O caudilho enclausurado em seu Palácio do Pardo: apego ao poder pessoal e único
Franco: do cadete, em 1910 ao general de 1937, um sucesso
Francisco Franco (4 de dezembro de 1892 – 20 de novembro de 75), generalíssimo chefe de Estado Espanhol. 18/7/36 + 1/4/39 = 19/11/75. Com supersticiosa insistência, esta equação viajou de boca em boca, entre os espanhóis. As duas primeiras datas indicavam o início e o fim da Guerra Civil Espanhola. E por isso não havia como escapar: a soma de ambas haveria de assinalar um novo “dia fatídico” para o país. No fim, o prognóstico acabou falhando por pouco. Pois o generalíssimo Francisco Franco, “caudilho da Espanha pela graça de Deus”, chefe de Estado e monarca absoluto ao longo de 36 anos, acabou morrendo dia 20 de novembro de 1975.
Em todo caso, os cálculos tiveram o mérito de associar de forma precisa, matemática, a morte do caudilho à tragédia nacional dos anos 30 – como se, no fundo, a conflagração que rasgou a Espanha ao meio, e comoveu o mundo, só agora chegasse efetivamente a um fim, com a morte do chefe da facção vitoriosa. De fato, a era Franco, de certa forma, não foi mais que um prolongamento da luta fratricida de quarenta anos atrás. Com inabalável rigor, o generalíssimo governou seu país como se as mesmas ameaças de desintegração ainda rondassem a nacionalidade.
Houve ainda outra coincidência: ao fim de 35 dias de agonia, Franco morreu no mesmo dia em que, em 1936, foi executado pelos republicanos o até hoje reverenciado José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange – partido que, inspirado no fascismo italiano e no nazismo alemão, haveria de prestar seu apoio ao caudilho não só durante os anos da guerra como pelo resto de sua existência. No entanto, sem seriam necessárias as associações de datas para evocar a presença da história no momento da morte do generalíssimo.
Faixa azul O certo é que ao morrer, duas semanas antes de completar 83 anos, Franco deixou uma Espanha aberta a todas as apostas sobre o seu futuro – a começar pelo comportamento do sucessor. De fato, ao meio-dia de sábado, ao fim de uma manhã ensolarada e fria, um uniforme militar e a faixa azul dos Borbón no peito, o príncipe Juan Carlos, 37 anos, foi coroado nas Cortes Espanholas como rei de Espanha, com o título de Juan Carlos I. Após um interregno de 44 anos, iniciado com a renúncia do último soberano espanhol, Alfonso XIII, a Espanha voltava a ser uma monarquia.
Uma vida no passado
No dia 20 de julho de 1936, o Times de Londres incluía um certo Francisco Franco entre os generais que, dois dias antes, haviam se levantado contra o governo republicano espanhol. A notícia acrescentava tratar-se de um irmão do conhecido aviador Ramón Franco, um dos pioneiros da travessia do Atlântico sul, na década de 20. E era só: nada mais conseguira o diário inglês apurar sobre a personagem. Dez semanas depois, porém, esse mesmo Francisco Franco ou, Francisco Paulimo Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde assumia o comando supremo das forças nacionalistas da Espanha.
Além disso, caberiam a Franco as honrarias de “generalíssimo, “chefe de Estado”, “Caudilho de España por La Gracia de Diós”. Ao longo de três anos, ele se imporia, com mão de ferro, como líder de uma das facções na mais arrastada, apaixonada e selvagem guerra civil do século XX. Depois, nos 36 anos subsequentes, haveria de se impor com o mesmo inabalável autoritarismo sobre a Espanha inteira. E o mundo acabaria conhecendo Franco, não só como contemporâneo de Hitler e Mussolini, Churchill e Stálin, mas também como uma relíquia que milagrosamente atravessaria os tempos, superando os Kennedy e os Kruschev, a détente e a primeira viagem à Lua.
Para muitos, sua figura miúda, geralmente enfeitada com todos os símbolos mais visíveis do poder e da glória, nada mais oferecia do que o paradigma perfeito do ditador de praxe. No entanto, em nenhum momento ele parece ter duvidado de que tinha uma missão a cumprir. Em maio de 1939, por exemplo, depois de ter entrado trinfulmante em Madrid, ele diria, durante uma cerimônia na Igreja de Santa Bárbara: “Senhor, aceita a oferenda desse povo que comigo e por Teu nome venceu com heroísmo os cegos inimigos da verdade”. E até o fim da vida Franco reinaria dessa maneira. Não como um chefe conciliador, não como um estadista que se propusesse a unir seu povo esfacelado – mas como um cruzado absolutamente convicto de que de seu lado estavam o bem e a Justiça, nada restando aos adversários senão o estigma de inimigos da pátria, do cristianismo ou da civilização.
Baraka – Na verdade, tratava-se de um homem destituído de poderes pessoais especialmente magnéticos. Ao contrário de Hitler ou Mussolini, por exemplo, seus similares mais notórios na maré montante de governos fortes que assaltou a Europa nos anos 20 e 30, Franco jamais conseguiu ser bom orador. Seus discursos, pronunciados num timbre agudo, que lhe conferiam um tom de ladainha, invariavelmente convidavam à sonolência seus auditórios. E, ainda com relação ao Duce italiano ou ao Führer alemão, o Caudilho espanhol sempre esteve longe de afirmar-se como verdadeiro líder de massas, desses que, para o bem ou para o mal, se forjam nas lutas partidárias e acabam por arrastar todo um povo com sua liderança carismática. Apesar dessas deficiências, no entanto, Franco sempre pode contar com poderosos fatores a ajudá-lo em sua subida – entre os quais a pura sorte, ou baraka, como diziam os soldados mouros sob seu comando nas areias do Marrocos, já nos idos da década de 10.
Na época, parte do atual Marrocos pertencia à Espanha, e Franco combatia na guerra colonial contra os rebeldes maroquinos favoráveis à independência de seu país. Para seus rudes comandados, o simples fato de Franco, ao final de 1915, encontrar-se entre os escassos seis remanescentes do grupo original de 42 oficiais enviados à guerra por Madrid já era um sinal de fortuna. E maior sorte ainda ele demonstraria no ano seguinte, quando foi ferido no ventre – sendo hospitalizado num estado tão grave que chegou a receber a “Cruz Laureada de San Fernando”, honraria destinada a oficiais mortos em combate. Milagrosamente, no entanto, o futuro caudilho acabou por recuperar-se – para retomar, com vertiginoso sucesso, sua carreira militar.
Desagregação – Franco foi, sucessivamente, o mais jovem capitão, major e coronel do Exército espanhol. Aos 32 anos, atingiu o p osto de general – um recorde não só na Espanha, mas em toda a Europa, entre os oficiais de sua geração. Aos 41 anos, chegou a chefe do Estado-Maior. Até que, no início de 1936, conheceu um curto período de ostracismo – quando, por ordens do governo esquerdista da Frente Popular, eleito em fevereiro, foi deslocado para as ilhas Canárias – um posto convenientemente afastado para quem, como ele, não merecia a confiança das novas autoridades de Madrid.
No entanto, a Espanha, nesta época, caminhava celeremente para a desagregação. Após a renúncia do rei Afonso XIII e a proclamação da República, em 1931, o país nunca esteve em calma. Em 1936, em apenas quatro meses de governo “frentista”, houve mais de 250 assassínios políticos. 170 igrejas foram incendiadas e as greves se sucediam à razão de dez por semana. O país fervia entre a ferocidade conservadora da Falange – um simulacro espanhol do fascismo italiano ou do nazismo alemão – e a agitação das turbas indomáveis de anarquistas, comunistas, socialistas. O cenário, enfim, estava pronto para a guerra civil – desencadeada com o pronunciamento militar de 18 de julho.
Na verdade, apesar de seus êxitos, Franco não era, na época, o mais notável entre os generais anti-republicanos, ou nacionalistas. Enem mesmo poderia ser incluído entre os conspiradores de primeira ordem – ao contrário, com característica prudência, ele havia hesitadoi até o último momento, antes de aderir ao movimento. No entanto, mais uma vez a baraka se colocaria a seu lado. O primeiro acontecimento fortuito foi a morte, num desastre aéreo, apenas dois dias depois do levante, do general mais popular da Espanha, José Sanjurjo, até então incontestável chefe das forças nacionalistas. Além disso, para firmar ainda mais seu prestígio, Franco acumularia vitórias sobre vitórias, nos primeiros movimentos da guerra – ao deixar o Marrocos, à frente de uma formação de soldados mouros, para a conquista de uma série de estratégicas posições no sul da Espanha.
Encenação em Burgos – Finalmente, a sorte se faria sentir ainda uma vez no momento mesmo em que os principais chefes rebeldes se reuniram em Burgos, no norte da Espanha, a 1.° de outubro de 1936, para escolher o comandante supremo das forças nacionalistas. Para começar, o irmão mais velho do caudilho, Nicolás – um oficial da Marinha -, encarregou-se de montar na cidade uma pirotécnica encenação, dipsondo nas ruas hordas de falangistas a entoar “Franco, Franco”. Sem dúvida, a demonstração impressionou os demais líderes do movimento.
A ascensão de Franco seria definitivamente selada poucos dias depois, ocm um novo golpe do astuto Nicolás: na hora de publicar o decreto aprovado pelos oficiais nacionalistas, em que Franco era guindado a “generalíssimo” e “chefe de governo” da Espanha rebelde, ele substituiu esta última expressão por “chefe de Estado” – um título que o caudilho haveria de ostentar pelo resto de sua vida. Houve, é verdade, protestos e descontentamento entre os demais generais. Mas os ressentimentos seriam logo abafados em nome da unidade do Exército.
De qualquer forma, não se pode negar que Franco convinha como uma luva àquela Espanha que passava a representar: um era tão retrógrado quanto a outra. O ideal extremo da Espanha dos generais e da Falange, inimiga não só do comunismo como da democracia, jáhavia sido eloquentemente expresso na famosa frase de um de seus mais conhecidos expoentes, o general Milán Astray – Abajo la inteligencia; viva la muerte. Agora, para conduzi-la, essa facção do povo espanhol contava com um caudilho adequadamente formado num ambiente estreito, sem maiores horizontes intelectuais, e armado do mais cego respeito por suas próprias convicções.
Isolamento – Com efeito, Franco era um produto típico da pequena classe média provincial espanhola – mais precisamente, do fechado grupo constituído pelos funcionários administrativos de El Ferrol, uma cidade portuária da Galícia então com 20 000 habitantes (na época), onde o caudilho nasceu, nos primeiros minutos do dia 4 de dezembro de 1892. Por 150 anos, seus ancestrais haviam sido funcionários da base naval ali situada. Os homens da família, invariavelmente, casavam-se com filhas de outros fincionários da base. E o isolamento da pequena sociedade em que se moviam os Franco ainda era reforçado pelas condições geográficas de El Ferrol.
Situada no extremo norte da península Ibérica, e prensada entre o mar, de umlado, e grossas muralhas fortificadas, de outro, a cidade encontrava-se, com relação a Madrid, a uma distância de dois dias de penoso percurso de trem – viagem que, de resto, representava na época um acontecimento excepcional na vida de qualquer cidadão local. Nesse canto remoto da Espanha cresceu Francisco Franco, segundo dos cinco filhos (três varões e duas meninas) do casal Nicolás José Saturnino Antonio Francisco Franco y Salgado Araújo e María del Pilar Teresa Bahamonde y Pardo de Andrade. E, desde cedo, ele se veria envolvido pelo clima conservador da Espanha da virada do século XIX.
Na ocasião, o país tinha menos de 20 milhões de habitantes, com uma taxa de mortalidade infantil de 20%. Seu governo era uma monarquia cujo mais expressivo sinal de decadência tinha sido a perda, em 1898, da colônia de Cuba última relíquia de seu outrora glorioso império americano -, após humilhante derrota numa guerra com os Estados Unidos. O obscurantismo então reinante era ilustrado, por exemplo, pelo catecismo em que estudou o futuro caudilho, onde se liam passagens como esta: Pergunta: Que espécie de pecado é o liberalismo? Resposta: É um pecado muito sério contra a fé. O catecismo acrescentava que votar num liberal “um colecionador de heresias” era, em geral, um pecado mortal.
Espingarda curta Para endurecer ainda mais o seu caráter, Franco haveria de sofrer, durante a juventude, uma série de adversidades. No princípio, ele desejava entrar na Marinha, como o irmão Nicolás – uma carreira que oferecia todas as cintilações do prestígio para um jovem como ele. Mas, por falta de vagas, teve de se contentar com o Exército – onde ingressou aos 15 anos, inscrevendo-se na Academia para Cadetes de Infantaria de Toledo. Sua estatura baixa (1,65 metro) forneceria, então, um bom pretexto para a caçoada dos colegas: certa vez, presentearam-no com uma espingarda de cano notavelmente curto.
As agruras do jovem Franco não terminaram aí: além disso, como seu temperamento era pudico, ele haveria de se ver sempre isolado das inevitáveis farras acadêmicas dos fins de semana. Com efeito, o cadete Franco, como sempre se apressaram em observar seus extasiados biógrafos oficiais, não bebia, não fumava nem ia a bordéis. E nisso talvez fosse movido por algum surdo ressentimento contra o pai um homem boêmio, fraco por mulheres. Por uma delas, Nicolás Franco, na mesma época em que o filho ingressava na Academia de Toledo, acabou abandonando a família, e foi instalar-se com outra mulher em Madrid.
Esse episódio triste na crônica dos Franco, como não poderia deixar de ser, estaria destinado à mais profunda repercussão no espírito do jovem cadete – inclinando-o, desde então, a um relacionamento cada vez mais frio e distante com o pai, e cada vez mais próximo e afetuoso com a mãe. Sintomaticamente, Franco, quando se lançou a uma surpreendente empreitada literária, em 1940, escrevendo o roteiro para o filme “Raça”, fez de uma mulher a heroína de sua história, a personagem chamada doña Isabel de Andrade – estóica e devota matrona, que, apesar da ausência do marido, leva gloriosamente a cabo a tarefa de educar os filhos. Impiedade – Seja como for, aquele Franco que, em outubro de 1936, se viu guindado ao cargo de comandante supremo da Espanha rebelde não levava como credenciais apenas sua formação provinciana nem a visão limitada de um jovem criado no ambiente abafado de uma família galega. Alé disso, havia sua reputação de militar autoritário, particularmente determinado na perseguição de seus fins. Mais ainda, Franco já granjeara alguma fama como oficial particularmente impiedoso.
Houve uma ocasião, por exemplo, em que o futuro caudilho daria uma demonstração eloquente de seus métodos drásticos durante um incidente ocorrido no Marrocos. Nessa oportunidade, Franco foi agredido por uma tigela, lançada em seu rosto por um soldado revoltado com a qualidade da comida servida no quartel – e reagiu metodicamente. Primeiro, ordenou ao oficial encarregado da cantina que melhorasse a qualidade das refeições. Depois, sem deixar transparecer nehuma emoção no rosto, determinou a um ordenança: “Leve este soldado e o execute”. De qualquer forma, este seria apenas um prefácio a uma carreira pontilhada de episódios sangrentos.
Em 1934, por exemplo, ao receber do governo republicano (e conservador, na época) a incumbência de reprimir uma greve de mineiros nas Astúrias, Franco o faria com extrema truculência, deixando em seu rastro um mínimo de 2 000 mortos. E depois ainda viriam os três anos de guerra civil, com sua negra história de massacres generalizados e perseguições de toda sorte – um dos períodos de mais notória barbárie da época contemporânea. Durante a guerra, é verdade, houve atrocidades de parte a parte. Mas Franco prosseguiria uma repressão impiedosa contra seus inimigos republicanos depois do encerramento do grande conflito.
Calcula-se que cerca de 200 000 espanhóis, entre o milhão de vítimas da guerra cicil, pereceram então. Neste período inicial do pós-guerra, até que a situação começasse a se normalizar em 1943, o regime franquista mostraria uma de suas facetas mais duras. E pode-se ter uma ideia do terror então reinante no país por uma carta escrita a Benito Mussolini pelo então chanceler italiano, o célebre conde Ciano, durante uma visita a Madrid, em julho de 1939. Nela, o genro do Duce fascista narrava os métodos de repressão então em vigor na Espanha, enumerando cifras de vítimas e fazendo uma minuciosa distribuição de quantas punições máximas ocorriam em cada cidade por dia.
Apego ao poder – Mesmo no período mais tranquilo das décadas de 60 e 70, quando o surto do desenvolvimento econômico funcionava como poderoso antídoto aos possíveis conflitos dentro da sociedade espanhola, o regime franquista continuou a dar sinais de sua faceta intolerante. Em 1963, por exemplo, houve a execução do dirigente comunista Julian Grimau, contra o protesto estridente de amplas camadas da opinião pública internacional, inclusive o papa João XXIII. E ainda recentemente, em setembro de 1975, houve o caso dos cinco dissidentes fuzilados sob outra enorme onda de revolta da parte do mundo civilizado.
Na verdade, Franco jamais deixou de governar o seu país como o líder de uma das facções vitoriosas da guerra civil. Como disse o historiador Salvador de Madariaga, o caudilho montou, para sustentá-lo, “um Estado militar, em constante estado de guerra contra partes de seu povo”. Além disso, há a registrar, como outra característica marcante da personalidade do generalíssimo, seu notável apego ao poder. “Vocês não sabem o que estão fazendo”, advertia profeticamente em 1936, contra a indicação de Franco para chefe dos nacionalistas, o general espanhol Miguel Cabanellas. “Se vocês lhe derem o poder, ele pensará que o país é dele, até sua morte.”
Com efeito, o domínio de Franco sobre a Espanha durou até a morte. Durante três décadas e meia ele reinou da maneira mais pessoal possível, sem qualquer tipo de oposição. E em consequência disso não sobrou lugar para a edificação de instituições realmente sólidas na Espanha mesmo porque, como observou outro historiador, o inglês Hugh Thomas, “qualquer sistema político realmente eficaz teria implicado, necessariamente, a renúncia de Franco a pelo menos uma parte de seus poderes”.
Legado Apesar de tudo isso, costuma-se citar pelo menos um mérito do caudilho: o de ter mantido seu país afastado da devastação produzida na Europa pela II Guerra Mundial. Franco, é verddae, não deixou de retribuir a Hitler a ajuda prestada durante a guerra civil ao presenteá-lo com a famosa “Divisão Azul” – 47 000 homens, que, para lutar ao lado da Wehrmacht nazista, foram enviados à frente russa em 1941. Mas, por outro lado, durante um célebre encontro com Hitler em Hendaye, na fronteira entre a França e a Espanha, em 1940, Franco habilmente conseguiu dissuadir o Führer do plano de atacar os ingleses em Gibraltar – o que fatalmente teria levado o conflito ao território espanhol. Ao final desse encontro, irritado com a resistência do caudilho espanhol em ceder a seus argumentos, Hitler desabafaria: “Eu preferia que me arrancassem quatro dentes a ter de enfrentar outra negociação com esse homem”. E acrescentaria: “No Exército prussiano, Franco não chegaria a sargento”.
Em seus últimos anos, o Caudilho de España por La Gracia de Diós viveria cada vez mais enclausurado em seu Palácio do Pardo – uma antiga residência dos reis da Espanha, nos arredores de Madrid. A seu lado, ele teria sempre aquela mulher que conheceu em Oviedo, e com a qual se casou em 1923 – doña María del Cármen Polo Martínez Valdés. De resto, a fechada corte do generalíssimo não permitia a entrada de praticamente mais ninguém além dos demais membros da família – a filha única do casal, também chamada Cármen, o marido desta, Cristóbal Martínez-Bordiu, marquês de Villaverde, e os oito netos do caudilho.
Na verdade, não se pode dizer que a existência do generalíssimo tenha acrescentado muita glória à história da Espanha. A prosperidade econômica, apontada como sua grande conquista, foi conseguida – e em níveis muito maiores – por dezenas de democracias que vivem incomparavelmente melhor que em 1936. Em seu balanço final, o período de Franco acabaria sendo, mais que qualquer outra coisa, um período de silenciosa paralisia nacional – e seu legado, em 1975, despertaria raros entusiasmos na comunidade internacional.
(Fonte: Veja, 26 de novembro de 1975 – Edição 377 – Uma vida no passado – Pág; 36/39 – INTERNACIONAL – ESPANHA/ A longa agonia chega ao fim – Pág; 32/34)
Francisco Franco reassume poder
O generalíssimo Francisco Franco reassumiu em 2 de setembro de 1974 a chefia do Estado espanhol, que desde 19 de julho estava a cargo do príncipe Juan Carlos. Em nota, o governo afirmou que ele está restabelecido da doença que o manteve afastado.
(Fonte: Zero Hora – Ano 51 – Nº 17.859 – HÁ 40 ANOS EM ZH – 3 de setembro de 1974/2014 – Pág: 56)
Francisco Franco assina carta informando o final da Guerra Civil Espanhola, em 1º de abril de 1939.
(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – N° 18.067 – HOJE NA HISTÓRIA – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – 1º de abril de 2015 – Pág: 44)
Em 19 de julho de 1974 – Doente, o general Francisco Franco, líder da ditadura espanhola, entregou temporariamente a liderança do país ao príncipe Juan Carlos.
(Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/fatos_dia – 19 de julho)
Em 17 de junho de 1936, o general Francisco Franco levanta-se contra a República, começando a Guerra Civil Espanhola.
(Fonte: Zero Hora – 17 JUNHO 2006 – ALMANAQUE GAÚCHO – HOJE NA HISTÓRIA / Por OLYR ZAVASCHI – Pág: 38)