Alexei Nikolaievitch Kossiguin (1904-1980), ex-primeiro ministro da União Soviética.

0
Powered by Rock Convert

Alexei Nikolaievitch Kossiguin (1904-1980), ex-primeiro ministro da União Soviética. Líder do país por dezesseis anos, ele renunciou em outubro de 1980. Primeiro-ministro soviético de 1964 a 1980. Nasceu no dia 21 de fevereiro de 1904, em São Petersburgo. Membro do Partido Comunista em 1927, ocupou diversos ministérios a partir de 1939. Kossiguin tinha 13 anos quando os bolchevistas tomaram Moscou, 35 quando entrou para o Comitê Central do PC e 54 quando subiu ao Politburo. De resto, sua vida se compôs de sucessivas promoções até 1964 – quando Nikita Kruchev foi derrubado e ele assumiu, ao lado de Brejnev, o poder máximo do país.

Desde então, por dezesseis anos, os dois dividiram as decisões – mas, após três anos iniciais de maior influência e até algumas viagens ao exterior, Kossiguin foi relegado por Brejnev a um segundo plano – e dali não mais saiu, embora fosse ainda uma figura-chave do poder, só ausente nas questões de política externa e segurança.

DEVERES – Tecnocrata aplicado, economista de respeito, Kossiguin sobreviveu aos expurgos dos anos 30 e à batalha entre os herdeiros de Stalin, alongando seus anos de poder à custa de sua falta de ambição. “Sucessivos líderes viram sua competência, nenhum o temeu como rival”, diz dele o ex-secretário de Estado Henry Kissinger. Ele sabia ser pragmático no governo – queria aproximação com o ocidente, não queria a invasão da Checoslováquia. Mas foi sempre inflexível na ideologia: aproximando-se dos Estados Unidos, dizia sempre, era entregar o mercado soviético ao inimigo. Preso aos deveres, chegou a esperar o fim de um desfile militar, em 1967, para só depois ir ao hospital onde sua mulher, Klaudia, havia morrido.

Nos últimos anos a saúde o abandonou, e, após três enfartes, desde 1976, já se falava dele, ainda no poder, como algo do passado. Quando Kossinguer morreu, no dia 19 de dezembro, a televisão soviética nada informou – talvez, para não estragar a festa de 74 anos do presidente Leonid Brejnev. Só 24 horas depois se revelou, enfim, que o ex-primeiro-ministro sofrera, aos 76 anos, um quarto e fatal ataque cardíaco, num hospital de Moscou, e que a cremação foi marcada para terça-feira. Assim agindo, o Kremlin deu à biografia de Kossinguin um toque final de coerência: embora mais estimado pelos soviéticos do que seus colegas de cúpula, ele foi sempre uma figura cinzenta na vida política soviética, mesmo tendo grande poder e vivendo no topo da hierarquia do país. E ele deixa a cena soviética de modo indefinido: não se sabe se suas cinzas ficarão ao lado dos grandes heróis, como Lênin e Stalin, ou no cemitério de Novodevich, no subúrbio de Moscou – discreto destino, por exemplo, de Kruchev e do ex-presidente Anastas Mikoyan.

(Fonte: Veja, 17 de dezembro, 1980 – Edição n.º 641 – Datas – Pág; 107 – UNIÃO SOVIÉTICA – Pág; 32)

Powered by Rock Convert
Share.