Apple é a primeira empresa da História a atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado
Os primeiros investidores da Apple agora surfam no 1º trilhão da empresa
Pessoas comuns que decidiram apostar na empresa ainda na década de 1980 e 1990 compraram ações por centavos de dólar e decidiram não vender
Apple está mais próxima de ser a primeira empresa a valer US$ 1 trilhão
Resultados trimestrais animadores anunciados em 1° de agosto de 2018, deixam a companhia de Tim Cook cada vez mais a gosto dos investidores
A divulgação dos resultados trimestrais da Apple, em que a companhia reportou um crescimento de receita de 17%, chegando a US$ 53,3 bilhões, colocou o mercado financeiro na expectativa de uma nova marca histórica ser alcançada: a companhia criada por Steve Jobs e Steve Wozniak caminha para, em breve, ser a primeira empresa a valer mais de US$ 1 trilhão.
Diversos veículos internacionais comentaram a possibilidade, que se está cada vez mais próxima (hoje, o valor da empresa já é calculado na casa dos US$ 950 bilhões). Isso porque, embora o número de aparelhos vendidos cresça lentamente ou esteja decrescendo, a depender da categoria analisada, a companhia vem conseguindo arrecadar valores médios maiores por unidade vendida.
Foram 41,3 milhões de iPhones vendidos no trimestre fiscal encerrado em 30 de junho, apenas 1% acima do comercializado no mesmo período do ano passado, e abaixo da expectativa de 41,7 milhões do mercado. Mas a receita com o aparelho subiu 20% na mesma comparação, graças à alta também próxima a 20% do faturamento por unidade, puxada pelo iPhone X.
A venda de iPads também subiu 1%, mas, nesse caso, o total de 11,5 milhões de aparelhos transacionados ficou bem acima do esperado pelos acionistas, que era de 10,3 milhões.
Além disso, como relata The New York Times, a Apple, já prevendo que o ritmo de crescimento de seus aparelhos mais conhecidos se tornaria mais lento, vem impulsionando sua área de serviços, como aplicativos pagos e plataformas de armazenamento de dados. A receita com esse segmento cresceu 31% em um ano no período trimestral, chegando a mais de US$ 9 bilhões.
Lucro e mais lucro
Com tudo isso, a Apple lucrou US$ 11,5 bilhões líquidos no período de abril a junho, mais de 30% acima do mesmo intervalo em 2017. Os ganhos por ação subiram 40%, chegando a US$ 2,34, com um retorno aos investidores próximo de US$ 25 bilhões, o que deve manter o mercado financeiro animado com o momento da companhia.
O desafio, agora, aponta o NYT, é não deixar que a guerra comercial entre Estados Unidos e China atrapalhe a performance da Apple no futuro próximo. A empresa, que fabrica a maioria de seus aparelhos no país asiático e tem nele seu terceiro maior mercado consumidor, já se prepara para enfrentar tarifas de importação maiores para levar alguns de seus produtos ao solo norte-americano.
Donna Fenn comprou suas primeiras ações da Apple na década de 1980 por recomendação de um corretor amigo do então namorado dela. Ela topou investir na empresa porque tinha ouvido falar da Apple em uma reportagem sobre o cofundador da empresa, Steve Jobs, publicada na revista em que trabalhava na época.
Em 1985, pouco tempo depois que Fenn comprou suas primeiras ações da empresa de tecnologia, os papeis da Apple eram negociados a 39 centavos de dólar cada. E ela mal podia imaginar que o valor das ações da empresa compradas na época poderia subir mais de 50 mil por cento anos depois.
Mas foi o que aconteceu. Na quinta-feira, 2, a Apple atingiu um valor de mercado de US$ 1 trilhão e cada uma de suas ações passaram a ser vendidas a US$ 207,05. A empresa é a primeira companhia privada dos Estados Unidos a atingir esse marco.
Impulso. Na maior parte da década de 1980, Bruce Pfeffer usou um Apple II e para administrar sua empresa, que ensina as crianças a realizar artes circenses como malabarismo. Desde então, ele comprou apenas computadores da Apple e em seu trailer, onde ele mora e trabalha, ainda é possível se deparar com uma variedade incrível de iPads e iPods.
Pfeffer comprou pela primeira vez as ações da Apple em 1998, um ano depois de Steve Jobs ter se juntado à empresa como diretor executivo. Na época, ele não estava ciente das dificuldades da empresa.
Elliot Levin, por outro lado, estava bastante consciente dos desafios da Apple e preocupado com sua sobrevivência. Como um adolescente em Seattle, ele gostava de mexer com computadores e queria comprar um Mac para a faculdade.
Em 1997, seus pais compraram ações da Apple para ele como presente de seu 15º aniversário. Foi Levin quem pediu porque considerou o ato como um pequeno gesto para ajudar a manter a empresa viva. “Quase pareceu um ato de solidariedade”, disse, agora com 36 anos e morando em Portland, Oregon.
Sangue frio. Pelo menos um acionista ouvido pela agência Reuters disse saber que o retorno de Steve Jobs à Apple em 1997 seria um marco para a empresa.
John Wallner, consultor em Portland, Oregon, tinha visto de perto como funcionava a perspicácia comercial de Jobs. De 1983 a 1992, ele trabalhou na Apple como contador de custos de produtos para o Macintosh original e depois como gerente de fábrica.
Quando trabalhava na empresa sem Jobs, Wallner vendia rotineiramente parte das ações que ele tinha adquirido por meio de um plano de compra oferecido pela Apple. À época, ele acreditava que não seria bom que a maior parte de seus investimentos viessem de uma única empresa. Foi somente quando Jobs retornou à Apple que Wallner sentiu mais otimismo e decidiu manter as ações da empresa na carteira.
“Eu não tinha motivação para me livrar das ações”, disse Wallner. “Na época, eu disse: ‘Bem, vamos apenas mantê-lo por perto e ver o que ele faz'”.
Robert Emnett, consultor de administração aposentado em Manchester, comprou pela primeira vez as ações da Apple em 1996. Ele mantém quase toda sua carteira de investimentos em ações e as escolhe de acordo com critérios desenvolvidos pela BetterInvesting, uma organização sem fins lucrativos que apoia clubes de investimento. O retorno médio anual de suas ações da Apple excedeu o da maioria de suas outras participações, disse Emnett.
Paciência. Os acionistas da Apple que compraram as ações pela primeira vez nas décadas de 1980 e 1990 disseram que alguns fatores o fizeram manter seus investimentos mesmo quando a empresa chegou à beira da falência, no final dos anos 90: o forte apreço pela companhia, simpatia pelos produtos lançados pela Apple e, claro, pelo perfil de Steve Jobs.
Mesmo após a morte de Jobs, em 2011, os acionistas se mantiveram confiantes na Apple e no seu novo presidente Tim Cook.
E o tempo foi bom com eles. Emnett e sua esposa se aposentaram mais cedo do que o planejado e usaram seu portfólio para complementar suas aposentadorias. Pfeffer vendeu algumas de suas ações para financiar sua empresa de educação em artes circenses, cujo negócio é sazonal. E Wallner usou uma parte de suas ações para pagar os empréstimos que ele e sua esposa fizeram para financiar a educação universitária de seus filhos gêmeos.
“Eu vejo grande vantagem [investir na Apple], tanto por conta dos produtos em que eles vão trabalhar quanto pelo preço das ações”, disse Wallner.
Mas mesmo que a capitalização de mercado da Apple tenha ultrapassado a marca de US $ 1 trilhão, eles dizem que não pretendem vender a totalidade de suas ações em breve. Ao longo dos anos, Emnett e Fenn deram até ações para seus filhos, como parte de uma herança antecipada.
“Acho que sempre vou me segurar um pouquinho”, disse Fenn, “para ser lembrada como a velha esperta que comprou ações da Apple quando tinha 25 anos”.
“Não posso prever o futuro, mas estou otimista que os dois países vão superar isso”, apostou Tim Cook durante a divulgação dos resultados, de acordo com o jornal.