Nilcea Freire, ex-ministra e líder feminista
Médica e professora, ela foi reitora da UERJ e implantou o sistema de cotas
Nilcea foi ministra durante o governo Lula (de 2004 a 2011) e tornou-se uma liderança na área de políticas públicas para mulheres.
Foi responsável pela realização da I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que teve como um dos resultados o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
Nilcea teve uma longa trajetória de ativismo social e feminismo. Ela foi, por exemplo, a primeira mulher reitora de uma universidade pública no estado do Rio de Janeiro. Ex-militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), foi ameaçada por órgãos de repressão durante a ditadura militar brasileira e viveu exilada no México entre 1975 e 1977.
Ao voltar ao Brasil, participou de movimentos pela redemocratização e começou a atuar como professora do Departamento de Patologia e Laboratório da UERJ e, em paralelo à carreira acadêmica, representava os professores em diversos conselhos.
Durante sua gestão na reitoria (2000-2004), foi votado e implantado na UERJ, de forma pioneira, o sistema de cotas para estudantes egressos de escolas públicas e negros. O projeto foi intensamente debatido nos anos seguintes e acabou adotado em outras dezenas de universidades públicas.
Na área de políticas públicas para mulheres, Nilcéa atuou em questões como a flexibilização das leis relativas ao aborto, a generalização do serviço disque-denúncia mulher e das delegacias e varas especiais das mulheres para a efetiva aplicação da Lei Maria da Penha.
Com a posse de Lula na presidência da República em janeiro de 2003, foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), com status de ministério, incorporando o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), até então subordinado ao Ministério da Justiça.
Em 2004, Nilcéia assumiu a chefia dessa secretaria, e foi responsável pela realização da 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que teve como um dos resultados o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
Cotas
Em 1999, Nilcéa venceu as eleições da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora de uma universidade pública no estado.
Durante sua gestão, que foi até dezembro de 2003, Nilcéa implantou o projeto pioneiro de cotas para estudantes de escolas públicas e afrodescendentes na universidade. Em 2012, a política de cotas foi estendida para todas as universidades e institutos de educação federais do país.
Exílio no México
Nilcea Freire faleceu em 28 de dezembro de 2019, aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Ela tinha câncer e recebia assistência médica em casa