Glauce Rocha, atriz de cinema, teatro e televisão

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Glauce Rocha (1933-1971), atriz de cinema, teatro e televisão (Glauce Edyle Ligenfrotz Correia da Rocha).

Fez grandes novelas, como Véu de Noiva (Globo – 1969), Irmãos Coragem (Globo – 1970) e Hospital (Tupi – 1971). Atriz engajada na luta contra a censura nos anos 70, se entregava demais ao trabalho na televisão e no teatro, muitas vezes trocando uma noite de sono por mais ensaios e aperfeiçoamentos.

Glauce Rocha nasceu em Campo Grande, MT. Era estudante de medicina, em 1951, quando trocou a faculdade pelo Conservatório de Teatro do Rio de Janeiro. No mesmo ano, como amadora, estreava na peça “Dona Xepa”, de Pedro Bloch, ao lado de Alda Garrido. Seguia o que mais tarde saberia definir mais exatamente: “Eu tenho vocação. E fico feliz de pensar que pelo menos estou fazendo o que gosto”. De pequenas intervenções de principiante no teatro, passou a uma primeira atuação também pouco expressiva no cinema: uma ponta na produção mexicano-brasileira “Uma Aventura no Rio”, estrelada pela rumbeira Ninon Sevilla. Depois, um papel melhor em “Rua sem Sol”, filme de Alex Viany (1953), e a primeira grande oportunidade: “Rio, 40 graus”, filme de Nélson Pereira dos Santos (1955). Daí em diante, apareceria como uma das principais atrizes brasileiras.

Pessoalmente, apesar dos catorze prêmios ganhos em dezoito anos de carreira profissional, Glauce Rocha não se julgava tão importante. Em 1969, quando conquistou o prêmio Molière por seu trabalho em “Um Uísque para o Rei Saul”, reagiu com humildade e surpresa: “Nunca imagino ganhar prêmios, nunca trabalhei com essa finalidade. Se o prêmio vem, é duas vezes bem-vindo: porque não esperava e porque é o maior estímulo para o meu trabalho”.

Quando deu essa entrevista, em sua casa, a vitrola tocava “La Vie de Paris”. O repórter quis saber se ela já estava se preparando psicologicamente para a viagem de ida e volta a Paris oferecida pela Air France. A atriz, de traços duros e marcados, passou a mão pelos cabelos e respondeu, sorrindo: “Não é bem isso. Na novela ‘A última Valsa’, eu tenho que cantarolar uma canção francesa. Comprei esse disco para sentir bem a música”.

Embora essa preocupação permanente por seu trabalho lhe tenha garantido um lugar na história do moderno cinema brasileiro (além de seus papeis em “Rio, 40 graus”, apareceu em filmes importantes como “Os Cafajestes”, 1962, “Terra em Transe”, 1967, e “Navalha na Carne”, 1969), Glauce Rocha colaborava também anonimamente em filmes de televisão, como dubladora. “Apenas como bico”, segundo explicava. No teatro, sempre foi muito elogiada por suas interpretações, como em “Electra”, de Sófocles, “Tartufo”, de Molière, e em peças de Brecht (seu autor preferido).

Em seu último papel, ela representava a superintendente Helena, da novela “Hospital”, uma mulher para quem o cargo significava tudo. E desde os primeiros capítulos, obrigado pela força da interpretação de Glauce Rocha, o autor da história, Benjamim Cattan, teve de dar mais destaque à figura de Helena. Era a vitória da atriz em mais um dos papeis que aceitava como um desafio: “Nunca recuso fazer um personagem porque ele é mau. Não gosto é de fazer maus papeis”.

Sua morte, quando faltavam dez episódios para o fim da novela “Hospital”, criou novamente um problema para o autor da história, Benjamim Cattan, já que em princípio não pensa numa substituta: “Provavelmente terei que arranjar uma morte também para a personagem”. Glauce Rocha morreu no dia 12 de outubro de 1971, de uma parada cardíaca, aos 38 anos, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 20 de outubro de 1971 – Edição 163 – DATAS – Pág; 86)

(Fonte: http://www.msn.com/pt-br/entretenimento/famosos – ENTRETENIMENTO – FAMOSOS – Dez estrelas de novelas que se foram cedo demais/ Por Roo Garcia – 12/04/2016)

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