Satélite da Nasa registra pela primeira vez o momento em que estrela é ‘devorada’ por buraco negro supermassivo
Descoberta inédita de astrônomos identifica as chamadas ‘perturbações de maré’, ou TDE. O fenômeno é resultado dos efeitos gravitacionais de quando as forças de um buraco negro dominam a gravidade de um corpo celeste e o despedaçam.
A agência espacial norte-americana (Nasa) observou pela primeira vez o momento em que uma estrela é “engolida” por um buraco negro supermassivo. No estudo publicado em 25 de setembro pela revista “The Astrophysical Journal”, cientistas defendem que descoberta é um marco para entender mais sobre este fenômeno.
Segundo os astrônomos, o que o satélite capturou foi a destruição de uma estrela por meio de efeitos gravitacionais – as chamadas “perturbações de maré”, ou da sigla em inglês TDE. O fenômeno ocorre quando as forças do buraco negro supermassivo dominam a gravidade do corpo celeste e o despedaçam.
De acordo com a pesquisa, a interação que recebeu o nome de “ASASSN-19bt” emitiu uma luz que pôde ser identificada pelo telescópio espacial do satélite TESS, um “caçador de planetas” – lançado para identificar formações ainda desconhecidas.
A descoberta em 5 fatos
- O satélite TESS é um “caçador de planetas“, mas também registrou este fenômeno
- Observação original foi feita em 29 de janeiro de 2019
- Este buraco negro tem 6 milhões de vezes a massa do Sol
- Dados ajudarão a entender mais sobre as “perturbações da maré“
- Cientistas conseguirão saber de que era formada a estrela pela sua radiação
Os cientistas explicam que, em uma destruição como esta, parte do material da estrela que é “engolido” pelo buraco negro emite um disco de gás quente e brilhante. Os especialistas estimam que este buraco negro tem a massa de mais de 6 milhões de sóis.
Fenômeno é paradigma
“Apenas alguns TDE foram descobertos antes de atingirem o pico de brilho, e ele foi encontrado apenas alguns dias depois que começou a clarear”, celebrou, em nota, o astrônomo Thomas Holoien, um dos autores do estudo.
O pesquisador destacou que, por estar dentro da zona de visualização contínua do satélite TESS, o fenômeno pôde ser acompanhado com atualizações quase em tempo real, a cada 30 minutos.
Além disso, explicou que há dados dos últimos meses que podem identificar toda a trajetória do fenômeno, e não só o momento de luz. Isso nunca foi feito antes e torna a perturbação ASASSN-19bt um paradigma nas pesquisas sobre TDE.
As perturbações de maré são raras e, segundo a Nasa, este fenômeno foi observado apenas 40 vezes na história, mas nenhuma vez foi acompanhado desde o princípio como agora.
Composição da estrela
O cientista norte-americano comentou que observava o céu do Chile, na noite da descoberta, com um equipamento de espectrometria. Com os resultados captados pelo dispositivo, ele conseguirá identificar quais são os materiais que formavam a estrela destroçada.
Equipamentos utilizados pelo astrônomo separam os espectros da luz de um objeto ou evento celeste. Com isso, há o registro dos comprimentos de onda emitidos pela estrela.
Parecido com um código de barras, o desenho da radiação eletromagnética traz informações sobre o material e a velocidade em que a estrela se deslocavam. Ele é formado quase como um arco-íris, que decompõe a luz do sol por meio de um prisma.
O que é um buraco negro?
Os buracos negros são uma enorme quantidade de massa concentrada em um espaço muito reduzido. Seu campo gravitacional é tão forte que ele atrai para si tudo o que se aproxima dele, inclusive a luz.
Como surgem os buracos negros?
Além da colisão entre dois buracos pré-existentes, outra forma de produzir um buraco negro é quando uma estrela muito massiva (tem grande massa) deixa de emitir luz no final da sua vida. O centro dessa estrela entra em colapso e ocorre a chamada explosão supernova. Isso pode produzir um buraco negro “estelar”.
De acordo com a Nasa, a maioria dos buracos negros é desse tipo, ou seja, uma espécie de “objeto em colapso congelado”. Os detalhes de por que isso acontece ainda são um mistério para os cientistas.
Qual é o tamanho de um buraco negro?
Ainda há muito o que se descobrir sobre os buracos negros, mas sabemos que eles podem ter tamanhos diversos. Os buracos negros estelares, que podem ter tamanho dezenas de vezes maiores do que o nosso Sol, costumam ser menores que os supermassivos.
Um buraco negro supermassivo, por exemplo, pode ser milhões de vezes maior que o Sol. Ao mesmo tempo, essa massa gigantesca é muito compacta, e pode ocupar, por exemplo, um espaço consideravelmente menor do que o de um planeta pequeno do Sistema Solar.
(Fonte: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/09/26 – CIÊNCIA E SAÚDE / NOTÍCIA / Por G1 – 26/09/2019)