A primeira radiofoto publicada na imprensa paulista
Em 1959, Terry Lynn Huntington, uma morena de 19 anos e sobrancelhas grossas, foi eleita Miss Estados Unidos. Já passava dos 50 quando, em 1994, o folclórico centroavante Viola marcou um gol do Corinthians contra a Portuguesa no Pacaembu.
Os dois jamais se viram.
Mas têm encontro marcado na história da Folha.
Terry estampava a primeira radiofoto publicada na imprensa paulista. Para chegar de Nova York a São Paulo, sua foto foi separada em três cores enviadas individualmente num processo que levava uma hora –velocidade excepcional para a época.
Três décadas depois, dois minutos bastaram para que o gol de Viola viajasse os 4 km que separam o Pacaembu da sede da Folha. Pela primeira vez na América Latina, um jornal publicava fotografias feitas por câmera digital.
O pioneirismo da Folha vem dos anos 40, principalmente na gestão da Redação, mas acentuou-se muito a partir de 1962, quando os empresários Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) e Carlos Caldeira Filho (1913-2003) assumiram o jornal.
Desde então, as inovações atingiram todas as áreas –tecnológica, comercial, administrativa e editorial– e fizeram da Folha o mais lido e copiado jornal do país.
Já em 1962, chegava aos leitores todos os dias, enquanto o principal concorrente, “O Estado de S. Paulo”, não circulava às segundas.
Cinco anos depois, saíram do pátio da empresa, na alameda Barão de Limeira (centro de São Paulo), os primeiros jornais da América Latina impressos em offset, sistema hoje adotado em todo o país.
Foi a Folha também a primeira a abandonar o chumbo, informatizar a Redação, usar cores diariamente na capa, digitalizar imagens e produzir suas páginas de modo inteiramente eletrônico.
Em 1984, um conjunto de medidas conhecido como Projeto Folha instituiu novos paradigmas na imprensa. O jornal tornou público seu projeto editorial, que preconizava um jornalismo crítico, pluralista e independente.
Ouvir sempre todos os lados durante uma reportagem, por exemplo, pode parecer hoje uma obviedade, mas era uma inovação quando se tornou norma na Folha a partir dos anos 1980.
O “Manual da Redação” foi publicado e o jornal passou a investir em textos mais claros, diretos, didáticos. Foi ainda pioneiro na publicação intensiva de infográficos –mapas, tabelas e gráficos.
A Folha chegou mais cedo também no jornalismo em tempo real, em 1995 –ano em que a internet era tão primitiva que, quando a conexão se completava, surgiam na tela balõezinhos de festa.
Passaram-se 16 anos e o jornal já não é só jornal. É um produtor de notícias 24 horas por dia em texto, áudio e vídeo, com a meta de manter a “tradição de vanguarda”.
Nos anos 1960, a Folha investiu antes dos outros em jornalismo infantil; nos 1970, em educação; nos 1980, em ciência e tecnologia e, nos 1990, no jornalismo teen.
Foi a primeira a separar assuntos em cadernos, em 1987, e a aumentar o tamanho das letras, no ano passado.
A inovação de hoje permite que qualquer um cheque todas essas anteriores: os 32.872 dias de história da Folha acabam de chegar à internet.
PIONEIRISMO DÉCADA A DÉCADA
Década de 1920
Contratação de mulheres
Folha é pioneira em ter mulheres trabalhando na Redação e na linotipia*
1949/1950
Profissionalização
“Folha da Manhã” publica o Programa de Ação das Folhas, primeira iniciativa na imprensa nacional de fixar e divulgar sua linha editorial. Jornal adota concurso para preencher vagas, avaliação interna, prêmios por desempenho e controle de erros
Década de 1950
Uso de estatísticas
A Folha passa a produzir estatísticas exclusivas e usá-las no noticiário econômico
1962
Jornal todos os dias
Folha passa a circular todos os dias, inclusive às segundas, finais de semana e feriados
1963
Jornalismo para crianças
Folhinha é primeiro caderno do país a publicar informação para crianças, e não só quadrinhos
1967
Impressão offset
Empresa é a primeira da América Latina a adotar novo sistema de impressão, com o jornal ‘Cidade de Santos’. Em 1968, Folha passa a ser um dos primeiros jornais de grande porte do mundo com impressão offset. Em 1971, é pioneiro no país ao abandonar o chumbo e adotar a composição eletrônica
1973
Educação e ciência
Com a criação de uma editoria específica para educação, jornal aprofunda liderança na cobertura do tema, que já vinha da década anterior. Em meados da década de 1980, é o primeiro da América Latina a publicar página diária de Ciência. Em 1989, Folha é o primeiro jornal no país a ter caderno
de jornalismo científico
1983
Informatização
Primeira Redação da grande imprensa brasileira a adotar computadores na produção de textos. Em 1990, inaugurou no hemisfério Sul o sistema de paginação eletrônica Harris
Datafolha
Jornal é pioneiro em criar instituto de pesquisa e usar jornalisticamente os dados estatísticos obtidos
Cobertura de tecnologia
Caderno Informática é primeiro da grande imprensa a tratar do mundo digital
1984
Manual da Redação
Jornal publica seu manual, que fica acessível ao público
1987
Cadernização
Com o lançamento do caderno Cidades (atual Cotidiano), jornal é o primeiro a dividir-se em cadernos temáticos
1989
Infografia e cores
Editoria de Arte é a primeira do país a usar computadores Macintosh, mais adequados
à produção de infográficos. Primeira Página passa a ser colorida diariamente
Ombudsman
A Folha é o primeiro jornal
da América Latina a ter um jornalista como ouvidor e ‘advogado do leitor’. Em 1991, passa a ser o único do país a reunir correções na seção fixa Erramos. Erratas já eram publicadas regularmente desde 1984
1994
Fotografia digital
Primeira Página do jornal traz pela primeira vez na América Latina uma foto feita com câmera digital. Folha é também o primeiro jornal brasileiro a digitalizar as fotos no arquivo (banco de imagens) e na produção
1995
Jornal digital
Folha lança a Folha Web (atual Folha.com), primeiro jornal em tempo real do Brasil. Em 1996, empresa que edita a Folha lança o Universo Online
2010
Textos mais legíveis
Reforma gráfica aumenta
o tamanho das letras sem reduzir a densidade
informativa
Debate on-line
Em parceria com o UOL, jornal faz o primeiro debate presidencial transmitido on-line
2011
Digitalização
Primeiro dos grandes jornais brasileiros a digitalizar seu acervo integral e a colocá-lo à disposição dos leitores
ANA ESTELA DE SOUSA PINTO é a autora do livro “Folha Explica a Folha”, da Publifolha, lançado em 2011.
* Fonte: depoimentos dos jornalistas Pedro Cunha e Paulo Duarte
(Fonte: www1.folha.uol.com.br – Os 90 anos da Folha/ Por ANA ESTELA DE SOUSA PINTO / EDITORA DE TREINAMENTO – 19/02/2011)