Geraldo (1954-1976), habilidoso meio-campista do Flamengo. Foi companheiro de Zico nas divisões de base na delegação rubro-negra.
Geraldo Cleofas Dias Alves nasceu na cidade mineira de Barão de Cocais, a 16 de abril de 1954. O estilo de Geraldo parecia definitivamente condenado no chamado futebol moderno – o cuidadoso trato com a bola, em lugar do passe de primeira, a elegância em vez da velocidade, a paciência para encontrar o caminho em prejuízo da agressividade.
Ainda assim, despertava entusiasmos no técnico Osvaldo Brandão, que o levou para a seleção e o considerava um dos maiores craques da nova geração do futebol brasileiro. Da infância pobre, Geraldo herdou as marcas de esquistossomose, doença que exigiu um longo tratamento quando foi para a “escolinha” do Flamengo em 1970, tirado dos juvenis do Valeriodoce pelo irmão, Washington, então um truculento zagueiro do time carioca. Apesar disso, de 1971 a 1973, jogando nos juvenis – e, a partir daí, elevado ao time principal, pelo técnico Zagalo -, Geraldo conquistou a torcida, mas esteve quase sempre às voltas com problemas com os dirigentes, acusado de irresponsável e indisciplinado. Sua justificativa para seus momentos de revolta era sempre a mesma: “Ninguém se lembra de que eu vim sozinho, precisei lutar para abrir o meu caminho”.
Geraldo chegou a disputar a Copa América de 1975 pela Seleção Brasileira e vivia um momento ímpar na sua carreira entre fins de 1975 e início de 1976. Fez sete jogos pela Seleção Brasileira.
Na manhã do dia 26 de agosto de 1976, Geraldo de 22 anos, chegou à Gávea pouco depois das 6 horas da manhã. Lá encontrou-se com seu amigo, o enfermeiro Serginho, que o acompanhou até a Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, para rezarem. Depois de dirigiram à clínica de cardiologia Rio-Cor, no mesmo bairro, onde o jogador seria submetido a uma banal operação de amigdalas.
“Às 7 horas estávamos na clínica”, conta Serginho. “Quando Geraldo foi chamado pelos médicos, eu disse que preferia não ir junto. Então ele entrou no elevador.” Duas horas e meia depois, sem acordar da anestesia, Geraldo morria na mesa de operações. O médico Célio Cotechia, do Flamengo, que assistiu à cirurgia, inocentou seu colega, o operador Wilson Junqueira de Andrade: “Ele fez todos os exames. Eu só posso explicar o que aconteceu por uma intolerância do paciente aos medicamentos.
Poderia acontecer até numa extração dentária”. Sozinho – A notícia apanhou o time do Flamengo em Fortaleza, no meio de uma excursão que previa ainda duas partidas – em São Luís e Manaus. Os jogos foram cancelados e a equipe voou de volta ao Rio de Janeiro, para o velório no salão nobre da sede do Morro da Viúva.
(Fonte: Veja, 1° de setembro, 1976 Edição nº 417 MEMÓRIA – Pág; 79)