador (1977, 1979 e 1982). “Começamos a ganhar vários títulos. Me lembro de um gol que foi muito importante para a história do Corinthians, contra o Internacional, pela Libertadores da América. Foi o primeiro gol do Corinthians em uma Libertadores”, relembra. As boas atuações levaram a mais uma convocação, desta vez para a Copa do Mundo de 1974, na qual foi titular. O Brasil foi eliminado na segunda fase e Zé Maria voltou para o Corinthians.

Convocado mais uma vez, para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina, Zé Maria foi cortado por uma contusão. Durante este período, teve seu nome mais uma vez carimbado na história do Corinthians por fazer parte da chamada Democracia Corintiana, com Wladimir, Sócrates, Casagrande e outros craques. Em 1983, os próprios jogadores pediram para que ele se tornasse treinador da equipe. Assumiu o cargo e conquistou o título paulista daquele ano, o quarto em sua carreira e o primeiro como técnico. Encerrou a carreira em 1983 para ficar na história do clube.

Entre os elencos que marcaram época no Corinthians, ele relembra alguns anos em que o Corinthians teve grandes jogadores mas não conquistou nenhum título. “O time de 1974 era maravilhoso. Tínhamos um grande entrosamento e jogávamos um futebol bonito de se ver. No entanto, perdemos a final do Campeonato Paulista para o Palmeiras. Faz parte do futebol, essas coisas. Em 1978 nosso time era muito forte também e não ganhamos nada”, lembra.

(Fonte: Matéria editada no site da Federação Paulista de Futebol http://www.futebolpaulista.com.br)

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