Paulo Gracindo, um dos últimos representantes da geração de intérpretes surgida nas novelas de rádio

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Paulo Gracindo (Alagoas, 16 de junho de 1911 – Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1995), ator e um dos últimos representantes da geração de intérpretes surgida nas novelas de rádio, nos anos 40. Nascido Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo, era filho de Demócrito Gracindo, senador por Alagoas no início do século XX. Para fugir às surras de bengala que seu pai costumava aplicar-lhe a título de educação e correção de rumo – ele jamais concordou com a inclinação do filho para o teatro -, Gracindo foi morar no Rio de Janeiro. Só depois da morte de Demócrito ele enveredou pela carreira artística, na qual construiu um currículo enciclopédico que incluiu de quadros humorísticos ingênuos a um filme cabeça com Glauber Rocha, mas principalmente os personagens de novelas que o tornaram conhecido e querido por milhões de brasileiros. Da convivência com os políticos que transitavam pela casa de seu pai o ator tirou inspiração para compor seu personagem mais famoso, o prefeito picareta Odorico Paraguaçu, de O Bem-Amado, cuja maior realização era a construção de um cemitério que não conseguia inaugurar por falta de defuntos. A novela escrita por Dias Gomes, d e1973, chegou a atingir 70 pontos no Ibope, marca nunca antes alcançada na faixa de horário da 22 da noite. O sucesso foi tão grande que em 1980 seu personagem, morto na novela, foi ressucitado para dar origem a um seriado.

Depois de trocar o nome de batismo (“Me chamavam de Pelota, Pelopes, Petrópolis, minha empregada me chamava de Envelope”) pelo nome artístico que o consagraria, o ator foi protagonista do maior sucesso da história das novelas de rádio, o dramalhão O Direito de Nascer. Ele interpretava o papel de Albertinho Limonta, o jovem honesto e bem-intencionado, filho de mãe solteira, que era entregue em segredo para ser criado pela empregada, Mamãe Dolores. Ainda no rádio, e mais tarde na televisão, Gracindo fez o Primo Rico, que tripudiava o Primo Pobre, vivido por Brandão Filho, um quadro humorístico que divertiu duas gerações de brasileiros. O ator também interpretou personagens marcantes nas novelas Bandeira 2. Os Ossos do Barão, O Casarão, Gabriela e Roque Santeiro e participou de filmes que fizeram época, como Terra em Transe, de Glauber Rocha. Acometido do mal de Alzheimer, suas últimas aparições na Televisão foram na minissérie Agosto e no especial O Besouro e a Rosa, ambos em 1993. Paulo Gracindo faleceu no dia 4 de setembro de 1995, aos 84 anos, de câncer na prostáta, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 13 de setembro, 1995 – Edição n° 1409 – ANO 28 – N.° 37 – DATAS – Pág; 100)

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