José Gomes Talarico (11 de novembro de 1915 – 6 de dezembro de 2010), jornalista e ex-deputado. Jornalista consagrado, ex-deputado federal, conselheiro da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Talarico tem um passado de lutas ligado à militância de esquerda. Muito amigo do ex-presidente João Goulart e do ex-deputado Leonel Brizola, quem ele acompanhou durante toda a sua vida política, Talarico também foi um dos fundadores do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), em 1945.
Pai do advogado José Talarico, seu único filho, o ex-deputado nasceu em São Paulo, onde iniciou sua vida jornalística. Ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1941, onde viveu até hoje. Adaptado ao estilo carioca de ser, Talarico sempre se caracterizou como um grande contador de casos e pelo seu aguçado bom humor. José Gomes Talarico faleceu no dia 6 de dezembro de 2010, aos 94 anos, de falência múltipla de órgãos, no Rio de Janeiro. José Gomes Talarico foi velado na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro
(Fonte: colunistas.ig.com.br Economia Por Guilherme Barros – 6 de dezembro de 2010)
José Gomes Talarico nasceu no dia 11 de novembro de 1915, em São Paulo, filho de José Talarico e de Marcelina Gomes.
Partidário do Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas, começou sua carreira jornalística em 1933 como repórter do Correio Paulistano, e trabalhou também na sucursal paulista do jornal carioca A Noite de 1937 a 1938. Neste último ano, ajudou a fundar a União Nacional dos Estudantes, durante o II Congresso Nacional dos Estudantes. Ainda em 1938 tornou-se inspetor federal do ensino secundário.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1941, passando a trabalhar na redação de A Noite. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, participou das manifestações em favor da entrada do Brasil no conflito contra a Alemanha e a Itália. Nesse mesmo ano foi nomeado inspetor do trabalho, atuando na burocracia do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1944 participou da luta pela regulamentação da profissão de jornalista e ajudou a fundar o sindicato da categoria no Rio.
Um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1945, tomou parte do Movimento Queremista, que defendia a continuidade do governo Vargas e a convocação de Assembléia Nacional Constituinte. Em outubro daquele ano, foi preso ao tentar organizar resistência quando da deposição do presidente pelos militares. Em 1950 participou da campanha de Vargas para o pleito presidencial e, com a vitória de Getúlio, voltou ao Ministério do Trabalho, onde chefiou o serviço de imprensa de 1951 a 1953.
Em 1954 e 1958, candidatou-se a deputado federal pelo Distrito Federal na legenda do PTB, mas só obteve uma suplência, vindo a exercer o mandato por curtos períodos. Subchefe do gabinete do ministro do Trabalho em 1960, foi assessor técnico do vice-presidente João Goulart até 1961. Eleito deputado estadual na Guanabara pelo PTB em 1962, durante o governo de Goulart (1961-1964) foi assessor sindical do presidente, tendo participado da comissão organizadora do comício de 13 de março de 1964, em favor das chamadas reformas de base.
Talarico foi líder do PTB na Assembléia Legislativa da Guanabara até 7 de abril de 1964, quando passou a ser perseguido por defender João Goulart, deposto pelos militares em 31 de março. No dia 14, teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional nº 1. Em 1966, colaborou na formação da Frente Ampla, movimento de oposição ao governo do marechal Humberto Castelo Branco, que reuniu correntes políticas ligadas a Carlos Lacerda, Goulart e ao ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Nos anos subseqüentes à instituição do regime militar, Talarico manteve-se em permanente contato com Goulart, exilado no Uruguai, e foi preso diversas vezes por causa de suas constantes viagens àquele país. Foi beneficiado pela Lei da Anistia de 28 de agosto de 1979. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, Talarico apoiou Leonel Brizola na disputa com Ivete Vargas pela sigla do PTB. Com a vitória de Ivete, foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), em 1980.
Eleito deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PDT em 1982, foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro em 1984. Antes de assumir o cargo participou do Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985, como delegado da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, tendo votado no ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves para presidente da República. Aposentado no Tribunal de Contas em 1986, em 1988, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
Afastado da política e da vida partidária, tornou-se membro da diretoria da Associação Brasileira de Imprensa. Casou-se com Alzira Almeida Santos, com quem teve duas filhas.
Prestou, em 1998, depoimento ao Núcleo de Memória Política Carioca e Fluminense, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc).
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
(Fonte: cpdoc.fgv.br)