Rex Stout, autor de 46 romances policiais e criador do detetive Nero Wolfe, seus livros chegaram a vender milhões de exemplares

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Stout: personagens inesquecíveis

Stout celebrizou-se por criar o detetive Nero Wolfe e seu auxiliar Archie Goodwin (Foto: Wikiwand/Reprodução)

Stout celebrizou-se por criar o detetive Nero Wolfe e seu auxiliar Archie Goodwin (Foto: Wikiwand/Reprodução)

 

Stout: gastronomia, orquídeas e assassinos

Rex Todhunter Stout (Noblesville, Indiana, 1° de dezembro de 1896 – Connecticut, 27 de outubro de 1975), escritor americano, autor de 46 romances policiais e criador do corpulento detetive Nero Wolfe, de inteligência rápida, que soluciona crimes sem sair de casa, apreciador de orquídeas, pratos exóticos e adorar beber cerveja.

Rex Stout era parente de Benjamin Franklin, militante da independência americana que inventou o pára-raios, e do escritor Daniel Defoe, o autor de Robinson Crusoé. Garoto prodígio, o seu QI era 185. Aos 3 anos, já havia lido a Bíblia três vezes. Foi contador, viajante, soldado nos Balcãs e marinheiro do iate presidencial.

Rex Todhunter Stout, de família quacre, depois de uns anos na Marinha e na contabilidade – era um original desde o início -, tentou, em 1927, escrevendo em Paris, claro, o romance 3 por 4, ou seja, o romance serião. Mandou três para as rotativas, recebeu cinco críticas favoráveis. Em 1934, teve a feliz ideia de dedicar sua vida ao crime. Publica “Fer-de-Lance”, o primeiro romance de Nero Wolfe. Tem início aí um dos mais honrados crimes em séries do século XX.

É possível que Stout estivesse, de mansinho, tentando fazer com que o gênero seguisse um caminho diferente. Afinal de contas, Dashiell Hammett (1894-1961), ídolo confesso de Stout, ao lado de Conan Doyle (1859-1930), já publicara, em 1929, “Seara Vermelha”“A Maldição Dain”; em 1930, o “Falcão Maltês”; em 1931, “A Chave de Vidro”“O Homem Magro”, de Hammett, é do mesmo ano do homem gordo de Rex Stout.

Autor de 73 romances policiais, o americano celebrizou-se por criar o detetive Nero Wolfe e seu auxiliar Archie Goodwin, uma dupla quase tão clássica quanto Sherlock  Holmes e Watson. De sua vasta poltrona, incapaz de cruzar as pernas de tanto peso, às coltas com livros e a rotina invariável de cuidar das plantas entre 9 e 11 da manhã e 4 e 6 da tarde, Nero Wolfe despacha com Archie Goodwin, que sabe da cidade e seus macetes, conhece as gentes, domina estenodatilografia, bom dançarino, sucesso entre as mulheres, dono de estilo claro e elegante.

Em A Caixa Vermelha, uma jovem de Nova York morre ao comer um bombom envenenado que aparentemente estava destinado a outra vítima, o magnata da moda Boyd McNair. Wolfe, como em todos os livros da série, não sai de casa para resolver o mistério. É Archie quem coleta as evidências para que o detetive exerça sua capacidade de dedução.

Ao encontrar o escritor alemão Thomas Mann (1875-1955), o autor de A Montanha Mágica, manifestou seu total desinteresse pela literatura alemã. A filha de Thomas Mann, na tentativa de consolar o pai, lembrou que ele era metade brasileiro.

Stout também não gostava de televisão. A última tentativa que se fez de levar os seus personagens para a tela é desesperadora, com William Conrad (o Canon do seriado de TV) no papel de Nero Wolfe. O único ator que poderia dar-lhe a sua devida dimensão falstaffiana é Orson Welles, com um daqueles narizes postiços que ele insistia em usar.

Cinco anos depois de ter lançado seu primeiro romance “How Like a God”, de 1929, Stout deu início, com a história “Picada Mortal” à série Wolfe.

Muito alegre e calmo, Stout tinha temperamento exatamente oposto ao de sua criação – enquanto Wolfe era tirânico e indolente, o escritor, extremamente cordial, adorava exercícios.

Sua última aventura fora publicada em outubro de 1975, em Nova York, com total sucesso de crítica. Traduzidos para 22 idiomas, seus livros chegaram a vender 45 milhões de exemplares.

Nos últimos anos de vida, Rex Stout concedeu uma entrevista ao jornal Herald Tribune na qual falava de sua falta de entusiasmo para continuar a escrever.

Como todos os grandes detetives, Nero Wolfe também tem seu continuador. Assim como o filho de Conan Doyle prosseguiu escrevendo as aventuras de Sherlock  Holmes depois da morte do pai e Robert B. Parker (1932-2010) retomou o Phillip Marlowe de Chandler, Nero Wolfe sobrevive através de Robert Goldsburough, editor do Chicago Tribune e vencedor do oitavo Prêmio Nero, instituído pela congregação dos fãs “Wolfe Pack”.

Em Cozinheiros Demais, escrito por Stout em 1938, no momento em que o romance tem início, Nero Wolfe está desconfortavelmente instalado na cabine de um trem enquanto manifesta a sua apreensão observando que uma locomotiva possui 2 309 partes móveis e nove em cada dez pessoas se sentem melhor no lugar de origem do que no lugar de destinação.

Mas, como acontece em todos os 73 romances e histórias protagonizadas por Nero Wolfe, a trama policial não tem a menor relevância. Dessa maneira, Nero Wolfe sempre tem 56 anos de idade e Archie Goodwin, 34.

O primeiro romance da série foi lançado em 1934, quando Rex Stout já tinha 48 anos de idade. Antes de se dedicar à literatura policial, ele escrevera quatro romances de modesto resultado comercial e chegara à conclusão de que, apesar de não ter talento para se tornar um grande escritor, era um bom contador de histórias.

Dessa maneira, até sua morte, em outubro de 1975, continuaria a publicar uma média de duas novas histórias de Nero Wolfe por ano. Cada aventura levava 35 dias para ser escrita. A fórmula era sempre a mesma, baseada no contraste entre a sarcástica sabedoria de rua do narrador Archie Goodwin e o alienado enciclopedismo de seu patrão, Nero Wolfe, num efeito cômico que só encontrava paralelo na relação entre a dupla Sherlock  Holmes e John Watson.

Nero Wolfe foi concebido em Nova Jersey, nos Estados Unidos, e se mudou com a família para Montenegro, na Iugoslávia, na época em que  Sherlock Holmes e seu irmão teriam estado por lá, e que entre ambos existem várias coincidências, como a importância de seus endereços e o eterno conflito com figuras malignas como o professor Moriarty e, no caso de Nero Wolfe, Arnold Zeck.

Rex Stout morreu em 27 de outubro de 1975, aos 88 anos, em Connecticut.

(Fonte: Veja, 5 de novembro de 1975 – Edição 374 -– DATAS – Pág; 85)

(Fonte: Veja, 19 de junho de 1991 – ANO 24 – Nº 26 – Edição 1188 – LIVROS/ Por Diogo Mainardi – Pág: 92/93)

(Fonte: Veja, 8 de maio de 1996 – ANO 29 – Nº 19 – Edição 1443 – LIVROS/ Por IVAN LESSA – Ser Canalha, de Rex Stout – Pág: 141)

(Fonte: Veja, 1º de setembro de 2004 – ANO 37 – N° 35 – Edição 1869 – Veja recomenda – Pág: 140/141)

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