Primeiro jogador do Internacional convocado diretamente para a Seleção

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Antes de entregar-se ao futebol profissional, em 1939, quando fez sua estréia no Internacional, o rapaz nascido na Cidade Baixa, em Porto Alegre, foi súdito do Carnaval e talentoso participante do futebol varzeano. Ele e seu irmão Ademar se divertiram muito no bloco “Os tesouras”, fundado com a participação de seu padrasto, Fausto. Daí, o apelido célebre, ainda não.
Osmar Fortes Barcellos, o filho de Bonifácio e Ernestina, nascido em 3 de outubro de 1921, percorreu muito chão antes de encantar as multidões nos estádios. Além de ter sido personagem indispensável do futebol varzeano e amador, o menino Tesourinha tornou-se, aos 14 anos de idade, aprendiz de armeiro na Brigada Militar.
Para valer mesmo, o futebol somente entrou em sua vida no dia 23 de outubro de 1939, quando, com 18 anos incompletos, apareceu pela primeira vez no time titular do Internacional, num jogo contra o Cruzeiro, na Montanha, substituindo Carlitos, que se lesionara. Era a primeira demonstração de sua versatilidade no ataque. Começou na ponta-esquerda, se consagrou na direita, mas ao longo da carreira só não atuou como centroavante.
(…) O negro Tesourinha, talento genuíno do futebol praticado em Porto Alegre, foi se adonando das manchetes com a camisa do Internacional, da Seleção Gaúcha e da Seleção Brasileira. Foi o primeiro jogador do Inter convocado diretamente para a Seleção. Foi considerado o melhor jogador da América Latina e do Brasil, em 1948. Jogou no Vasco da Gama, foi campeão brasileiro vestindo a camiseta da Seleção Carioca. E, quase no final da carreira, mais precisamente em março de 1952, vestiu pela primeira vez a camisa do Grêmio, contratado pelo presidente Saturnino Vanzelotti. Até nesse episódio Tesourinha fez história: pela primeira vez na existência do Grêmio, um negro integrava o time principal, derrubado, em definitivo, sólida barreira de preconceito. Ficou dois anos no Grêmio, de onde saiu em novembro de 1954, aos 33 anos de idade. Ainda faria um contrato com o Nacional, onde encerrou sua carreira em 1957. Para que mais?
Tesourinha, que passou 10 anos de sua vida jogando no Internacional, notabilizou-se como um dos maiores ponteiros da história do futebol brasileiro, lado a lado com Garrincha (…)

(Fonte: Zero Hora – Ano 43 – N° 14.982 – Esportes – Bola Dividida – Por Mário Marcos de Souza – Pág; 61)

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