O célebre ilustrador americano
Norman Rockwell (nasceu em Nova York, em 3 de fevereiro de 1895 – faleceu em Stockbridge, Massachusetts, em 8 de novembro de 1978), o mais popular ilustrador americano. Durante quase meio século, a partir de 1916, as ilustrações de Norman Rockwell para as capas do popularíssimo semanário Saturday Evening Post ofereceram aos americanos um espelho generoso, onde podiam se reconhecer da maneira que gostariam de ser: gente comum, é verdade, mas abençoada por uma tal cordialidade, tamanha decência e uma tão férrea confiança no futuro, que adversidade seria capaz de abalar.
“Tudo vai dar certo”, parecia ser o substrato das situações que compunha com rigor absolutamente fotográfico e nas quais anônimos americanos, de garotos magricelas a vovôs bonachões, enfrentavam com humor e alegria as pequenas atribulações do dia-a-dia. “Quando descobri, ao crescer, que o mundo não era a maravilha que eu imaginara”, escreveu Rockwell, “decidi compensar com minha arte”.
Essa decisão fora tomada aos 15 anos, quando esse adolescente nascido em Nova York, em 1894, abandonou o colégio para estudar pintura. Com 22 anos e após uma curta experiência numa publicação esportiva, vendeu sua primeira ilustração para o Saturday Evening Post iniciando uma colaboração que resultaria em mais de 300 capas memoráveis, até que, em 1960, se transferiu para a revista Look.
Na década de 70, porém, Rockwell já não pintava mais o róseo sonho americano. Louras crianças davam lugar, em suas telas, a meninas negras indo para a escola sob a proteção de policiais. Ele, que conferira um irresistível halo de heroísmo às imagens dos soldados que lutaram na II Guerra Mundial, recusou-se a fazer o mesmo com os que embarcavam para o Vietnã. Para tanto, bastou uma breve observação de sua terceira esposa, Mary, uma ex-professora com quem se casara em 1961: “Você não pode fazê-lo.
Isso não vai contribuir para melhorar a sorte do povo vietnamita”. Os tempos haviam mudado. Os três filhos de Rockwell estavam crescidos, as grandes revistas ilustradas não mais circulavam. Rico, decepcionado, ele recolheu-se com a mulher à pequena Stockbridge, onde trabalhava sem compromisso. Numa de suas últimas entrevistas, declarou: “O mundo que eu pintei cheio de garotos sapecas, cachorros travessos e gente gentil está morto – aliás, já não era sem tempo”.
Queria morrer de repente, pintando. Esse desejo, já expresso graficamente numa antiga caricatura, foi reafirmado em 1974, quando Norman Rockwell, completou 80 anos. Não chegou a realizá-lo, contudo. No começo da madrugada da quinta-feira, dia 9 de novembro, ao cabo de longa enfermidade, a morte colheu-o longe de suas telas e de seus pincéis. No estúdio, restou inacabada sua última obra, uma paisagem de Stockbridge, pequena cidade de Massachusetts, onde vivia desde 1952.
(Fonte: Revista Veja, 15 de novembro, 1978 – Edição 532 – DATAS – Pág; 102)
(Fonte: Revista CLAUDIA – JULHO de 2000 – LIVROS/ Por Isabel Vieira – Pág: 224)