Luís Bonfá, compositor e violonista carioca, um dos pais da bossa nova

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Bonfá: na origem da bossa nova

Luís Bonfá (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1922 —- Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2001), compositor e violonista carioca, um dos pais da bossa nova. No final dos anos 50, compôs parte da trilha sonora do filme Orfeu do Carnaval, Palma de Ouro no Festival de Cannes e Oscar de melhor fime estrangeiro em 1959. As composições de Bonfá foram interpretadas por Frank Sinatra, Stan Getz e Sarah Vaughan.

Luiz Bonfá, foi autor da música Manhã de Carnaval, uma das dez mais tocadas do mundo, segundo o livro Guiness, de recordes.

Manhã de Carnaval foi o maior, mas não o único sucesso de Bonfá. Ele aprendeu a tocar sozinho. Aos 12 anos, começou a estudar violão clássico e, ainda adolescente, foi um dos vencedores de um concurso para jovens instrumentistas da Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, tocando uma peça do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852-1909).

Aos 24 anos, foi para a Rádio Nacional, levado pelo também violonista Garoto. Em plena década de 40, a emissora era a melhor vitrine para um músico e ele soube aproveitar a oportunidade. Nos anos 50, suas músicas começaram a ser gravadas por Dick Farney, tornando-se um dos autores mais importantes da fase pré-bossa nova e um dos músicos que deu dimensão real ao gênero.

Dick Farney o apresentou a Tom Jobim e Vinícius de Morais, e Luiz Bonfá tocou o violão na encenação da antológica peça teatral Orfeu da Conceição, marco inicial da parceria Tom-Vinícius. Quando o cineasta francês Marcel Camus fez a adaptação da peça para o cinema (com o título de Orfeu Negro), Bonfá assinou algumas das músicas da trilha sonora.

Para o filme, compôs Manhã de Carnaval (com letra de Antônio Maria) e Samba de Orfeu. Orfeu Negro ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1959 e a Palma de Ouro, em Cannes. Trabalhou em Orfeu Negro o atleta olímpico, violonista e ator Adhemar Ferreira da Silva, que fazia o papel da morte, no filme. A gravação original de Manhã de Carnaval, pelo cantor Agostinho dos Santos, tornou-se imediatamente um grande sucesso e ajudou a chamar a atenção do público americano para a então nascente bossa nova.

A música teve centenas de gravações, de Frank Sinatra e Joan Baez, estas nos anos 60, e do guitarrista do Police, Andy Summers, fã declarado do compositor e instrumentista, já nos anos 80. Plácido Domingos e Pavaroti também cantaram a melodia melancólica, muito usada em trilhas sonoras e que só perde para Garota de Ipanema em termos de execuções mundiais.

Nos anos 60, Luiz Bonfá morou nos Estados Unidos, mas sua carreira se desenvolvia paralelamente lá e cá. Fez trilhas sonoras para outros filmes – inclusive o fundamental Os Cafajestes, de Ruy Guerra – e participou das duas primeiras versões do Festival Internacional da Canção (FIC), em 1966 e 1967. Tocou com Frank Sinatra, Quincy Jones, George Benson e Stan Getz, chegando a participar de mais de 500 discos.

Em 1975, voltou ao Brasil, mas não parou de trabalhar. Seus dois últimos discos foram lançados nos anos 90, no Brasil e nos Estados Unidos. O penúltimo, em 1991, teve o título de The Bonfá Magic, e o último, Almost in the Love, lançado em 1997, foi dividido com a cantora Ithamara Koorax. Nos últimos anos, pouco aparecia em público e havia uma disputa entre seus herdeiros e as gravadoras pelos direitos sobre seus discos.

Na novela O Rei do Gado, da TV Globo, de 1997, uma de suas parcerias com Jobim, Correnteza, foi um dos temas principais interpretada por Djavan.

Bonfá morreu no dia 12 de janeiro de 2001, de câncer na próstata, agravado por metástase óssea e uma isquemia, aos 78 anos, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 17 de janeiro de 2001 – ANO 34 – N º 2 – Edição 1683 – DATAS – Pág; 98)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica – 20010112p4815 – CULTURA – MÚSICA – AGENCIA ESTADO – 12 Janeiro 2001)

 

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