Plantou as primeiras uvas brancas no Brasil
Carlos Dreher Neto (Porto Alegre, 1907 Bento Gonçalves, 1967), descendente de imigrantes alemães, plantou as primeiras uvas brancas no Brasil, começou com uma firma montada pelo pai com 60 contos, que hoje produz 10 milhões e 500 mil litros de vinho, recolhendo 1,4% do total da arrecadação do Rio Grande do Sul.
Foi inaugurado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal na cidade de Bento Gonçalves um busto de bronze em sua homenagem. Em 1930 foi presidente do Clube Esportivo Bento Gonçalves. O grupo Dreher, maior produtor brasileiro de conhaques e vinhos, que foi vendido a americana Heublein, a derrocada se deu a partir da morte prematura de Carlos Dreher Neto.
(Fonte: Veja, 8 de janeiro de 1969 GENTE Edição 18 Pág; 66)
Carlos Dreher Filho nasceu em Santa Cruz do Sul em 06 de Dezembro de 1874. Era um caixeiro viajante, ou como se chama nos dias de hoje representante comercial. Sua região de trabalho era no vale do Taquari e parte da serra gaúcha. Suas viagens eram feitas de uma maneira muito desconfortável, pois usava como meio de transporte mulas, que ao mesmo tempo carregavam suas bagagens, que na sua maior parte eram mostruários de tecidos. Na região da capital, Carlos tinha um relacionamento muito bom com o melhor cliente que chamava-se Junp, o mesmo situava-se no município de Porto Alegre. Tendo uma relação semelhante com a de Junp, efetivou uma sociedade com um cliente de Bento Gonçalves, que chamava-se Valério, em função desta sociedade no ano de 1906 transferiu-se para o município de Bento Gonçalves, localizando-se mais precisamente num lugar chamado Barracão, onde hoje está situado o Country Club. Neste local ele plantou suas primeiras parreiras que inicialmente eram de uvas brancas, importadas da Itália.
Em 1920 Carlos construiu sua primeira cantina que ao mesmo tempo servia de moradia para ele e sua família que era constituída de quatro filhos. Na foto acima, estão em pé da esquerda para a direita, Cordélia, Lúcia com seu esposo Ernesto e ao lado está Erny, pai de Beatriz Dreher Giovannini; sentado ao centro está Carlos Dreher Filho, tendo à sua direita Carlos o filho mais velho e à esquerda sua esposa Lídia.
Nesta época desenvolvia função de ecônomo do Clube Aliança que teve de abandonar logo em seguida, pois não conseguia administrar sua cantina como gostaria, já que a mesma crescia rapidamente a cada dia que passava.
Carlos era considerado um homem austero e de poucas palavras, trabalhava muito e exigia dos filhos o mesmo comportamento e dedicação. Algumas pessoas da família contam que quando via seus filhos, na época já homens formados, fumando cigarro os colocava na cama sem jantar. Sua estratégia era frustada, pois logo que deitava-se a irmã mais velha dos meninos encarregava-se de servir a comida na cama aos meninos para não chamar a atenção do pai. Dona Lídia esposa de Carlos era nascida na Alemanha, mulher de hábitos de limpeza muito rígido, maravilhosa costureira e muito boa nos trabalhos manuais. Dona Lídia gostava muito de dançar e a roupa preferida de seu marido nesta ocasião era um fraque, pois diziam que sua postura ficava muito boa com esta roupa.
Carlos Dreher Filho faleceu em 1930, aos 58 anos de idade, deixando para seus filhos uma dívida de 50 contos de réis. Seus filhos Carlos Dreher Neto e Erny Dreher, foram aconselhados por seus avós maternos a fugir porque este valor era muito elevado. Com muito trabalho os dois conseguiram transformar a pequena empresa familiar em uma grande indústria de nome nacional. O famoso vinho chamado Liebfraumilch, era o produto mais vendido pela empresa na época.
No decorrer dos anos o espaço da sede acabou ficando pequeno, tendo que ser transferida para o centro da cidade. Com o tempo apareceu mais uma dificuldade, descarregar as uvas neste lugar, começou então a transferência da sede para um terreno aos arredores do município, criando-se assim uma nova empresa que recebeu o nome de Dreher S/A Vinhos e Champanhe. O conhaque tornou-se então o produto mais vendido da empresa, que era elaborado por técnicos vindos da Argentina, ao mesmo tempo a qualidade do vinho na região crescia vertiginosamente tendo um reconhecimento do público consumidor, refletido nas vendas. Qualquer evento na região tinha como participante a Dreher, que também possuía um ótimo papel social, reconhecido por todos.
A Cantina servia de referência de Bento Gonçalves no centro do país, artistas, políticos e grandes empresários do eixo Rio, São Paulo não se despediam de suas visitas à Bento Gonçalves sem antes visitarem a Cantina Dreher. Mesmo com todo o sucesso da empresa, a família decidiu vendê-la, a notícia caiu como uma bomba na cidade. Alguns herdeiros alegam que efetivaram a venda porque o Governo na época tinha muita simpatia pelo capital estrangeiro e não resistiram a pressão. O que muita gente acha ainda nos dias de hoje, é que se a Empresa Dreher tivesse sobrevivido, o município de Bento Gonçalves teria um crescimento bem mais acelerado.
(Fonte: www.vinhosevinhos.com)