Flamínio Bollini Cerri (1924-1978), diretor de teatro, nascido em Milão, foi contudo um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro nos anos 50, quando dirigiu “Ralé”, de Górki, “Mortos sem Sepultura” (1954), de Sartre, sobre a Resistência Francesa e a repressão nazista no período da II Guerra, que soa pesado para público e crítica, resultando num fracasso para o Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo, e regressa a São Paulo em 1956 a convite de Sandro Polloni para assumir a direção do Teatro Maria Della Costa; quando realiza “A Alma Boa de Setsuan”, de Brecht, realiza mais duas encenações de grande relevo, projetando Maria Della Costa, cabeça da companhia e atriz cuja única aparição no TBC se dera sob sua direção em Ralé. Para ela e Polloni dirige A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca; A Rosa Tatuada, de Tennessee Williams; e Moral em Concordata, de Abílio Pereira de Almeida, com Odete Lara, Jardel Filho e Armando Bógus no elenco. Retorna em 1957 para a Itália. Durante certo tempo pretendeu dividir sua vida profissional entre o Brasil e a Itália, mas acabou por fixar-se definitivamente em Milão; ultimamente dirigia programas na televisão italiana. A importância histórica do encenador é fixada pelo crítico Yan Michalski: “De todos os diretores importados por Zampari, Bollini foi provavelmente o que realizou o menor número de espetáculos entre nós. Mas o radicalismo com que implantou novos processos de ensaios no TBC, e o mérito de ter trazido Brecht aos palcos brasileiros, valeram-lhe a reputação de ser, sob alguns aspectos, o mais moderno dos encenadores italianos que na mesma época vieram trabalhar em São Paulo”. Bollini Cerri morreu no dia 11 de dezembro de 1978, aos 64 anos, em Roma, na Itália.
(Fonte: Veja, 20 de dezembro, 1978 Edição n.° 537 DATAS – Pág; 96)