Reynaldo Bignone, o último ditador da Argentina, que durante sua presidência o país foi derrotado pelo Reino Unido na Guerra das Malvinas

0
Powered by Rock Convert

Reynaldo Bignone, o último ditador da Argentina

Condenado por crimes contra a humanidade, Bignone comandou o país entre 1982 e 1983 e durante sua presidência o país foi derrotado pelo Reino Unido na Guerra das Malvinas

 

General Reynaldo Bignone durante julgamento em Buenos Aires em 2010 – (Foto: Juan Mabromata – 20.abr.2010/AFP)

 

Reynaldo Bignone, o último presidente da ditadura militar da Argentina

Reynaldo Benito Antonio Bignone Ramayón (Morón, 21 de janeiro de 1928 – Buenos Aires, 7 de março de 2018), ex-ditador argentino, foi o último presidente da ditadura militar (1976-1983), o último militar a exercer o cargo de presidente da Argentina antes da redemocratização do país, entregando em dezembro de 1983 o comando do país ao primeiro chefe de Estado da atual democracia, Raúl Alfonsín, depois que este ganhou as eleições realizadas dois meses antes, após sete anos de ditadura (1976-1983).

Bignone comandou o país entre 1982 e 1983 e durante sua presidência o país foi derrotado pelo Reino Unido na Guerra das Malvinas.

Nomeado presidente em 1º de julho de 1982, Bignone substituiu o deposto Leopoldo Galtieri após a derrota da Argentina na guerra das Malvinas contra o Reino Unido. Uma de suas primeiras medidas foi convocar eleições, mas também a destruição de toda a documentação sobre prisões, torturas e assassinatos de desaparecidos.

Além disso, sancionou uma Lei de Anistia para os membros das forças armadas sobre os atos cometidos contra milhares de pessoas que foi posteriormente foi derrubada por Alfonsín.

Embora em janeiro de 1984 tenha sido o primeiro militar detido e preso, acusado do desaparecimento e assassinato de soldados e por participar da “guerra suja” contra a subversão, foi libertado por disposição do Conselho Supremo das Forças Armadas meses depois.

Seu mandato como presidente foi curto, entre 1º de julho de 1982 e 10 de dezembro de 1983, e teve como objetivo lidar com as consequências da derrota do país para o Reino Unido na Guerra das Malvinas, iniciada pelo general Leopoldo Galtieri (1926-2003).

 

Reynaldo Bignone, o último presidente da ditadura militar da Argentina (Foto: AP/ Reprodução)

 

As Forças Armadas, porém, já estavam bastante desprestigiadas nesta época, e a pressão da sociedade e dos organismos internacionais por eleições diretas começou a ganhar força. Bignone, antes de convoca-las, promulgou uma lei de anistia. Porém, esta foi anulada logo depois, quando o presidente eleito, Raúl Alfonsín (1927-2009), da União Cívica Radical, deu início ao Julgamento das Juntas, em 1985, em que foram condenados tanto comandos militares como líderes guerrilheiros. Bignone depois foi beneficiado pelo indulto concedido durante o período da gestão do peronista Carlos Menem (1989-1999).

Porém, quanto Néstor Kirchner chegou ao poder, em 2003, todas as anistias e indultas foram anulados e vários militares, incluindo Bignone, voltaram ao banco dos réus. Desde então, mais de mil foram julgados, e 700 condenados a penas de prisão. Bignone foi um deles.

Bignone evitou ser julgado após o fim da ditadura, mas com a derrogação da Lei de Anistia no governo de Néstor Kirchner (1950-2010), em 2003, foi acusado, processado e julgado, junto com outros líderes da ditadura, como Jorge Rafael Videla.

O ex-hierarca militar Reynaldo Bignone, último presidente de fato da Argentina, presidiu a Junta Militar entre 1982 e 1983 e foi condenado à prisão perpétua por crimes contra a Humanidade durante a ditadura (1976-1983), que deixou 30.000 desaparecidos, segundo órgãos de defesa dos direitos humanos.

O ex-repressor foi sentenciado junto ao ex-hierarca militar Jorge Rafael Videla (1925-2013), por roubo de bebês de mulheres desaparecidas.

Ele foi condenado por crimes contra a humanidade quando comandou a repressão no colégio militar, entre 1976 e 1977,  roubar bebês de militantes de esquerda e pela desaparição forçada de 100 pessoas no marco do Plano Condor, como ficou conhecida a coordenação entre as ditaduras do Cone Sul (Chile, Argentina, Uruguai e Brasil).

Em 2016, recebeu uma condenação de 20 anos de prisão por desaparecimento forçado de dezenas de pessoas dentro do chamado Plano Condor, uma coordenação repressiva entre os países do Cone Sul, (estratégia armada entre governos militares do Cone Sul, para troca de inteligência e coordenação de perseguição a opositores).

Seu último processo transcorreu em 2017, quando somou outra condenação à prisão perpétua pelos mesmos crimes contra a Humanidade cometidos entre 1976 e 1977 no Colégio Militar que estava a seu cargo, onde muitas das vítimas eram soldados que cumpriram o serviço militar, na ocasião obrigatório.

Bignone conseguiu evitar ser julgado no histórico processo contra as Juntas Militares em 1985, mas a derrogação das leis de perdão em 2003 habilitou que fosse submetido a vários processos.

Antes de convocar as eleições gerais que abriram o processo democrático que foi inaugurado pelo ex-presidente Raúl Alfonsín em 1983, decretou uma autoanistia pelos crimes da ditadura que não prosperou.

Em 2017, também foi condenado a prisão perpétua por sequestros, torturas e assassinatos ocorridos entre 1976 e 1977 num dos centros clandestinos de repressão do regime militar (1976-1983). Antes, também havia sido considerado culpado de delitos de roubos de bebês (filhos de opositores mortos pela repressão e entregues a famílias de confiança dos militares) e sequestros e torturas no centro de detenção clandestina Automotores Orletti.

Reynaldo Bignone morreu dia 7 de março de 2018, aos 90 anos, em um hospital militar sob prisão, assim como outro ex-hierarca da ditadura, Luciano Benjamín Menéndez, falecido na semana passada aos 90 anos.

Bignone, estava internado no Hospital Militar Central de Buenos Aires, mas vinha cumprindo pena pelas cinco condenações que recebeu por delitos de lesa humanidade. As mais recentes ocorreram nos últimos anos.

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia – MUNDO – NOTÍCIA / Por Agencia EFE – 07/03/2018)

(Fonte: http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS – GERAL – INTERNACIONAL / Por O Estado de S.Paulo – 07 Março 2018)

(Fonte: http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2018/03/07 – JORNAL DO BRASIL – INTERNACIONAL / Por AFP – 07/03/2018)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03 – MUNDO – ARGENTINA / Por Sylvia Colombo / Buenos Aires – 07/03/2018)

(Fonte: Zero Hora – ANO 54 – Nº 19.034 – 13 de março de 2018 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 27)

Powered by Rock Convert
Share.