Raft: fama sinistra
(Crédito da foto: CORTESIA Getty Images / REPRODUÇÃO /DIREITOS RESERVADOS)
George Raft (Hell’s Kitchen, Nova Iorque, Nova York, 26 de setembro de 1895 – Los Angeles, Califórnia, 24 de novembro de 1980), ator americano. Foi pugilista, eletricista, jogador de beisebol e dançarino de cabarés antes de se tornar ator. Em 1969, George então com 74 anos e quase no fim de uma carreira de sessenta filmes iniciada quarenta anos antes, em 1929, aceitava aliviado um cheque em branco que o amigo Frank Sinatra lhe enviara para tentar tirá-lo de uma situação de total bancarrota – incluindo impostos atrasados da ordem de 75 000 dólares. Nasceu no dia 26 de setembro de 1895, em Nova York. Tornou-se astro após o sucesso do filme Scarface, chegou a ser considerado nos anos 30 do século XX como um dos três gânsgters mais populares do cinema: os outros dois eram Edward G. Robinson e James Cagney.
Raft, uma figura que gerações inteiras identificaram como o homem mau por excelência do cinema, estava praticamente na mesma penosa situação de insolvência – bem ao contrário de sua velha amiga Mae West. Até o fim, contudo, viu-se obrigado a manter a imagem que o consagrou na tela – a de um homem duro e frio, o clássico gangster de Hollywood, embora na verdade sua personalidade fosse bem mais pacífica. “Essa imagem”, dizia resignado Raft, “foi um truque, a única forma pela qual o público me aceitava.”
De fato, ator de recursos limitados mas bailarino de reconhecida competência, Raft acabou especializando-se em papéis de vilão e de aventureiros de mau caráter – o mais famoso deles, o gangster “Guido Rinaldo”, que em “A Vergonha de uma Nação”, de 1932, passava o tempo jogando uma moedinha para o alto. Pouco preocupado com papéis mais sólidos, Raft deixou passar a oportunidade para estrelar dois filmes importantes, “Relíquia Macabra” e “Casablanca” – que caíram nas mãos do amigo Humphrey Bogart. Consciente de suas limitações, alguns anos antes de morrer, Raft dizia: “Sei que nunca fui bom. Mas também não fui tão mau”.
Raft faleceu no dia 24 de novembro de 1980, aos 85 anos, consumido por uma enfisema, em Hollywood, Estados Unidos.
(Fonte: Veja, 3 de dezembro, 1980 – Edição 639 – Datas – Pág; 119 – Memória – Pág; 123)