Guru, do Gang Starr, morre aos 43 anos
Rapper lutava contra um câncer há mais de um ano; leia carta escrita por ele aos fãs enquanto estava no hospital
O rapper norte-americano Guru, do grupo Gang Starr, morreu na segunda-feira, 19 de abril de 2010, aos 43 anos, vítima de câncer, segundo informou o site da MTV britânica.
Em comunicado à imprensa, o produtor Solar, parceiro de Guru, disse: “O mundo perdeu um dos melhores MCs e ícones do hip-hop de todos os tempos – meu melhor amigo, parceiro e irmão, Guru.”
Em março, Guru entrou em coma após sofrer um ataque cardíaco e passar por uma cirurgia, mas parecia estar se recuperando. Segundo Solar, o rapper batalhava contra um câncer há um ano. “Este era um assunto que Guru queria preservar até que se recuperasse, mas, tragicamente, isso não aconteceu. O câncer o levou. Agora, o mundo perdeu um grande homem e um verdadeiro gênio.”
Formado em 1985, o Gang Starr, que também contava com o DJ Premier, se tornou um dos grupos mais famosos de hip-hop de Nova York. Com hits como “Ex-Girl to the Next Girl” e “Positivity”, o duo lançou seis álbuns de estúdio entre 1989 a 2003.
Guru também ficou famoso por liderar o projeto Jazzmatazz, lançando quatro álbuns com um gênero que misturava o hip-hop e o jazz.
Últimas palavras de Guru
Solar divulgou à imprensa uma carta que Guru escreveu aos fãs quando estava no hospital. “Para os fãs que o apoiaram, eu posso dizer o quanto isso significa para mim e para o Guru. Ele preparou essa carta aos fãs enquanto estava no hospital”, disse o produtor. “Espero que agora Guru tenha ido para um lugar melhor.”
Na carta, Guru explica sua doença, agradece aos fãs e a Solar, além de deixar claro que não quer seu nome ligado ao DJ Premier, ex-parceiro do Gang Starr. No entanto, ele não entrou em detalhes sobre o motivo da separação e desentendimento da dupla. Leia abaixo a carta na íntegra:
“Eu, Guru, estou escrevendo esta carta aos meus fãs, amigos e pessoas que amo. Eu tive uma longa batalha contra o câncer e sofro com essa doença há mais de um ano. Todas as opções médicas já se esgotaram.
Eu tenho uma organização sem fins lucrativos, chamada Each One Count, que ajuda crianças que sofreram abusos e desfavorecidas de todo mundo, além de apoiar pesquisas para encontrar a cura dessa terrível doença que levou minha vida. Escrevo isso com lágrimas nos olhos, não de tristeza, mas de alegria pela vida maravilhosa que tive e por todas as pessoas incríveis que eu tive o prazer de conhecer.
Meu fiel melhor amigo, parceiro e irmão, Solar, esteve do meu lado durante todo o processo. Ele esteve comigo em todas as vezes que fiquei no hospital, nas operações, visitas médicas e em casa, além de cuidar de coisas que eu não podia cuidar sozinho. Solar e sua família são a minha família e eu os amo muito, e espero que minha família, amigos e fãs respeitem isso, sem negligenciar os sentimentos de ninguém sobre o assunto. É o meu desejo que conta. Dito isto, quero que meu filho KC seja cuidado por Solar e sua família como se fosse deles. Qualquer prêmio ou tributos devem ser aceitos, organizados e aprovados por Solar em meu nome e do meu filho até ele se tornar maior de idade.
Não quero que meu ex-parceiro DJ [Premier] tenha algo a ver com meu nome em eventos, tributos, e etc., e meus advogados já estão cientes disso. Eu não tenho nada a ver com ele há sete anos e não quero nada dele relacionado ao meu nome durante a morte. Solar sabe sobre minha história de vida e minha situação familiar, bem como a verdadeira razão da minha separação com DJ.
Como o único fundador do Gang Starr, sou muito orgulhoso pelo que o grupo significou para a música e para os fãs. Estou igualmente orgulhoso pela influência do meu projeto Jazzmatazz e de ter sido um dos pais do Hip-Hop/Jazz. Estou ainda mais orgulhoso pela minha liderança e pioneirismo em revigorar o gênero Hip-Hop/Jazz, com o Jazzmatazz, em um momento em que a qualidade da música decaiu.
Eu e Solar fizemos turnês em lugares que nunca estive antes com Gang Starr ou Jazzmataz, e nós ganhamos a reputação de sermos os melhores e mais influentes no gênero até hoje. O trabalho que fiz com Solar representa um legado muito além de seu tempo. E nós, como um time, não tivemos medo de dar o pontapé inicial. Para mim, isso é o que artistas de verdade fazem! Como homens de honra nós estivemos acima da mentalidade pequena, ganância e ignorância. Sempre estarei feliz e orgulhoso por nós termos lutado pela música sem ganhar milhões. E gostaria de agradecer os milhares de fãs que viram a gente se apresentar durante esses anos em vários lugares do mundo.
Espero que a nossa música receba a atenção que merece, pois são alguns dos melhores trabalhos que eu fiz e representa alguns dos melhores anos da minha vida.”
(Fonte: www.rollingstone.com.br 20 de abril de 2010 Nova Da Redação)