Líder comunista
O COMUNISTA PERSISTENTE
Amazonas: quase setenta anos de convicção inabalável
João Amazonas de Souza Pedroso (Belém, 1° de janeiro de 1912 – São Paulo, 27 de maio de 2002), foi o mais antigo dirigente comunista do País, líder do Partido Comunista do Brasil, PC do B – o “maior partido de esquerda e o único coerente”, como se proclama.
O jornalista João Amazonas nasceu em Belém do Pará em 1º de janeiro de 1912. Era ligado às ideias comunistas há 67 anos, quando ingressou no PCB.
Foi deputado constituinte pelo Rio de Janeiro em 1946 e dirigente estadual do Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além de ter sido membro do Comitê Central e do secretariado do Partidão e atuado nas áreas sindicais, de organização e propaganda.
Em 1962, foi um dos dirigentes que fundaram o PC do B, dissidência do PCB, tornando-se seu presidente. Um dos idealizadores da Guerrilha do Araguaia, instaurada entre 1968 e 1972, Amazonas não chegou a participar do comando militar da operação e esteve exilado de 1976 a 1979.
Nada foi suficiente para que o paraense mudasse qualquer uma de suas convicções ideológicas desde 1935, quando iniciou sua militância comunista. Nem a dissolução de seu partido durante o Estado Novo nem a revisão do papel revolucionário de Josef Stalin feita pelos comunistas soviéticos nos anos 50 nem o fracasso da experiência guerrilheira no Araguaia, a queda do Muro de Berlim, a dissolução dos regimes totalitários do Leste Europeu.
Seu rumo político foi sempre o mesmo. Presidente por quatro décadas do Partido Comunista do Brasil, o PC do B. Foram décadas movimentadas. Preso várias vezes no Estado Novo, elegeu-se deputado constituinte com o fim da ditadura de Getúlio Vargas, para ser cassado três anos depois. Depois do grande racha comunista em 1956, tornou-se um dos criadores do PC do B, dissidência do chamado Partidão. De volta à clandestinidade na ditadura militar instalada em 1964, tentou liderar uma ação revolucionária a partir do interior do Pará, num movimento dizimado pelas forças do governo. Até a anistia de 1979, abrigou-se na Albânia.
Em 2001, o líder pediu afastamento de suas funções no PC do B, por não ter mais condições físicas, sendo substituído por Renato Rabelo.
Vinha enfrentando nos últimos anos dores decorrentes da osteoporose, além de problemas de visão e audição.
O Partido Comunista do Brasil perdeu uma parte de sua história com a morte do presidente de honra, João Amazonas de Souza Pedroso. O mais antigo dirigente comunista do País tinha 90 anos e foi vítima de complicações pulmonares.
João Amazonas morreu no dia 27 de maio de 2002, aos 90 anos, vítima de pneumonia, em São Paulo, e foi saudado por companheiros e adversários como um homem obstinado. Sua morte deixou um PC do B inexpressivo e desorientado diante dos quadros políticos do Brasil e do mundo. Havia instruções de Amazonas para que fosse cremado e tivesse suas cinzas dispersas na região do Araguaia.
(Fonte: Veja, 17 de abril, 1985 ANO 28 N° 18 Edição 867 DATAS/INTERNACIONAL – Pág; 40/41)
(Fonte: Veja, 5 de junho, 2002 ANO 35 N° 22 Edição 1754 DATAS/LUPA – Pág; 133)
(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/148/aconteceu – Edição 148 – ACONTECEU – TRIBUTO / por Dirceu Alves Jr. – 03/06/2002)
Amazonas, João
(1912-2002): Nome completo João Amazonas de Souza Pedroso. Aderiu à Aliança Nacional Libertadora (ANL) em 1935, em seguida ingressou na Juventude Comunista e logo após no Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 1943 foi eleito membro do Comitê Central do PCB passando a compor a Comissão Executiva e o Secretariado, ficando responsável pelo trabalho sindical e de massas. Foi um dos principais organizadores do Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT), em 1945. Neste mesmo ano foi eleito deputado federal constituinte. Em 1943 vai à União Soviética para fazer um curso de marxismo-leninismo na Escola Superior do Comitê Central do PCUS.
Ficou contra as mudanças ocorridas no PCB após o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética e a divulgação do Relatório Khruchtchev, razão pela qual, em 1957, foi destituido da Comissão Executiva e do Secretariado do Comitê Central do PCB, e no final de 1961 foi expulso do partido junto com outros militantes. Os expulsos resolveram então a reoganizar o Partido Comunista do Brasil rompendo com a linha reformista imposta pelo PCUS, para tanto realizaram a V Conferência (extraordinária) do Partido Comunista do Brasil, que adotou a sigla PC do B. Nela aprovou-se um manifesto-programa no qual se reafirmaram as teses revolucionárias e os princípios marxista-leninistas.
A partir de 1962 passou a defender o estreitamento dos laços políticos entre os comunistas brasileiros e o Partido Comunista da China, dirigido por Mao Tsetung e com o Partido do Trabalho da Albânia, dirigido por Enver Hoxha. Em 1976 apoiou o rompimento do PC do B com o Partido Comunista Chinês e o alinhamento com o Partido do Trabalho da Albânia. Entre 1968 e 1972 participou ativamente da organização da guerrilha do Araguaia, o principal movimento de contestação armada à ditadura militar no Brasil. Na década de 80 foi um dos poucos que se colocou contra a política adotada por Gorbachev, denunciando-a como uma via de retorno da URSS ao capitalismo de mercado. O que propunham os líderes soviético não era renovar o socialismo, depurando-o de seus erros e deformações, e sim de destruí-lo.
(Fonte: www.marxists.org – Dicionário Político)