Legendário jornalista polonês, ícone da reportagem
Ryszard Kapuscinski (1932-2007), correspondente de agência polonesa, cobriu 50 países por 10 anos, legendário jornalista polonês, ícone da reportagem. Ele foi eleito o maior jornalista do século 20. Em uma carreira sem paralelo, Ryszard Kapuscinski transformou o humilde ofício da reportagem em arte literária, fazendo crônicas de guerras, golpes e revoluções sangrentas que sacudiram a África e a América Latina nos anos 1960 e 1970.
Nascido em Pinsk, no que é agora a Bielorrússia, Kapuscinski embarcou na carreira jornalística depois de cursar a universidade em Varsóvia. Em 1964, ele se tornou o único correspondente estrangeiro da Agência de Imprensa Polonesa, e pelos 10 anos seguintes foi responsável por 50 países. Ele viajou pelo Terceiro Mundo durante os estágios finais do colonialismo europeu, testemunhando 27 revoluções e golpes.
Cruzou a fronteira entre reportagem e ficção ou, de uma forma menos polida, inventou. Legendário jornalista polonês, ícone da reportagem. Kapuscinski estava experimentando em jornalismo. Ele não estava preocupado em ter cruzado a fronteira entre jornalismo e literatura. Seus livros eram maravilhosos e preciosos. Mas, em última análise, eles pertencem à ficção.
Ele manteve dois cadernos de notas um para registrar fatos mundanos usados em reportagens enviadas a Varsóvia por telex e outro para impressões surgidas da observação. Essas últimas seriam a base de seus livros amplamente aclamados, entre eles A Guerra do Futebol (Companhia das Letras, 2008), sobre o conflito de 1969 entre Honduras e El Salvador em razão de partidas de futebol, e O Imperador (Companhia das Letras, 2005), um brilhante estudo do extraordinário e sangrento Haile Selassié, da Etiópia. Ele também publicou Imperium, considerado o melhor estudo sobre a queda da União Soviética. O legendário jornalista polonês, que repetidas vezes cruzou a fronteira entre reportagem e ficção, morreu aos 74 anos.
(Fonte: Zero Hora – Edição n° 16 266 – Ano 46 – CULTURA – Jornalismo – The Guardian – 6 de março de 2010 – Pág; 2)