O último encontro
Sabino: romance que definiu uma geração e memórias sentimentais da ministra Zélia
Fernando Sabino (1924-2004), cronista e romancista mineiro que formou gerações de leitores. O escritor mineiro, com mais de cinquenta livros publicados, realmente não precisa que cavouquem seus papeis em busca de novidades. Para compor O Encontro Marcado, Sabino inspirou-se em seu círculo de amigos mineiros, que incluía os também escritores Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende. O romance consagrou-se como uma espécie de retrato daquela geração e disputacom O Grande Mentecapto a posição de obra prima do autor. Diante desses títulos e da consagração de Sabino como um dos grandes nomes da crônica brasileira – e um dos nomes mais queridos da literatura nacional, cujos livros sempre frequentavam a lista dos mais vendidos -, Zélia, uma Paixão é um deslize negligenciável. Universalmente deplorado, o livro em que Sabino narra as desventuras sentimentais de Zélia Cardoso de Mello, a ministra que confiscou a poupança no governo Collor, trouxe desgosto ao escritor, que depois de seu lançamento, em 1991, passou a evitar a imprensa.
Os Movimentos Simulados, o último livro lançado pelo autor, é na verdade um romance escrito na juventude. Sabino disse que ele fazia parte de sua “obra póstuma antecipada”. Não pode levar adiante o projeto de escrever uma “autobiografia não autorizada” na qual reapareceria o seu alter ego Eduardo Marciano, personagem de O Encontro Marcado, de 1956. Sabino deixou instruções rigorosas para que nenhum inédito seu seja publicado postumamente. O autor também compôs o próprio epitáfio: “Aqui jaz Fernando Sabino. Nasceu homem, morreu menino”.
A morte de Fernando Sabino ocorreu um dia antes de o escritor mineiro completar 81 anos. Vítima de um câncer no fígado, Sabino morreu no dia 11 de outubro de 2004.
(Fonte: Veja, 20 de outubro, 2004 Edição n.° 1876 MEMÓRIA/ Por Jerônimo Teixeira – Pág; 155)