FRANCISCO GROS 1943 – 2010
Francisco Gros, ex-BNDES, BC e Petrobrás
Economista, que ocupou a presidência de importantes instituições governamentais.
Formado pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, iniciou sua carreira profissional em Wall Street, num banco de investimentos, aos 29 anos. A formação no mercado financeiro o acompanhou por toda a vida.
No Brasil, ocupou postos de destaque nas principais instituições governamentais, como a presidência do Banco Central, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Petrobrás. Também na iniciativa privada presidiu companhias do porte da Aracruz, Fosfértil e OGX. Mas foi a visão de mercado, delineada desde os primeiros tempos da Multiplic, corretora que dirigiu em 1975, até a representação no Brasil do Morgan Stanley (1993 a 2000), que marcou definitivamente sua carreira.
Tranquilo, reservado e bem-humorado, Francisco Roberto André Gros transitava com desenvoltura nas diversas instâncias de poder. Mesmo que não desfrutasse de consenso para suas ideias, focadas no conceito de redução do Estado na economia, ele defendia com elegância seu ponto de vista. “Gros foi um homem íntegro e competente, que teve êxito na atividade privada e, quando serviu ao governo, agiu com responsabilidade pública. Além da perda para o País, eu perdi um amigo”, disse o sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
No último ano do governo Fernando Henrique, Gros, que presidia a Petrobrás, protagonizou um bate-boca público com o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, que inaugurou a campanha eleitoral na TV cobrando explicações à Petrobrás pela encomenda de plataformas de petróleo no exterior. Na época, a companhia estava prestes a iniciar a licitação de três embarcações de grande porte e não via possibilidades de serem construídas no Brasil.
“A Petrobrás parece ignorar o que é ser uma empresa brasileira”, disse Lula, no programa filmado no estaleiro Verolme, que estava fechado na época. Gros se manifestou de imediato, reforçando que o Brasil não tinha capacidade para absorver a encomenda e que as declarações de Lula mostravam “completo desconhecimento” sobre o assunto.
As eleições de 2002 renderam a Gros críticas também do então candidato governista, José Serra. Naquele ano, o Brasil liberou os preços dos combustíveis e a Petrobrás passou a acompanhar as variações do mercado internacional, que atravessava período de alta. Os reajustes no mercado interno levou Serra a reclamar da política de preços da estatal, que prejudicava sua campanha.
Banco Central. Antes, na década de 90, Gros ocupava a presidência do Banco Central pela segunda vez – a primeira havia sido por três meses, em 1987, no governo José Sarney – no conturbado período que precedeu o impeachment de Fernando Collor. Ele ocupou o lugar de Ibrahim Eris e permaneceu um ano à frente do BC, de 1991 a 1992. “Vivíamos uma situação desconfortável e foi impressionante a serenidade com que ele conduziu todo o processo. Passei a ser um admirador do Gros”, lembra Gustavo Loyola, que era diretor do banco e substituiu Gros em 1992, pouco antes da renúncia de Collor e da efetivação do impeachment.
No BC, ele implantou o regime colegiado, delegando poderes aos diretores. Mais tarde, no primeiro governo Fernando Henrique, quando assumiu a presidência do BNDES, entre 2000 e 2002, marcou sua gestão pelo modelo produto-cliente, dando ênfase à atuação do banco no mercado de capitais.
Em 2007, Gros aceitou o convite do empresário Eike Batista para assumir a presidência da OGX, a incipiente empresa de petróleo e gás do grupo. Ficou até 2008, quando decidiu se afastar das funções executivas para dedicar-se às representações em conselhos de administração de diversas empresas. Acertou com Eike que permaneceria apenas no conselho. “Ele foi um importante colaborador do nosso grupo. Mais que isso, foi um ser humano exemplar e, especialmente, um brasileiro que trabalhou a serviço do desenvolvimento do seu País”, disse Eike.
Gros continuou trabalhando no escritório de sua casa mesmo durante o tratamento. Nos últimos 15 dias, esteve internado, muito debilitado.
GROS TEVE INTENSA VIDA PÚBLICA
1991-1992
Presidiu o BC no tumultuado período pré-impeachment
2000-2002
Presidiu o BNDES, com o modelo de gestão produto-cliente
2002-2003
Na Petrobrás, enfrentou-se com Lula na campanha
2007-2008
Aceitou integrar a equipe de Eike Batista na OGX
(Fonte: www.estadao.com.br – RIO – O Estado de S.Paulo/ COLABOROU LUCIANA XAVIER – 21 de maio de 2010)
Francisco Gros (Rio de Janeiro, 21 de abril de 1942 – São Paulo, 20 de maio de 2010), economista, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), do Banco Central e da Petrobras.
Formado pela Universidade de Princeton, Francisco Roberto André Gros presidiu estatais como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Petrobras e o Banco Central (em duas ocasiões distintas). Ele também foi diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No setor privado, foi presidente e CEO da Fosfertil, da Aracruz Celulose, bem como diretor-gerente do Morgan Stanley. De setembro de 2007 a abril de 2008, foi presidente da OGX e, posteriormente, permaneceu no Conselho de Administração da empresa. O executivo também presidia o Conselho de Administração da Wilson Sons Ltd.
Faleceu no Hospital Sírio-Libanês (SP), aos 67 anos, o economista Francisco Gros, de câncer no cérebro.
(Fonte: IG – 20/05/2010 – Agência Estado)
Natural da cidade do Rio de Janeiro, Francisco Roberto André Gros nasceu em 21 de abril de 1942. Formou-se em Economia pela Universidade de Princeton, EUA, em 1964.
Recentemente, Gros ocupava o cargo de conselheiro em diversas empresas. Ele foi presidente da OGX, uma das empresas do grupo de Eike Batista.
Gros presidiu o Banco Central por duas vezes, em 1987 e 1991. Também esteve à frente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), entre 2000 e 2002 e a Petrobras, entre 2002 e 2003.
Antes disso, nos anos 1970, foi diretor da Multiplic Corretora. Em 1980, assumiu uma diretoria da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). De 1981 a 1985, comandou a área de mercado de capitais do Unibanco. Em 1993, foi para o Morgan Stanley Dean Witter.
A partir de 2008, o economista ocupou o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração da OGX. Entre 2007 e abril daquele ano, Gros atuou como chefe-executivo da companhia.
(Fonte: www1.folha.uol.com.br – Dinheiro – 20/05/2010)