George Blake, lendário espião britânico que trabalhou como agente duplo para a União Soviética, ficou famoso na Guerra Fria ao entregar à KGB o nome de centenas de agentes ocidentais

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George Blake: quem foi um dos mais famosos agentes duplos da Guerra Fria

 

George Blake em 2001: espião britânico colaborou com a KGB. (Foto: Imagem: Yury Martyanov/Kommersant Photo/AFP/Getty Images)

 

 

Blake entregou informações que levaram à descoberta de pelo menos 40 agentes do MI6 na Europa Oriental.

 

Lendário agente duplo

 

Blake em 1953, após retornar da Coreia; ele foi saudado como herói — (Foto: Getty Images via BBC)

 

Ex-espião ficou famoso na Guerra Fria ao entregar à KGB o nome de centenas de agentes ocidentais. Ele vivia na Rússia desde a fuga de uma prisão britânica.

 

O notório espião foi descoberto e condenado no Reino Unido em 1961, realizou uma fuga lendária e viajou para Moscou, onde foi aclamado como herói

 

George Blake (Roterdã, na Holanda, em 11 de novembro de 1922 – Rússia, 26 de dezembro de 2020), célebre agente duplo na Guerra Fria, ex-oficial do MI6, o serviço secreto do Reino Unido, e um dos mais famosos agentes duplos da Guerra Fria.

 

Filho de um judeu sefardita de nacionalidade britânica nascido em Constantinopla e de uma holandesa protestante, Blake recebeu o nome de George Behar. Durante a ocupação nazista da Holanda, colaborou com a resistência e atuou como mensageiro durante dois anos, antes de emigrar para o Reino Unido. Lá, mudou seu sobrenome para Blake, uniu-se à Marinha Real e treinou para trabalhar em submarinos. Falava holandês, alemão, inglês, árabe e hebraico, e foi recrutado pelo serviço de inteligência britânico MI6 no final da Segunda Guerra Mundial.

 

Depois da guerra, estudou russo em Cambridge. Em 1948, sob cobertura diplomática, foi enviado a Seul com a missão de montar uma rede de espionagem contra as forças comunistas, a China e o extremo leste soviético. Em 1950, quando começou a Guerra da Coreia, foi capturado, juntamente com vários diplomatas britânicos, pelas forças comunistas norte-coreanas. Ficou detido durante três anos. Durante seu cativeiro, foi submetido a torturas e doutrinação comunista. Alguns analistas refletiram depois sobre se foi uma lavagem cerebral que o levou a se tornar um agente duplo. Embora Blake sempre tenha dito que o que o levou a abraçar o comunismo foi a ação militar dos EUA na Coreia.

 

O ex-espião britânico e agente duplo que espionava o Reino Unido para a KGB soviética nos anos 1950, foi ex-membro da resistência da Holanda durante a Segunda Guerra Mundial e agente do MI6, o serviço de inteligência externo britânico, durante a Guerra Fria. George Blake ofereceu os seus serviços aos soviéticos nos anos 1950, depois de testemunhar os bombardeios americanos contra os civis durante a Guerra da Coreia.

 

Ao longo de nove anos, o espião soviético entregou informações que levaram à descoberta de pelo menos 40 agentes do MI6 na Europa Oriental.

Como agente do serviço de inteligência britânico MI6, Blake denunciou centenas de agentes ocidentais para a soviética KGB na década de 1950. Seu caso se tornou um dos mais notórios durante a Guerra Fria.

 

Ele apresentou os nomes de centenas de agentes à KGB, alguns deles executados pela inteligência russa, e revelou a existência de um túnel secreto em Berlim Oriental, usado para espionar os soviéticos.

 

Lendário espião britânico que trabalhou como agente duplo para a União Soviética, Blake nasceu em Rotterdam, na Holanda, em 1922, juntou-se à resistência holandesa na Segunda Guerra Mundial antes de fugir para o Reino Unido em janeiro de 1943. Depois de servir na Marinha britânica, ele ingressou no MI6 em 1944.

 

Depois de servir três anos em Hamburgo, ele foi enviado à Coreia para coletar informações sobre a comunista Coreia do Norte, a China comunista e o Extremo Oriente soviético. Ele foi capturado e preso em 1950, quando soldados norte-coreanos capturaram Seul durante a Guerra da Coreia.

 

Ele retornou ao Reino Unido em 1953 após sua libertação e foi enviado para Berlim Oriental dois anos depois. Blake coletou informações sobre espiões soviéticos, mas também passou segredos para Moscou sobre as operações britânicas e americanas.

 

 

O agente duplo George Blake em fotos da prisão britânica de Wormwood Scrubs, onde passou cinco anos até fugir, em 1966, e ir para Moscou. MIRRORPIX

O agente duplo George Blake em fotos da prisão britânica de Wormwood Scrubs, onde passou cinco anos até fugir, em 1966, e ir para Moscou. (Crédito: MIRRORPIX)

 

 

Denunciado na década de 60

 

Ele foi preso em Londres em 1960 e condenado a 42 anos de prisão, mas escapou em 1966 e fugiu para a Rússia, onde viveu até sua morte.

Blake foi denunciado como agente duplo em 1961 e condenado a 42 anos de prisão. Ele escapou da prisão cinco anos depois usando uma escada feita de cordas e com a ajuda de três companheiros de cela, fugindo para a União Soviética, onde viveria pelo resto da vida.

 

Blake, que atendia pelo nome russo de Georgy Ivanovich, foi premiado com o posto de coronel pelo serviço de inteligência russo, do qual recebia uma aposentadoria. O presidente russo, Vladimir Putin, ele próprio ex-agente da KGB, concedeu-lhe uma medalha em 2007.

 

O Serviço de Inteligência Estrangeiro russo disse que Blake “tinha um amor genuíno por nosso país”.

Blake nasceu George Behar em 11 de novembro de 1922 na cidade holandesa de Roterdã.

Seu pai era um judeu espanhol que lutou do lado do Exército do Reino Unido durante a 1ª Guerra Mundial e adquiriu a cidadania britânica.

O próprio Blake trabalhou para a resistência holandesa durante a 2ª Guerra Mundial, antes de fugir para Gibraltar, território controlado pelos britânicos no sul da Espanha. Mais tarde, devido à sua formação, foi convidado a ingressar no serviço de inteligência.
Em 1948, disfarçado de vice-cônsul, ele foi enviado para a Coreia do Sul. Sua missão era reunir inteligência sobre a Coreia do Norte comunista, a China comunista e o Extremo Oriente soviético.
Mas quando a Guerra da Coreia (1950-1953) eclodiu e o Reino Unido entrou no conflito a favor do sul, ele e outros diplomatas britânicos foram presos.
Depois de ver o bombardeio da Coreia do Norte e ler as obras de Karl Marx durante seus três anos de detenção, ele se tornou comunista e decidiu trabalhar para a KGB.
Em uma entrevista, Blake foi questionado: “Há um incidente que desencadeou sua decisão de efetivamente mudar de lado?”:
“Foi o bombardeio implacável de pequenas aldeias coreanas por enormes Fortalezas Voadoras (tipo de avião bombardeiro) americanas. Mulheres, crianças e idosos, porque os jovens estavam no Exército. Nós mesmos poderíamos ter sido vítimas. Isso me fez sentir vergonha de pertencer a esses opressores, países tecnicamente superiores lutando contra o que me pareciam pessoas indefesas. Senti que estava do lado errado… que seria melhor para a humanidade se o sistema comunista prevalecesse, que isso poria fim à guerra”, respondeu ele.

Após sua libertação em 1953, Blake voltou ao Reino Unido saudado como herói. Em outubro do ano seguinte, ele se casou com a secretária do MI6, Gillian Allan.

Em 1955, foi enviado pelo governo britânico para trabalhar em Berlim, na Alemanha, onde sua tarefa era recrutar oficiais soviéticos como agentes duplos.
Mas também informou seus contatos da KGB sobre os detalhes das operações britânicas e americanas, incluindo a Operação Gold, na qual um túnel para Berlim Oriental era usado para grampear linhas telefônicas usadas pelos militares soviéticos. A captura russa do túnel só ocorreu um ano depois, como forma de proteger Blake.

Ele foi descoberto quando um oficial do serviço secreto polonês, Michael Goleniewski, desertou para o Ocidente, trazendo sua amante e detalhes de um agente secreto soviético na inteligência britânica.

Blake foi chamado de volta a Londres e preso. Em um julgamento subsequente, ele confessou ser culpado pelas cinco acusações de passar informações à União Soviética.
Em uma entrevista à BBC em 1990, Blake estimou ter traído mais de 500 agentes ocidentais, mas negou acusações de que 42 deles haviam perdido a vida como resultado de suas ações.

Já na URSS, o notável agente foi condecorado com a Ordem Lenin e recebeu uma moradia e uma casa de campo. Divorciou-se de sua primeira esposa, que ainda vive, casou-se novamente e teve outro filho. Assumiu a identidade de Georgi Ivanovich e começou a dar aulas para outros agentes. Na URSS, era visto frequentemente com outros conhecidos agentes duplos britânicos. Principalmente com Kim Philby ―o espião que recebeu ordem de Stálin para matar Franco― e Donald MacLean, membros do chamado “grupo dos cinco de Cambridge”. Também com Lona e Morris Cohen, o casal de espiões americanos que revelou o programa nuclear de Washington conhecido como Projeto Manhattan.

Conhecendo as vidas e façanhas de todos eles, o escritor John Le Carré comentou que a autobiografia de Blake, No Other Choice (“sem outra escolha”), foi o melhor livro de espionagem que leu. “De todos os agentes duplos que trabalharam para a KGB, sem dúvida o mais interessante e o grande traidor foi Blake”, comentou o escritor em uma entrevista ao EL PAÍS em 2009.

George Blake faleceu aos 98 anos, em 26 de dezembro de 2020 na Rússia, onde vivia desde a fuga de uma prisão britânica.
“O lendário oficial da inteligência George Blake faleceu hoje. Ele amava sinceramente nosso país e admirava as conquistas de nossa população durante a Segunda Guerra Mundial”, declarou o porta-voz da Agência de Inteligência Russa (SVR), Serguei Ivanov, à agência pública de notícias TASS.

Putin expressou suas “profundas condolências” à família e aos amigos de Blake. “A memória dessa pessoa lendária será preservada para sempre em nossos corações”, escreveu o líder russo em uma mensagem de condolências no site do Kremlin.

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/26 – MUNDO / NOTÍCIA / Por BBC – 26/12/2020)

(Fonte: Deutsche Welle – NOTÍCIAS / MUNDO / por AFP – 26.12.2020)

(Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/12/26 – ÚLTIMAS NOTÍCIAS / INTERNACIONAL / por (AFP) – Moscou, 26 dez 2020)

(Fonte: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-12-26 – INTERNACIONAL / por MARÍA R. SAHUQUILLO / Moscou – 26 DEZ 2020)

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