O primeiro wikiclube do futebol mundial

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Futebol participativo

Time inglês é administrado pelos próprios torcedores. E isso não dá nada certo. A Wikipedia, o Linux, o YouTube… as maiores inovações da era digital são projetos colaborativos, guiados pelo princípio da sabedoria das massas: milhares (ou milhões) de pes-soas opinam e contribuem para o resultado final. Se isso dá tão certo, que tal adotar no futebol? Foi o que fez o Ebbsfleet United, um time de Kent (60 quilômetros de Londres) que se tornou o primeiro wikiclube do futebol mundial. Os torcedores assumiram o controle do time, que sustentam pagando uma anuidade de R$ 110, e decidem tudo votando pela internet: compra de jogadores, escalação, etc. Seis meses depois, o time foi campeão da FA Trophy (um mata-mata nacional para equipes semiprofissionais) e subiu para a 5a divisão inglesa.

O Ebbsfleet virou notícia, e foi celebrado como um símbolo de democracia no futebol. Mas aí a coisa desandou. A empolgação acabou, e dos 32 mil sócios sobraram apenas 9 mil. O rendimento da equipe despencou – foram 19 vitórias, 12 empates e 15 derrotas na temporada 2008/2009. Os torcedores abriram mão de escalar a equipe, tarefa que será desempenhada por um técnico. Isso se o Ebbsfleet sobreviver. Depois que a verba para os salários foi cortada pela metade, todo o plantel debandou. O inglês Will Brooks, que teve a ideia de transformar o Ebbsfleet em time colaborativo, arrisca uma explicação para o fracasso: a gestão colaborativa só dá certo se houver hierarquia e algum tipo de liderança, com a palavra final para tomar decisões e evitar que os colaboradores do projeto fiquem se digladiando pelo poder – coisa que a Wikipedia, o Linux e o YouTube têm, mas o Ebbsfleet não. Afinal, torcida não ganha jogo.

(Fonte: http://www.super.abril.com.br – SUPER NOVAS/ Por Dennis Barbosa – Edição 267 – Julho 2009 – Pág; 36)

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