UMA DAS MAIORES TENISTAS DA HISTÓRIA
Serena Williams escreveu seu nome na história do tênis. Venceu nada menos do que 23 Grand Slams –sendo que, no último deles, o Australian Open de 2017, havia, pouco tempo antes, descoberto sua primeira gravidez. É justamente daí que parte a série documental “Retrato de Serena” (ou “Being Serena”, no original em inglês) que a HBO lançou e está disponível nas plataformas on demand do canal.
Mas o mais incrível da série não é mostrar a Serena campeã, que o mundo já conhece e admira. Mas retratar o que foi, muito provavelmente, seu momento de maior fragilidade ao longo da carreira vitoriosa: a gravidez e todas as dificuldades que isso provocou em sua saúde e em sua vida de atleta.
Ninguém chega a ser número 1 do mundo sem comprometimento, muito sacrifício e ambição. Serena é movida a desafios. Quanto maior, melhor. Ela superou a infância pobre em Compton, na Califórnia, as improbabilidades do sucesso no esporte, o racismo e as vaias em campeonatos como o de Indian Wells. E além de uma das maiores estrelas do esporte, tornou-se uma das mulheres mais admiradas do mundo.
Serena é exemplo da força feminina e faz questão de despertar isso em outras mulheres. Na série, fala sobre o amor e a relação próxima com a irmã Venus, que tantas vezes enfrentou nas quadras, mas que fora delas é sua amiga e confidente. Além disso, a tenista explica a escolha do nome de sua filha: Alexis Olympia Ohanian Jr., em homenagem ao marido, que também se chama Alexis. “Por que uma menina não pode ser Júnior, em homenagem a seu pai?”, questiona. “E Olympia, que é como vamos chamá-la, significa força. E queremos que ela seja forte mais do que qualquer outra coisa.”
No quarto da pequena, brilha no alto de uma prateleira o troféu do Australian Open que Serena venceu já grávida. Porque o que ela sempre repete é: quer que a filha tenha orgulho da mãe, de sua coragem, de sua determinação e de suas vitórias. E é isso que mostra “Retrato de Serena”.
Ao revelar as dificuldades de saúde que a tenista enfrentou após a gravidez, sua luta para retomar a forma física e o sofrimento imenso para conciliar as escolhas da maternidade com a necessidade de ser uma atleta de alto rendimento, a série expõe os enfrentamentos de todas as mulheres que, ainda hoje, lutam para atingir as expectativas como mães e profissionais de sucesso. A pressão, as dúvidas, a solidão. E Serena, ao se deixar ver frágil, nos fortalece a todas e nos mostra que não estamos sozinhas.
Veja, abaixo, nove frases da tenista que mostram que as heroínas da vida real também sofrem. E que está tudo bem.
A importância de ter medo
“Não há como fugir do medo. O medo de não voltar tão forte quanto eu era, o medo de que eu não possa ser ambos: a melhor mãe e a melhor tenista do mundo. Minha única opção é viver e descobrir.”
“O medo sempre foi valioso a minha vida. Sem medo, sem dúvida, sem desconforto no que estamos fazendo, o que há para superar? As pessoas me perguntam se já tive medo em uma quadra de tênis. Eu rio. Claro que já tive medo. O medo de falhar está sempre lá, de um jeito ou de outro.”
Superar sempre!
“Queria que ela [Olympia] visse o troféu do Australian Open porque deveria saber que tê-la no meu corpo não me impediu de ter sucesso, de vencer. Acho que é importante termos memórias de onde viemos. É o que nós somos.”
“Travei muitas batalhas na minha vida, lutando contras as possibilidades. Eu acredito que tenho força para fazer o que quiser, o que estiver na minha cabeça.”
Maternidade e carreira
“O sofrimento foi importante, porque foi outra forma de eu ganhar força. Perder e ganhar, ter de lutar por todos os jogos, pontos. Isso me fez forte. Ganhei quase metade dos meus Grand Slams desde essa época e tudo depois dos meus 30 anos. Então, esse é o padrão de retorno que estou estabelecendo para mim. Agora, só porque tenho 36 anos e um bebê devo baixar minhas expectativas? Isso não é algo que eu esteja acostumada a fazer.”
“Vendo minha mãe e tantas outras mães, eu espero que possa entender quão forte elas têm que ser com frequência. Eu, como mãe, é um novo tipo de força ao qual tenho que me acostumar.”
“Eu sou tenista praticamente a minha vida toda e mãe agora por oito meses. Honestamente, eu não deveria ter que escolher uma das duas identidades. E acho que estou aprendendo que, em quase todos os aspectos, eu não tenho. Amamentar é uma coisa incrivelmente pessoal. A conexão que me deu com Olympia é uma das coisas mais mágicas que eu já experimentei. Mas a verdade é que sinto falta do meu corpo e de poder fazer outros tipos de coisas incríveis. Sinto falta de jogar tênis. Principalmente, sinto falta de vencer. E quero fazer isso de novo.”
Ninguém solta a mão de ninguém
“Estou muito orgulhosa de estar aqui, de poder jogar em Abu Dhabi. Era estritamente para enviar a mensagem de que as mulheres podem ser fortes, podem fazer o que quiserem, podem sonhar grande.”
“Quando parei de jogar tênis eu era a número 1. Agora estou em 500 no ranking mundial. Seria melhor se houvesse uma proteção do ranking. Não estou dizendo que mereço voltar como a número 1, mas a pessoa que engravida e precisa de um tempo é tratada da mesma forma que uma pessoa que, por exemplo, toma drogas e precisa de um tempo. Acho que deveria haver algum tipo de diferença aí. Isso é maior do que eu, isso é pelo futuro das mulheres que querem ter um bebê, querem ter uma vida e ainda querem jogar tênis profissionalmente.”
(Fonte: https://extraordinarias.blogosfera.uol.com.br/2019/04/13/9- EXTRAORDINÁRIAS / 9 frases de Serena Williams que mostram que as heroínas também têm medo / Por Débora Miranda – 13/04/2019)