Alejandro Sabella, treinador foi campeão da Libertadores em 2009, pelo Estudiantes, e levou seleção argentina à sua última final de Copa

0
Powered by Rock Convert

Ex-técnico vice-campeão do mundo pela Argentina

 

Técnico argentino Alejandro Sabella reage durante o jogo contra a Holanda na Copa do Mundo de 2014 no Itaquerão. (Imagem: AFP PHOTO / PEDRO UGARTE)

 

Como jogador, ele atuou pelo Grêmio entre os anos de 1985 e 1986

 

Alejandro Javier Sabella (Buenos Aires, em 1954 – Buenos Aires, 8 de dezembro de 2020), ex-técnico da Argentina, arquiteto do melhor resultado da Argentina em Copas nas últimas três décadas. Ele foi vice-campeão pela Argentina na Copa do Mundo de 2014 e ganhou a Libertadores de 2009 no comando do Estudiantes.

 

Alejandro nasceu em Buenos Aires, em 1954, e chegou a cursar Direito, mas deixou a faculdade para se dedicar ao futebol e fez uma carreira de sucesso no River Plate, onde começou, em 1974. Era meio-campista ambidestro e passou também pelo Sheffield United e Leeds United, na Inglaterra, Estudiantes, Grêmio, Ferro Carril e encerrou a carreira de atleta no Irapuato, do México.

Sabella jogou no Tricolor gaúcho entre 1985 e 1986 e foi duas vezes campeão gaúcho. Fez 60 jogos com a camisa da equipe brasileira e marcou cinco gols.

 

A vida no futebol seguiu como assistente técnico do ex-companheiro de River Plate, Daniel Passarella. Juntos, ambos trabalharam no próprio Millonario, nas seleções argentina e uruguaia, Parma, Monterrey e o Corinthians, em 2005.

Mas Sabella se destacou mesmo como o técnico principal. E só teve dois trabalhos na carreira de treinador: o Estudiantes, entre 2009 e 2011, e a Argentina, entre 2011 e 2014. No clube, conquistou seus únicos títulos: a Libertadores de 2009, após ganhar a final em cima do Cruzeiro, e o Apertura de 2010.

Pela equipe de La Plata, Sabella quase foi campeão do Mundial de Clubes, em 2009. O Estudiantes vencia o Barcelona de Guardiola e Messi por 1 a 0 até os 44 minutos do segundo tempo, mas sofreu o empate e depois levou a virada na segunda etapa da prorrogação.

Alejandro Sabella foi o responsável por levar a geração de Messi e companhia ao seu maior êxito na seleção argentina. Em 2014, a Albiceleste perdeu no Maracanã a final da Copa do Mundo para a Alemanha por 1 a 0, na prorrogação.

Depois do Mundial, o treinador nunca mais voltou a trabalhar. Embora tenha recebido vários convites em 2014, Sabella viu sua saúde piorar a partir de 2015 e não conseguiu retornar ao trabalho no futebol.

Alejandro Sabella, na final entre Alemanha e Argentina, em 2014, no Maracanã — (Foto: Getty Images)

Ele foi o treinador da azul e branca na Copa de 2014, realizada no Brasil e que terminou com a seleção em segundo lugar depois de perder para a Alemanha na prorrogação. Se Diego Maradona treinou a Argentina com toda sua típica explosão em 2010, Sabella, seu sucessor, apostou na diplomacia e nos estudos para se destacar na profissão.

 

Melhor aluno de suas turmas no colégio, estudou advocacia por dois anos na Universidade de Buenos Aires, a mais concorrida da capital.

 

Sabella atribuía a calma ao exemplo que teve na família. Sua mãe, Nelly, era professora, e seu pai, Jorge Luis, um estudioso do futebol que lhe incentivou desde a infância. Era observador e obsessivo, como o pai. Enquanto a mãe de Alejandro se trocava nos vestiários do clube no domingo à noite, o pai acendia os faróis de seu jipe para iluminar o gol onde brincava. Brincadeira no clube, seriedade na escola. Sabella não abandonou os livros nem quando jogava profissionalmente pelo River Plate – embora o coração, quando criança, fosse do Boca Juniors.

 

“Gosto de ensinar e de passar as ideias que aprendi. Me alegra mais que o dinheiro”, costumava dizer. Por isso, não se importou em ficar à sombra de Daniel Passarella durante os anos como técnico do River Plate e no ciclo do ex-zagueiro na seleção, de 1994 a 1998.

 

Naquele Mundial, Passarella era onipresente, mas Sabella era quem raciocinava, como quando reorganizou a seleção, que estava prestes a ser eliminada pela Inglaterra em uma decisão só vencida nas cobranças de pênaltis.

 

O Estudiantes de La Plata – seu ex-clube como jogador, meia elegante também de River e Grêmio, entre outros – foi o único que dirigiu. Logo na primeira competição, ganhou a Libertadores da América de 2009 derrotando o Cruzeiro em pleno Mineirão. No Mundial de Clubes, esteve a dois minutos de bater o Barcelona de Messi. Seguiu na equipe até 2011, quando assumiu a seleção argentina no lugar de Sérgio Batista.

 

Na infância, seu apelido era “Cabeção”, pela inteligência. Adulto, virou o “Pachorra”, o “soneca”, pela tranquilidade. Depois da Copa de 2014, afastou-se do trabalho para recuperar-se de um problema no coração.

 

No Corinthians com Tevez

 

Sabella passou pelo Corinthians, em 2005, quando assumiu boa parte das responsabilidades do chefe Daniel Passarella. A dupla argentina foi demitida na esteira de uma goleada por 5 a 1 para o São Paulo. Passarella não deixou nenhuma saudade no Parque São Jorge, mas o “Alê”, como era conhecido dentro do elenco corintiano, ganhou muitos amigos e admiradores.

 

Curiosamente, um dos poucos que não se mostravam fãs de Sabella era ninguém menos que um dos principais valores argentinos de sua geração, Carlos Tevez. E a recíproca era verdadeira: o então auxiliar de Passarella tinha paciência de monge budista com Betão e Gustavo Nery, mas torcia o nariz para o Apache, um atleta que considerava superestimado e cuja conduta extracampo o desagradava.

 

Sujeito educado, discreto e tranquilo, Sabella jamais se esqueceu das dores de cabeça com o complicado Carlitos na concentração corintiana – e, na hora de montar seu grupo na seleção, isso ficou mais do que claro. Mesmo vivendo ótima fase no futebol europeu, Tevez ganhou poucas oportunidades e seria esquecido na lista dos convocados para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

 

Esquecimento

 

Sabella, que lamentou o “sabor amargo” do vice mas se disse orgulhoso da campanha argentina, passaria os anos seguintes bem longe da bola, aparecendo muito mais magro e aparentando chocante fragilidade numa imagem divulgada no terceiro aniversário da final do Maracanã.

 

Seus parentes nunca entenderam o pouco caso dos ex-jogadores. Conduzidos à final pelo afável Sabella, os vice-campeões mundiais jamais entraram em contato com a família ou foram visitar o ex-técnico em La Plata.

Alejandro Sabella faleceu em 8 de dezembro de 2020, em Buenos Aires. Ele tinha 66 anos.

Sabella sofria de uma doença cardíaca grave desde 2015. Após a morte de Diego Maradona, a saúde do ex-treinador piorou com a notícia, e ele foi internado no último dia 26 de novembro. O técnico sofreu uma infecção hospitalar e não resistiu.

Em 2018, enquanto tratava de sua cardiopatia, o ex-treinador também descobriu um câncer na laringe. Após curar a doença, Sabella deu uma entrevista ao jornal “Clarín” e resumiu o que foi sua vida.

– O dia a dia é muito exigente. Quando eu estava lutando para ver se seguia por aqui, com vocês, ou ia para o lado de lá, lembrei do que dizia aos meus alunos e aos meus jogadores: ‘Vocês não podem dar menos do que 100%’. E se eu pedia isso a eles, eu tinha que lutar para me manter com vida.

E lutou, até o final.

(Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/tales-torraga/2020/12/08 – ESPORTE / por Tales Torraga / Colunista do UOL – 08/12/2020)

(Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia – FUTEBOL / FUTEBOL INTERNACIONAL / Por Redação do ge — Buenos Aires – 08/12/2020)

Powered by Rock Convert
Share.