Alfredo Stroessner, ex-ditador do Paraguai exilado em Brasília
Alfredo Stroessner (Encarnación, 3 de novembro de 1912 – Brasília, 16 de agosto de 2006), ex-ditador paraguaio, que governou o país por 35 anos (1954-1989). Ele vivia no Brasil desde que foi deposto, em 1989. Nos anos 70 e 80, Stroessner foi responsável pelo desaparecimento de opositores políticos.
Ex-combatente na Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai (1932), Stroessner alcançou a patente de general-de-divisão do Exército em 1954, aos 42 anos, e liderou em seguida o golpe que destituiu o então presidente Federico Chávez (1882-1978). Por meio de processos eleitorais questionáveis, foi reeleito presidente do Paraguai por oito vezes sucessivas. Com exceção de Fidel Castro, de Cuba, comandou a mais longa ditadura da América Latina. Presidente que se orgulhava de trabalhar madrugada adentro e de nunca ter tirado férias, Stroessner manteve um governo de estreitas relações com os Estados Unidos, que declinou na administração Ronald Regan, e de tolerância com ex-nazistas.
Stroessner foi derrubado em 1989, após 34 anos de ditadura, e desde então permaneceu exilado no Brasil. Estava sendo processado por crimes contra a humanidade e foi responsável pelo desaparecimento de ao menos 120 paraguaios durante o período ditatorial.
Exilado no Brasil desde 1989, quando foi derrubado por um golpe militar, o general Stroessner tornou-se uma farpa nas relações Brasil-Paraguai. Embora tivesse vivido os últimos 17 anos de forma discreta em Brasília, com o cuidado de abster-se de qualquer envolvimento direto na vida política paraguaia e, mesmo, de conceder entrevistas à imprensa, Stroessner tornou-se alvo de vários pedidos de extradição emitidos por Assunção. Pesam contra ele denúncias de crimes políticos e contra os direitos humanos. O governo brasileiro não acatou nenhum deles.
Em fevereiro de 2006, o ex-ditador tentou retornar a seu país para presenciar o funeral de sua mulher, Elígia Mora. Mas foi inibido pelos pedidos de prisão preventiva emitidos pela Justiça paraguaia contra ele e seu filho, o coronel da Aeronáutica, Gustavo Stroessner Mora, também exilado no Brasil.
O ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner faleceu aos 93 anos, de parada cardíaca, em Brasília. Ele estava internado em estado grave desde o dia 29 de julho, com hérnia inguinal. O governo paraguaio não lhe concedeu honras de Estado.
(Fonte: www1.folha.uol.com.br/folha/mundo – MUNDO – 16/08/2006)
(Fonte: Veja, 23 de agosto de 2006 – ANO 39 – Nº 33 – Edição 1970 – DATAS – Pág; 86)
(Fonte: http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral – INTERNACIONAL – NOTÍCIAS – GERAL / Por Agencia Estado, 16 Agosto 2006)
Alfredo Stroessner (1912-2006), ditador e militar paraguaio, que comandou o governo de Assunção por quase 35 anos, até ser deposto.
Alvo de pedidos de extradição e de denúncias de crimes políticos e contra os direitos humanos, Stroessner se exilou no Brasil em 1989.
Governo
Stroessner alcançou a patente de general-de-divisão do Exército em 1954, aos 42 anos, e liderou em seguida o golpe que destituiu o então presidente Federico Chávez. Por meio de processos eleitorais viciados, foi reeleito presidente do Paraguai por oito vezes sucessivas, tornando-se o segundo governante que exerceu o poder por mais tempo na América Latina, atrás do cubano Fidel Castro.
Manteve estreitas relações com os EUA e foi acusado de abrigar ex-nazistas, enriquecer por meio de corrupção e tolerar atividades de contrabando durante a ditadura paraguaia.
Em 2019, a descoberta de três crânios e outros restos humanos enterrados no banheiro de uma mansão do general Stroessner chocou o Paraguai, onde as autoridades investigam se correspondem a corpos dos mais de 400 desaparecidos da mais longa ditadura da América do Sul.
Em 2006, morreu aos 93 anos em Brasília, após se submeter a uma cirurgia para tratar uma hérnia e ter o quadro clínico piorado por conta de uma pneumonia.
Justiça brasileira autoriza exumação de ex-ditador paraguaio
O pedido foi feito por Enrique Alfredo Fleitas, que alega ser filho do paraguaio, e contou com apoio da única herdeira viva do ditador
A Justiça brasileira autorizou a exumação do cadáver do ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1912-2006) para a realização de um exame de DNA. O objetivo da medida é realizar um “teste de paternidade” nos restos mortais do militar paraguaio, que comandou o governo de Assunção por quase 35 anos, até ser deposto. Em 2019, Stroessner foi homenageado pelo presidente Jair Bolsonaro, que elogiou presidentes militares na posse do novo diretor da Itaipu Binacional.
O pedido de exumação foi feito por Enrique Alfredo Fleitas, que alega ser filho do paraguaio, e contou com o aval de Graciela Concepción Stroessner Mora. Única herdeira viva do ditador, Graciela concordou com a exumação do cadáver do pai.
Por determinação da Justiça, o cemitério Campo da Esperança deverá informar a localização do túmulo às autoridades e apresentar informações sobre o andamento dos trabalhos. A análise ficará a cargo do Instituto de Pesquisa de DNA da Polícia Civil do DF.
(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/mundo – NOTÍCIAS / MUNDO / Por Rafael Moraes Moura / Brasília – 21 JUL 2020)
Morre no Brasil ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner
O ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989) morreu nesta quarta-feira aos 93 anos no hospital Santa Luzia de Brasília.
Stroessner, exilado no Brasil desde 1989, estava internado em “estado grave” e havia perdido cinco quilos desde o dia 29 de julho, passando a pesar 45 quilos.
A morte foi conseqüência de complicações pós-cirúrgicas (Stroessner foi operado de uma hérnia inguinal), entre elas uma pneumonia, e o paciente morreu devido a um choque séptico de origem pulmonar, informou o médico Marcelo Maia, diretor da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do hospital Santa Luzia.
O médico acrescentou que os problemas sépticos provocaram uma disfunção generalizada dos órgãos e, por fim, uma parada cardíaca.
Maia e Sergio Tamura, diretor clínico do mesmo centro médico, romperam nesta terça-feira o silêncio imposto pela família de Stroessner e deram as primeiras informações oficiais sobre seu estado.
Os médicos, que atendiam diretamente o general, disseram que o paciente estava respirando com a ajuda de aparelhos e encontrava-se sedado desde o dia 29 de julho, quando deu entrada no hospital para ser operado por uma hérnia inguinal, embora depois seu estado tenha se complicado devido a uma pneumonia que, desde então, o mantinha na UTI.
Sem honras
O advogado Martín Almada, defensor dos direitos humanos e vítima do regime militar de Alfredo Stroessner, afirmou nesta terça-feira não concordar em render honras de chefe de Estado ao ex-ditador em caso de morte. A posição de Almada é a mesma assumida pelo governo paraguaio.
Em Washington, a ministra de Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachid, afirmou ontem à rádio Primeiro de Março que “o senhor Stroessner não morrerá em exercício, não é um chefe de Estado e está sendo perseguido pela Justiça”.
A chanceler afirmou ter recebido indicações do presidente Nicanor Duarte Frutos de não programar homenagens ao ex-ditador, que foi derrocado em 1989, após 34 anos de ditadura e desde então foi exilado no Brasil.
Almada considera óbvio que a família do ex-ditador queira repatriar seu corpo, mas segundo disse à agência de notícias Ansa “isso não corresponde em absoluto que se renda honras militares como chefe de Estado”.
O advogado recordou que Stroessner estava sendo processado por crimes contra a humanidade durante a operação Condor –coordenação entre os serviços de inteligência das ditaduras da América Latina nos anos 70 e 80 para perseguir opositores– na Argentina, Chile, Espanha, França, Itália e Paraguai, sendo que o general foi responsável pelo desaparecimento de ao menos 120 paraguaios durante o período ditatorial.
“É impensável render algum tipo de homenagem a quem violou os direitos humanos”, ressaltou Almada.
(Fonte: www1.folha.uol.com.br/folha/mundo 16/08/2006 – MUNDO / da Folha Online – 16/08/2016)